Digitalização não significa desintermediação, afirmam participantes de painel sobre distribuição de seguros

“O corretor de seguros precisa entender que, apesar de ser fundamental no mercado de seguro, o papel de sua intermediação não permanecerá o mesmo. Ele precisa descobrir como agregar valor a essa intermediação num mundo cada vez digitalizado”, frisa Edson Franco.

“Os clientes hoje querem hiperconveniência. Assim como nós reclamamos quando um aplicativo de navegação demora dez segundos para responder, o cliente também quer o melhor serviço”, comparou Edson Franco. Em sua fala, ele lembrou que também é equivocado associar qualquer negociação de seguros on-line como pirata ou marginal. “A ilegalidade pode ocorrer no meio analógico ou virtual”, destacou o executivo.

Outro destaque do painel foi a participação de Robert Bittar, da Escola Nacional de Seguros, que citou uma série de pesquisas relacionando à era digital e o mercado de seguros, o tema central do Congresso. “A tecnologia tem sido cada vez mais utilizada pelo cliente em potencial para se informar, mas a taxa de fechamento de negócio ainda é muito baixa no Brasil por meio virtual. É provável que estes números aumentem a curto prazo, mas em relação a ramos menos complexos”, apontou Bittar. Ele acrescentou que, em países como Inglaterra e EUA, onde há uma política maior de seguros obrigatórios, há também mais fechamento de negócios por meio digital.

“Em geral, os países em que há um índice maior de concretização de contratações são aqueles que já tem um comércio de vendas à distância bem desenvolvido, o que não é caso do Brasil”, afirmou o diretor da Escola. “No entanto, esse quadro de comportamento tende a mudar com a nova geração. É algo irreversível nos ramos e produtos menos complexos do seguro. Por isso, o corretor deve investir em qualificação e aprimoramento para poder exercer bem o papel de consultor”, destacou Bittar.

A inovação no lançamento de produtos ou um maior cuidado com serviços que hoje são pouco utilizados é uma necessidade para não perder espaço num futuro bem próximo, alertou Marco Antonio Gonçalves , diretor Geral da Bradesco Seguros. “Por exemplo, o mercado de seguros deve ficar atento com o aumento da hiperconectividade nos carros, que deve aumentar bastante em pouco tempo. Não haverá mais tantos danos e acidentes com os veículos, mas por outro lado, o risco com os hackers não podem ser subestimados. Se a indústria de seguros não se antecipar e oferecer um produto para proteger o consumidor desta ameaça, a indústria automobilística o fará”, alertou Marco Antonio Gonçalves , diretor Geral da Bradesco Seguros.

O painel contou ainda com a participação de Marcelo Munerato de Almeida (presidente da Aon Brasil); Luciano Snel (presidente da Icatu Seguros) e Matias Avila (vice-presidente Comercial da SulAmérica); Edson Franco (presidente da FenaPrevi e CEO Brasil da Zurich Seguros).

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