Pesquisa Licença Maternidade e Paternidade – dados principais

Apenas 13% das empresas entrevistadas oferecem licença paternidade estendida de 20 dias;
Dentre as licenças que oferecem licença maternidade estendida de seis meses, 72% delas percebem a retenção de talentos como efeito positivo, seguido de atração de talentos (54%) e aumento de produtividade no retorno da profissional ao trabalho (54%);
Dentre as licenças que oferecem licença paternidade estendida de 20 dias, 73% delas percebem a retenção de talentos como efeito positivo, seguido de aumento de produtividade no retorno da profissional ao trabalho (61%);
O principal malefício da licença maternidade estendida são as equipes desfalcadas (66%). Na sequência, 31% dos respondentes informaram que não há pontos negativos e 15% deles afirmaram que a perda de rentabilidade é o principal aspecto negativo da licença maternidade de seis meses;
A pesquisa também identificou que as empresas não dão a mesma ênfase às ações voltadas para pais em comparação às ações direcionadas às mães. 39% das empresas que possuem ações voltadas para as mães não possuem ações voltadas para pais.

Percepção da Camila Antunes, fundadora da Filhos no Currículo, advogada, pedagoga, coach e educadora parental:

“O exercício da Parentalidade acontece diariamente. Ser pai e mãe é uma tarefa que se inicia antes mesmo da criança nascer. A liga e a cola que você vai fomentando e fortalecendo desde a gestação até a vida adulta. A intimidade exige tempo e presença dos pais na sua construção. A construção do vínculo precisa ser mantida, abastecida, nutrida, é a qualidade da relação que devemos estabelecer com as crianças. É o vínculo que vai garantir que as crianças nos procurem quando adultos, é a partir dessa qualidade da relação que as crianças poderão se sentir amadas, pertencentes e, se sentindo melhor, poderão agir melhor. Uma relação de vínculo, respeito e afeto familiar tem impactos na autoestima, confiança e capacidade de expressar seus sentimentos, assim como diminui índices de depressão, ansiedade e doenças mentais. Nesse sentido, os primeiros 1000 dias da criança, que compreende o período da gestação e os 2 primeiros anos, são muito importantes na construção do vínculo parental e uma responsabilidade de toda sociedade. O período da licença maternidade e paternidade tem um enorme significado para que isso aconteça. É um período em que os pais podem conhecer seus filhos e se conhecerem como pais, se reconhecerem nesse novo e importante papel, podem criar intimidade e laço com as novas demandas, a nova rotina. O investimento na licença maternidade e paternidade tem forte influência no vínculo parental e na saúde mental de pais, mães e crianças. Apesar da Lei que estende as licenças parentais e tornam as empresas cidadãs ter mais de 10 anos, muitas empresas ainda não aderiram as licenças estendidas e muitas ainda não sabem se há um real interesse nesse benefício. Isso demonstra que há muito ainda que se fazer, é preciso uma forte sensibilização, conscientização e educação do mercado. O isolamento social, apesar de ser um cenário bastante complexo e desafiador com inúmeros impactos econômicos, parece ser uma enorme oportunidade de criação de vínculo para pais e mães que estão nesse momento em casa com seus filhos”.

Percepção do Rodrigo Vianna, Diretor do Talenses Group:

“Os resultados da pesquisa mostram que ainda estamos longe de onde devemos chegar, muitas ações ainda devem acontecer sobre o tema Licença Maternidade e Licença Paternidade nas empresas, ações essas que possuem ligação direta com um assunto que felizmente tem sido mais discutido recentemente e que não podemos deixar sair de cena mesmo em um contexto tão delicado que estamos vivendo hoje: equidade de gênero. Entendo que as políticas de licença maternidade e paternidade devem estar de acordo com práticas que incentivem pais e mães a exercerem com plenitude suas funções tanto como pais e mães e, também, como profissionais – e da forma mais igualitária possível. Empresas que, por exemplo, engessam suas políticas parentais estão dificultando a evolução desses profissionais, e por uma questão cultural o ônus costuma ser maior para as mulheres. Com isso, companhias correm o risco de desperdiçar um capital humano valiosíssimo, além de perderem a oportunidade de ter profissionais mais engajados e produtividades, uma vez que se sentem mais valorizados dentro de sua própria empresa. Políticas como esta são fatores de atração e retenção importantíssimos atualmente. De forma geral, infelizmente, ainda é baixo o percentual de empresas que promovem a igualdade de gênero de maneira organizada, com processos formais. Notamos que quem hoje está mais avançado em relação a este tema iniciou esse trabalho estruturando suas políticas há alguns anos. Acredito que a principal maneira para que políticas de licença maternidade e paternidade estendidas sejam inseridas nas empresas (além de outras ações relacionadas aos pais e mães) seja tornar esse assunto prioritário na agenda do CEO. A mudança só acontecerá dessa maneira. No entanto, muitos CEOs ainda não foram sensibilizados por esse tema”.