Novos padrões para realizar com segurança o “lifting de bumbum brasileiro”

Um novo estudo anatômico destaca questões técnicas críticas para garantir um desempenho seguro do popular "lifting de bumbum brasileiro" - um procedimento que usa a própria gordura do paciente para aumentar e melhorar a aparência das nádegas.

O estudo foi publicado no Plastic and Reconstructive Surgery®, jornal da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).

“A nova pesquisa confirma que a lipoenxertia glútea é segura, somente se as injeções permanecerem no tecido subcutâneo. É preciso observar a necessidade de evitar qualquer injeção de gordura no próprio músculo glúteo, a fim de evitar complicações sérias”, afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.

Novas evidências sobre o enxerto de gordura glútea

“A lipoenxertia tornou-se uma técnica popular para o aumento de nádegas para pacientes que desejam uma aparência mais natural do bumbum, sem o uso de implantes. Neste procedimento, a gordura obtida pela lipoaspiração de uma parte do corpo (como o abdome) é processada e injetada para melhorar a área glútea’, explica o médico.

De acordo com estatísticas ASPS, mais de 24.000 aumentos de nádegas com procedimentos de lipoenxertia foram realizadas em 2018 - um aumento de 19% em relação ao ano anterior.

No entanto, há uma crescente preocupação com complicações sérias resultantes desse procedimento. Um artigo de 2015 relatou uma série de 22 mortes em pacientes submetidos à injeção de gordura glútea na Colômbia e no México. As mortes foram causadas por embolia pulmonar: trombos de gordura bloqueando as artérias nos pulmões.

Em 2018, a ASPS se uniu a outras sociedades especializadas em cirurgia plástica para emitir um alerta urgente sobre o número "alarmante" de mortes relacionadas ao aumento dos glúteos com o uso de gordura. Um aviso emitido a cirurgiões plásticos delineou etapas para garantir que a gordura seja injetada apenas sob a pele - nunca no músculo.

Para construir a base de evidências para essa recomendação, os autores realizaram um estudo com cadáveres para avaliar os padrões de disseminação de gordura na área glútea após a injeção. Quatro abordagens foram avaliadas, simulando técnicas de injeção que podem ser utilizadas por cirurgiões plásticos que realizam enxerto de gordura glútea.

Em três das quatro técnicas de injeção, a disseminação da gordura simulada foi principalmente limitada à área subcutânea, imediatamente abaixo da pele. Mesmo quando pequenas perfurações foram feitas na fáscia - a camada de tecido conjuntivo separando o músculo do espaço subcutâneo - houve pouca ou nenhuma disseminação da gordura simulada no próprio músculo.

Mesmo com múltiplas perfurações e altas pressões de injeção, a fáscia muscular impediu que a gordura simulada se cruzasse no músculo. Os pesquisadores discutem o processo de "migração subcutânea" que impede que a gordura injetada se espalhe para dentro ou sob o músculo glúteo, se injetada na "zona segura" subcutânea.

Os achados foram diferentes no quarto cenário, onde múltiplas punções foram feitas no músculo glúteo. Nessa situação, grandes quantidades de gordura foram encontradas sob o músculo - demonstrando que a "migração intramuscular profunda" havia ocorrido. Uma vez que a gordura migre para o espaço submuscular, o dano às veias nessa área pode permitir que as células adiposas entrem na circulação, com um risco potencial de embolia pulmonar.

“O estudo fornece uma importante evidência de apoio a recomendações anteriores para garantir a segurança do ‘lifting de bumbum brasileiro’. Os achados persuasivos são profundos o suficiente para propor um novo padrão de tratamento: nenhuma injeção subfascial ou intramuscular deve ser realizada, e todas as injeções devem ser feitas exclusivamente no tecido subcutâneo”, explica Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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