Fraudes no seguro: de amputações a afogamentos, casos absurdos chamam atenção

Em junho, o programa Fantástico, da Rede Globo, realizou uma investigação exclusiva para expor uma série de casos de fraudes contra seguradoras, praticadas tanto por indivíduos quanto por organizações criminosas. A reportagem revelou, por exemplo, um incidente envolvendo um homem chamado Orlando Luiz Pires Júnior, que foi dado como morto após um suposto afogamento no litoral do Paraná. A certidão de óbito chegou a ser emitida, e o beneficiário do seguro de vida seria um amigo dele. No entanto, dois meses depois, a farsa foi desmascarada: Orlando apareceu vivo durante uma audiência pública no interior do estado. A polícia o encontrou em Jaguapitã, onde ele confirmou sua identidade e confessou a tentativa de fraude.

Outro caso destacado pelo veículo envolveu um caminhoneiro de São Vicente, em São Paulo, que denunciou um falso sequestro e o roubo de uma carga avaliada em R$ 700 mil. Mais tarde, a investigação apontou que ele integrava uma quadrilha especializada nesse tipo de crime. O grupo simulava roubos e desaparecimentos de mercadorias para acionar o seguro e, em seguida, revendia os produtos ilegalmente.

Ainda neste ano, alguns incidentes semelhantes também vieram à tona. Em maio, no Rio de Janeiro, a Polícia Civil prendeu um homem que havia registrado um falso boletim relatando um sequestro relâmpago em que teria perdido cerca de R$ 13 mil em dinheiro e bens. A apuração revelou que o próprio suspeito havia sacado o valor que alegava ter sido roubado. Quando confrontado, ele confessou o crime. Identificado como Benjamin Roberto Lima dos Santos, o suspeito trabalhava como securitário e pretendia aplicar um golpe para obter valores de seguradoras ligadas a instituições financeiras, além de justificar a posse fraudulenta de um celular.

Em Maceió (AL), o motorista de aplicativo Josivaldo dos Santos da Silva registrou uma ocorrência alegando ter sido sequestrado por três homens no bairro de Guaxuma, mas acabou sendo desmascarado pelas autoridades. Ele afirmou que os supostos criminosos haviam ateado fogo em seu carro após o assalto. Mais tarde, a investigação concluiu que Josivaldo tinha forjado o sequestro e incendiado o próprio veículo. Em depoimento, o motorista confessou que estava endividado e tentou resolver a situação por conta própria, de forma criminosa. Segundo ele, o carro estava com um pedido de busca e apreensão por falta de pagamento, e a tentativa de fraude tinha como objetivo receber os R$ 50 mil previstos no seguro do automóvel.

Em Uberaba (MG), uma mulher foi detida por comunicação falsa de crime após fingir ter sido assaltada para acionar o seguro do celular. De acordo com as informações do site JM Online, de Uberaba (MG), ela registrou um boletim de ocorrência dizendo que dois homens a roubaram durante uma caminhada. No entanto, a Polícia Militar da cidade não encontrou evidências do crime no local e, ao ser confrontada, a mulher confessou ter inventado a história, pois havia perdido o celular e queria receber a indenização do seguro.

No Ceará, uma tentativa de fraude foi descoberta após dois motoristas simularem um acidente de trânsito com o objetivo de receber uma indenização de R$ 200 mil. A perícia comprovou que a colisão havia sido previamente combinada. Em outro estado, no Mato Grosso, cinco condutores recorreram ao uso de “carros dublê” e fotos manipuladas durante vistorias online para enganar as seguradoras e obter pagamentos indevidos.