Crise econômica é associada à cardiomortalidade no Brasil, aponta estudo
Esta é a primeira vez que uma pesquisa associa a crise econômica aos impactos de saúde da população brasileira
Um estudo publicado em novembro no periódico inglês The Lancet Global Health* demonstra que a crise econômica impactou diretamente na saúde do brasileiro, especialmente na área cardiovascular. O trabalho, uma análise longitudinal de 5.565 municípios, entre 2012 e 2017, aponta que durante esse período a taxa média de mortalidade municipal adulta bruta aumentou 8,0%.
A pesquisa mostra que entre essas mortes houve uma associação do desemprego com um aumento considerável de óbitos em decorrência de doenças cardiovasculares e cânceres, sendo os mais afetados homens negros ou pardos.
De acordo com o diretor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Dr. Claudio Tinoco Mesquita, o estresse associado a dificuldades financeiras leva a ativação aguda e crônica do sistema nervoso simpático e sobrecarga cardiovascular. “Reconhecemos hoje facilmente casos de infarto e síndrome de cardiopatia adrenérgica em indivíduos que perdem os seus empregos”, explica.
Segundo o diretor científico da Socerj, a deterioração econômica progressiva provoca um estado insidioso de aumento de fatores pró-aterosclerótico e inflamatórios, que contribuem para maior número de infartos do miocárdio, acidentes cérebro-vasculares, entre outras complicações cardíacas.
Esta é a primeira vez que um estudo associa a crise econômica aos impactos de saúde da população brasileira. Na literatura científica internacional já havia resultados que mostravam as consequências para a saúde dos indivíduos que vivem em um país que passa por recessão, sobretudo nos Estados Unidos, em 2008, e Europa, no mesmo período.
Investimento em saúde
Um achado importante observado no estudo como fator de proteção foi a assistência de saúde dos municípios. Naqueles em que havia investimentos maiores em saúde e assistência social, não foram observados aumentos significativos na mortalidade relacionada à recessão.
*Disponível em: http://bit.ly/2riMZJa
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