Mais de 70% das empresas já implementam programas de voluntariado

De acordo com o portal Vorecol (2024), especializado em tendências de voluntariado e impacto social, mais de 70% das empresas brasileiras já têm programas formais de voluntariado, alinhados às pautas de ESG e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O Censo Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE, 2023) revelou que mais de 54 mil colaboradores participaram de 15 mil ações, impactando cerca de 1 milhão de pessoas e mobilizando R$ 16 milhões em investimentos. Bons exemplos neste cenário são o Instituto Marina e Flávio Guimarães (IMFG), mantido pelo Grupo Bmg, e a BH Airport, instituições que têm esta visão intrínseca à gestão.

Fernanda Morais, coordenadora do Instituto Marina e Flávio Guimarães, acredita que o voluntariado corporativo é uma das formas mais genuínas de aproximar empresas, colaboradores e comunidades. “Quando uma organização tem o olhar em prol de causas sociais, ela não apenas fortalece seu compromisso com a responsabilidade social, mas também cria um ambiente de pertencimento e propósito”, afirma.

Nesse processo, Fernanda destaca que não só iniciativas solos, mas as parcerias têm papel fundamental que devem ocorrer por meio da união entre empresas, organizações da sociedade civil e instituições públicas para que os resultados sejam potencializados. “Cada parte contribui com sua expertise, recursos e visão, transformando boas intenções em impacto real e duradouro”, diz.

No último dia 21/8, antecipando o Dia Nacional do Voluntariado, o “Dia V”, comemorado no próximo dia 28/8, o Instituto Marina e Flávio Guimarães esteve presente no Match CMVC, ação de voluntariado idealizada pela CDM Projetos Sociais. Participaram 25 empresas e seus voluntários, que se dedicaram a iniciativas diversas que beneficiaram 300 pessoas atendidas pelo Núcleo Assistencial Caminhos para Jesus e seus colaboradores. O Instituto atuou na revitalização dos espaços da horta, destinada às atividades socioeducativas das crianças, e na capacitação dos colaboradores da instituição em comunicação assertiva.

E cada vez mais as empresas estão praticando a sua responsabilidade social. O BH Airport realiza, no próximo sábado (30/8), uma ação de voluntariado, que inclui colaboradores de toda a comunidade aeroportuária em uma manhã de brincadeiras, oficinas e rodas de conversa com crianças e adolescentes do Projeto Educacional Ninho. Localizada em Lagoa Santa, a instituição tem como missão promover a mobilidade social, por meio da educação de qualidade e do fortalecimento de famílias e comunidades.

A iniciativa faz parte do projeto “VOE Leve” do BH Airport, que incentiva práticas de saúde, segurança e bem-estar, contribuindo para o equilíbrio entre corpo e mente. A ideia é que, ao estimular a generosidade, o bem-estar também é promovido. Essa relação foi, inclusive, comprovada por uma pesquisa da Harvard Business School, que revelou que o ato de dedicar tempo, talento ou atenção pode elevar os níveis de bem-estar e até aumentar a felicidade tanto de quem recebe quanto de quem doa.

Um dos pontos altos da ação será o espaço de diálogo sobre profissões ligadas ao aeroporto e sobre diversidade. Esses temas foram definidos a partir de uma demanda da própria escola e têm como objetivo ampliar horizontes, mostrando às crianças do entorno que o terminal reúne pessoas diversas, em múltiplas áreas profissionais, capazes de servir como exemplo e inspiração.

“É uma alegria estender nosso trabalho para além da operação do aeroporto e fortalecer os laços com a comunidade do entorno. Acreditamos que o BH Airport pode ser uma ferramenta de influência positiva e desenvolvimento social, promovendo conexões que vão além do embarque e desembarque — vínculos humanos capazes de transformar realidades e ampliar horizontes”, afirma a head de Comunicação e Marketing do BH Airport, Joelma Fraga.

Há espaço para avançar

Ao mesmo tempo que cresce, o voluntariado corporativo no Brasil tem muito espaço para avançar. Apenas 4,2% da população acima de 14 anos realizou atividades voluntárias em 2022, de acordo com o Observatório do Terceiro Setor. Para David Braga, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Minas Gerais (ABRH-MG) e CEO da Prime Talent Executive Search, “o Brasil está evoluindo, mas ainda precisa fortalecer o engajamento social como parte do DNA das organizações”.

No mundo, o cenário é mais avançado. A Benevity, uma das maiores plataformas globais de engajamento social corporativo, aponta que, entre 2022 e 2023, houve um crescimento de 57% na participação de colaboradores em ações de voluntariado e um aumento de 41% nas horas dedicadas, sendo metade delas em formato remoto.

“Além de gerar impacto social, o voluntariado desenvolve habilidades essenciais para o mercado de trabalho, como empatia, colaboração e liderança, tornando-se um investimento de longo prazo para empresas, pessoas e comunidades”, diz Braga.