Social listening e microviralidade: o radar que conecta marcas à cultura real

Tornar-se relevante no marketing digital hoje exige mais do que criatividade ou planejamento técnico. Exige escuta. E mais que isso: escuta ativa, estratégica e em tempo real. A chamada “escuta social” (social listening), antes restrita a ferramentas de monitoramento de marca, evoluiu para um radar de tendências culturais.

Em 2025, esse tipo de inteligência passou a ser parte essencial da estratégia de conteúdo de empresas, influenciadores e infoprodutores. Segundo uma pesquisa recente da Hootsuite, 62% dos profissionais de social media já utilizam social listening como parte ativa da criação de campanhas, reforçando que escutar se tornou uma etapa anterior até mesmo à produção de conteúdo em si.

Para Leandro Ferrari, estrategista digital e fundador da XFlow, não há mais espaço para marcas que ignoram o que está sendo dito nas redes. “Quem percebe na hora, age junto ao falatório da internet. Não adianta publicar plano fechado e ignorar o tempo real”, afirma. Segundo ele, a lógica do marketing atual exige participação ativa nas conversas que já estão acontecendo, e não apenas criação de campanhas que partem do zero. É sobre se inserir no fluxo cultural, e não tentar só controlá-lo de fora.

Um dos conceitos que ganha força nesse contexto é o da micro viralidade, ou seja, os momentos de viralização que acontecem dentro de nichos específicos, comunidades digitais, grupos de interesse ou segmentos regionais. Ao contrário dos grandes virais globais, essas microviralizações são mais frequentes, previsíveis e, quando bem aproveitadas, altamente eficazes para gerar engajamento qualificado. Mas para isso, é preciso estar atento. “Melhor estar presente na conversa do que planejar algo datado”, pontua Ferrari, reforçando a importância da velocidade de resposta e da coragem para entrar no jogo antes que ele esfrie.

Essa atuação em tempo real exige algumas condições: escuta ativa constante, equipe preparada para criação rápida de conteúdo, processos ágeis de aprovação e uma boa dose de ousadia para reagir com criatividade. O arsenal inclui desde memes e vídeos curtos até respostas criativas a tendências do momento. Mais do que acertar no tom, é sobre acertar no tempo.

Na prática, oferecer respostas em tempo real gera dois efeitos fundamentais para a marca: proximidade e pertencimento. O público se sente ouvido, representado e valorizado. E essa conexão é justamente o que faz com que ele se engaje, compartilhe e compre. Já marcas que falam apenas de si mesmas, ignorando o que o público está debatendo, soam genéricas e distantes.

Leandro reforça que “o digital de hoje é uma conversa, não um panfleto”, e quem entende isso transforma sua presença online em um canal de diálogo constante com a audiência. A criação de desafios, comentários ágeis ou mesmo análises oportunas transforma o conteúdo em um espelho da realidade digital vivida pelo público.

Mais do que buscar viralizações massivas, a escuta estratégica permite que a marca navegue em tendências relevantes dentro de seu nicho, fidelizando seu público e mostrando que está conectada com o que realmente importa. Em um mercado tão volátil, onde novidades surgem a cada dia e desaparecem no dia seguinte, a capacidade de ouvir, interpretar e reagir pode ser o diferencial entre crescer ou desaparecer.