Obra investe em reciclagem e reduz a quase zero a destinação de resíduos para o aterro sanitário

A gestão dos resíduos da construção civil é tema recorrente nos debates técnicos e acadêmicos sobre sustentabilidade, por sua importância para a preservação do meio ambiente, mas também por sua complexidade. Os entulhos gerados pelas atividades construtivas ainda representam até 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos em Goiânia, segundo dados da prefeitura. Nacionalmente, conforme a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON), 66% desses rejeitos partem de atividades construtivas.

Na contramão da alta geração de resíduos, iniciativas de empresas goianas têm se destacado nos processos e práticas de sustentabilidade e responsabilidade ambiental. É o caso da Toctao Engenharia que por meio de parcerias, do desenvolvimento de pesquisas e o uso de novas tecnologias tem conseguido o reaproveitamento de quase 100% dos resíduos gerados. “A responsabilidade ambiental e a sustentabilidade na obra passam principalmente pela economia dos recursos, evitando-se ao máximo a geração de resíduos e dando a destinação adequadamente a rejeitos que são eventualmente gerados”, destaca Cinthia Martins, gestora ambiental do Grupo Toctao.

Resíduos inertes

Cinthia Martins reforça que o objetivo maior da política interna de sustentabilidade da empresa é não gerar resíduos e sobras, por isso a empresa adota várias práticas de redução da geração, reaproveitamento e destinação adequada desses rejeitos gerados por sua atividades construtivas, como é o caso dos resíduos inertes ou Classe A, que são restos de tijolo, areia, telha e outros que podem ser triturados. Para a reciclagem desse material, a Toctao Engenharia conta com a parceria da RNV Resíduos, empresa especializada na gestão de resíduos. Os entulhos das obras são levados a uma unidade operacional da RNV, localizada em Aparecida de Goiânia, onde são descarregados para uma etapa de triagem, separando-se tudo o que não deveria estar nas caçambas, como plásticos, madeiras, sacos de cimento, gesso, entre outros resíduos.

Depois esse material segue para a britagem, onde os entulhos são preparados para se transformarem em agregados. Depois de britados os resíduos passam por uma peneira classificadora e são transformados em vários tipos insumos para construção, explica o diretor Técnico da empresa, Nelson Siqueira Neto.

Segundo dados da RNV Resíduos, além de sustentáveis, os agregados reciclados são em média 30% mais baratos que os naturais. Nelson Siqueira acrescenta que os insumos oriundos da reciclagem pode ser tranquilamente usados como areia reciclada para argamassa de assentamento de alvenaria de vedação, contrapiso, fabricação de blocos sem fins estruturais, fabricação de artefatos de concreto, manilhas, calçadas, meio-fio e outros usos.

Gesso

Os restos de gesso gerados pelas obras da Toctao Engenharia também recebem uma destinação especial. O trabalho de reciclagem e transformação em um novo insumo é feito pela Itamix, indústria, também instalada em Aparecida de Goiânia. A empresa produz gesso reciclado para uso na agricultura e construção civil, tendo como seu principal diferencial, o uso de matérias-primas exclusivamente recicladas. De acordo com Frederico Dumont, sócio-diretor da empresa, o gesso agrícola produzido com matéria-prima reciclada é superior frente aos demais e tem grande procura.

Após a certificação sobre o grau de limpeza em que encontra-se esse gesso que será reciclado, a empresa faz a captação do material que é levado para a usina. Depois cada lote é separado, classificado, peneirado e pré-refinado, para então receber os benefícios finais que incluem o forno e a moagem.

Experiências de sucesso

Outra experiências de sucesso do grupo é a MiniETE, uma Mini Estação de Tratamento de Efluentes portátil, desenvolvida pela própria empresa e que representou uma solução para o tratamento da água residual gerada pelas obras. O equipamento, que foi desenvolvido com o apoio do Senai, trata a água usada dentro da obras, inclusive a dos chuveiros nos vestiários das obras. Após o tratamento, o líquido pode ser reutilizado para várias atividades dentro do canteiro. “Deixamos de usar água potável, que tem um alto custo de tratamento, para utilizar água de reuso, o que é bem mais ecológico”, pontua Cinthia Martins.

Pelo projeto da MiniETE, a Toctao Engenharia recebeu o prêmio CREA-GO de Meio Ambiente, o prêmio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) de Inovação e Sustentabilidade e o Prêmio Nacional de Inovação, oferecido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).