Luz, verde e ação! Projetos que aliam conforto e usabilidade ganham força no combate aos efeitos do isolamento social

Transformar o ambiente onde passamos hoje 24 horas por dia, devido ao período forçado de quarentena, em um espaço mais aconchegante, que nos reconecte com o mundo lá fora e nos estimule a exercer as atividades rotineiras, tornou-se palavra de ordem durante a pandemia do coronavírus, e tem impulsionado projetos de arquitetura e decoração nos últimos dois meses. Profissionais da construtech Archademy, primeira aceleradora de empresas do setor, relatam aumento significativo na procura por soluções que trazem mais “verde”, iluminação e cor, tanto para espaços de lazer, quanto de trabalho remoto.

Projetos de Renato Mendonça

“As nossas necessidades e atividades mudaram dentro de casa. Com a quarentena, o olhar das pessoas está mais voltado para questões conceituais, como conforto e usabilidade do lar, para o que a casa de fato representa para elas”, destaca o arquiteto Renato Mendonça, sediado na Archademy, e apresentador do programa “24h para redecorar”, transmitido no canal HGTV e, agora, também no Home&Health. “Esse é o mote pela busca de novos projetos de arquitetura no isolamento. Meu escritório não parou, só cresceu em volume de trabalho. Triplicamos o número de propostas entre os meses de abril e maio”, complementa.

O questionamento quanto à funcionalidade do lar, na visão do especialista, é uma mudança de postura que veio para ficar. “Preciso de uma casa com 6 suítes? Como vou fazer a manutenção de tantos ambientes? Os clientes também têm refletido mais sobre as áreas comuns e os espaços abertos, como as varandas, evitando de fechá-las para integrar à sala, priorizando mais plantas, cor e luz”, afirma.

A arquiteta Michelle Mariotto, da 2Me Arquitetura, concorda. “A relação com a casa mudou muito devido ao isolamento social e tenho percebido a demanda dos clientes por casas menores, mais fáceis de cuidar, que trazem mais conforto e praticidade, palavras-chaves que deverão nortear os trabalhos mesmo no pós-coronavírus”. O escritório fechou 3 novos projetos nesse período de quarentena e se reestruturou para atender os clientes de forma 100% online, por videoconferência e telefone. “Se a pandemia tivesse ocorrido dez anos atrás, de fato o mercado estaria parado. Mas hoje é possível manter os projetos ativos porque temos uma série de instrumentos tecnológicos para isso, simples de usar e de baixo custo”, pondera.

Projetos de Aiê Tombolato e Erique Moreira

A especialista gravou uma série de vídeos, com dicas de como fazer pequenas modificações no ambiente, melhorando iluminação e utilizando objetos de decoração estratégicos, e postou nas redes sociais do escritório. “Tivemos um engajamento ótimo e queremos manter essa rotina para expor melhor o nosso trabalho e ajudar os clientes a terem mais qualidade de vida nesse momento”, conta.

Grandes mudanças, pequenas reformas

Percebendo a mudança no perfil dos clientes, que passaram a demandar projetos de metragem menor, como a decoração de um ambiente específico que “incomoda”, a arquiteta Aiê Tombolato tirou do papel um plano de longa data e viu o número de pedidos crescer na quarentena. “É bem complicado hoje realizar grandes reformas, mas as pessoas têm sentido a necessidade de se reconectar com a casa. Então lancei o Projeto Core, para resolver o problema de layouts que não funcionam. O produto é focado em um cômodo de até 40 metros quadrados que precisa ser repaginado, e cuja mudança pode ser realizada pelo próprio cliente, com orientação remota, sem dificuldades”, explica.

As reuniões são feitas por videoconferência e o cliente pode apresentar o espaço remotamente. O escritório recebe a planta e as medidas necessárias também por meios eletrônicos e pode trabalhar em cima do briefing. “Entrego o projeto completo, com mood board e ficha de especificação. O cliente consegue visualizar os móveis, os objetos de decoração, as tonalidades e onde adquirir tudo online. Também passamos todas as instruções de como fazer as instalações necessárias, para que o projeto seja implementado sem problemas”, afirma a especialista. O processo todo, que geralmente levaria 3 meses, é concluído em cerca de 20 dias.

Jessica Martins, da Buriti Arquitetura, também reestruturou as operações para atender os clientes remotamente. “Na quarentena, as pessoas pararam de jogar as mudanças que sempre quiseram fazer para debaixo do tapete, e, como têm também mais tempo de repensar o ambiente, buscaram investir na reforma dos espaços que incomodam”, pondera. A arquiteta está lançando uma plataforma de atendimento 100% online. “Durante as videoconferências, conseguimos tornar o processo bem mais dinâmico, pois todas as mudanças podem ser realizadas em tempo real junto com o cliente”, destaca.

Home office como tendência

Com 15 projetos em andamento, dos quais 3 surgiram durante a quarentena, o premiado arquiteto Erique Moreira nem sentiu grandes mudanças nas operações de seu escritório, que há alguns anos tem no trabalho remoto seu principal alicerce. Com escritório em São Paulo e Mato Grosso do Sul, a equipe de dez profissionais está acostumada com o uso de tecnologias para comunicação. “Quando começou a pandemia, eu achei que haveria cancelamento de projetos, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, as pessoas estão com mais tempo para se planejar. Além disso, surgiram novas necessidades, como criar ambientes propícios para home office e integrar melhor as áreas comuns da casa. Sentir-se bem em casa ganhou ainda mais importância”, diz.

Renata Brasil, da Comprar e Decorar, também está acostumada ao atendimento remoto. Seus clientes, espalhados por todo o país, são pessoas que precisam vender ou alugar imóveis, e fazem uso de plataformas como o Airbnb. “Fazemos toda a decoração do imóvel, com foco na aceleração das negociações. O atendimento é geralmente por videoconferência e o cliente nos passa todas as informações necessárias. Devolvemos um projeto completo, com mood board, e sugestões de onde adquirir tais produtos e serviços de instalação. Tudo leva cerca de 20 dias, e os clientes conseguem vender ou alugar em menos de uma semana depois”, explica a arquiteta. Segundo a especialista, a demanda não desacelerou na quarentena, pelo contrário. “As pessoas estão investindo hoje para retomar com toda força no pós-quarentena. Conseguimos desenvolver os projetos também com mais calma e estratégia”, destaca.

Sobre a Archademy

A Archademy é a maior plataforma de negócios do mercado de Arquitetura e Design do país. Fundada em 2016, já acelerou a consolidação de mais de 1.000 escritórios, através de eventos, programas de mentoria, desafios Arch&Design e cursos on-line. Para 2020 tem a expectativa de ultrapassar a marca de 2.000 acelerados, com o lançamento de novas unidades e crescimento de sua plataforma on-line. Atualmente, os escritórios Archademy estão presentes em São Paulo, Florianópolis e Brasília.Dentro das unidades físicas da Archademy, os escritórios têm acesso a um ambiente de coworking de alto padrão, plataforma de especificação de materiais de construção e produtos do mercado de interiores com desconto. Além disso, a construtech investe na captação de clientes corporativos para serem disputados através de concorrência entre os escritórios que estão no programa de aceleração. A empresa também promove workshops, desafios e treinamentos por todos o país.