Forte cultura da empresa é decisiva no engajamento dos funcionários em momentos de crise: três exemplos na tecnologia que estão dando certo

A cultura organizacional é importante nos negócios e é justamente nos momentos de instabilidade - como o vivenciado no enfrentamento à Covid-19 - que ela revela-se uma importante aliada na manutenção dos objetivos e retomada da empresa durante e no pós-crise. Mais que a personalidade da companhia, uma cultura forte e bem estruturada garante a sequência do alinhamento e influência para que os funcionários permaneçam focados, motivados e engajados mesmo à distância. Nas empresas de tecnologia, em constante evolução, os desafios são ainda maiores dado o crescimento acelerado e a necessidade de rápida maturação, mas, que, quando superados revelam resultados surpreendentes.

É o que aponta Daiane Andognini, especialista em gestão de pessoas e CEO da consultoria Hug, focada em cultura e gestão de pessoas em empresas de tecnologia. Segundo ela, em tempos em que o home office virou tendência na maioria das empresas que não paralisaram suas atividades, uma cultura clara consegue perpetuar os seus rituais mesmo quando o time não está reunido no mesmo espaço.

“É assim que muitas startups tem resolvido seus desafios de comunicação, engajamento e produtividade da equipe. Por exemplo, as reuniões semanais para updates com o time e as reuniões diárias das áreas continuam acontecendo. Além disso, já vimos equipes fazendo happy hour e bate-papo depois do expediente de maneira remota, ou seja, cada um da sua casa. Essas características quando preservadas têm refletido em uma manutenção da produtividade, ou seja, o desafio de performance não é afetado pelo trabalho remoto, ao contrário, as equipes estão encontrando alternativas viáveis para continuar entregando muito valor ao negócio”, aponta.

“As companhias que tinham preconceito em relação a essa prática foram forçadas a se adaptar e, na maioria delas, estão se surpreendendo positivamente com a postura do time”, completa Daiane Andognini.

Algumas das saídas encontradas para superar os obstáculos do trabalho remoto estão centradas em manter os rituais de comunicação que já aconteciam no modo presencial e na comunicação do CEO para o time referente ao momento atual da empresa e em como enfrentar os desafios da crise. Conheça três exemplos vindos do setor de tecnologia que estão dando certo e podem servir de inspiração:

Governança e maturidade para implementar mudanças rápidas

Desde que toda a equipe foi deslocada para home office, houve uma forte preocupação por parte da gestão da Supero Tecnologia em manter o time engajado e ter uma comunicação transparente, confiável e frequente. Foi instituído um Comitê de Crise, facilitando a tomada de decisões estratégicas para o momento. Semanalmente, o CEO da empresa, Sidnei Bunde, envia vídeos curtos para todo o time, e quase que diariamente conduz reuniões com as áreas. Há 17 anos no mercado, Sidnei destaca que ter uma governança clara e a maturidade da empresa têm feito diferença nesse momento. Desde 2019 a Supero começou uma virada lean, o que está colaborando para que os projetos dos clientes estejam funcionando dentro do esperado, inclusive mantendo a contratação de novos profissionais.

“Na crise a gente evolui. Primeiro, focamos no que émais importante: a segurança das pessoas, que já fazia parte da cultura da nossa empresa. Não somos uma startup começando e nem uma empresa tradicional, estamos no meio termo, o que nos dá agilidade e segurança para conduzir a situação da melhor maneira”, destaca o CEO.

Como parte da cultura, a Supero realiza regularmente eventos de capacitação, integração e descontração entre os colaboradores, e isso não mudou durante a quarentena. Até mesmo o happy hour com jogos foi mantido, porém, agora o encontro é virtual e os jogos são online.

Mantendo o pertencimento à distância

Preocupada em preservar a saúde física dos colaboradores, familiares e pessoas próximas, a Checklist Fácil opera em home office desde o dia 17 de março. “Buscando instruir e auxiliar os colaboradores neste momento, estamos produzindo continuamente materiais de comunicação interna com dicas e recomendações para tornar o home office o mais agradável possível”, comenta Natalia Gill, Analista de Endomarketing na Checklist. Dentre os assuntos abordados estão boas práticas de home office, dicas de como realizar boas reuniões remotas, sugestões de exercícios físicos e de cuidados com saúde mental, além de uma série de vídeos em que os colaboradores compartilham a rotina em casa e local de trabalho. A empresa também permitiu a retirada de materiais de expediente e escritório, desde computadores e monitores até cadeiras. Para Paulo Meller, Líder do Time de Solução, as ações de engajamento voltadas ao bem-estar das pessoas fazem toda a diferença: “muitos dos nossos colaboradores vivem longe de seus familiares, por isso, os Checklisters acabaram se tornando nossa segunda família e neste período em que estamos todos trabalhando em home office sentimos falta do convívio diário. Mas, mesmo que virtualmente, as interações não acabaram, elas se modificaram. Continuamos falando por chamadas de vídeo, comentando sobre o que fazemos enquanto estamos isolados em casa, como séries, filmes e realities que estamos assistindo ou até a comida. Acredito que a conexão só tende a crescer, e o sentimento de pertencimento ser cada vez maior”.

Preocupação com a saúde mental e física

A cultura organizacional começou a ser desenvolvida pela Involves desde o início da empresa. Agora, a scale-up especializada em gestão de trade marketing percebe o quanto isso faz a diferença mesmo com todo o time de mais de 250 pessoas fazendo home office. Uma pesquisa interna revelou que 97% dos involvidos, como se identificam os colaboradores da empresa, estão considerando a experiência de trabalhar em casa boa. "Acredito que o maior aprendizado é saber que a Involves trabalhou muito bem no alinhamento das equipes, ao ponto de que mesmo migrando de um time para outro nesses tempos de crise, não tenho tido nenhum problema relacionado a esta mudança. O time se mostrou muito preparado para lidar com o cenário e me incluir da maneira mais positiva e organizada possível", conta Vini Flausino, technical writer da Involves.

Logo nos primeiros dias de isolamento social, a Involves estabeleceu o home office, disponibilizou todos os equipamentos necessários para o trabalho, como cadeiras e computadores, e manteve canais de comunicação para acolher todos os involvidos. Além das reuniões para debater estratégias, os encontros online são feitos para atividades de ginástica laboral, yoga e para conversar sobre diversos temas. "Comunicação reforçada, transparência máxima, proximidade com o cliente e experiência das pessoas são os quatro pilares mais presentes para enfrentarmos a crise. O maior desafio está nas respostas rápidas que nossa gestão precisou e ainda precisa dar à crise. E é aí que a cultura faz a diferença. Além disso, a transparência máxima é fundamental para afastar os medos e ansiedade das pessoas sobre os impactos da crise no negócio da Involves. Ao abrir para o time o nosso grau de vulnerabilidade do negócio à crise, a resposta foi um engajamento ainda maior, que aumenta nossa resiliência para cruzar a tempestade" , completa André Krummenauer, CEO da Involves.