Investimentos em inovação no Brasil desaceleram, aponta estudo recente

Quais os motivos da desaceleração dos investimentos em inovação no Brasil?

O ritmo de crescimento dos investimentos em inovação no Brasil vem desacelerando nos últimos anos. Essa é uma das conclusões do Panorama da Inovação 2025, um estudo exclusivo produzido pela Gröwnt (antiga GT Group), um ecossistema global de inovação, com objetivo de apoiar as empresas na consolidação de suas estratégias de inovação e impulsionar os seus negócios. O levantamento analisou a variação no crescimento dos investimentos em P&D entre 2021 e 2022. Nesse período, a taxa caiu de 56% (2020 - 2021) para 31% (2021 - 2022), uma redução de 25 pontos percentuais.

Em 2024, o levantamento teve como foco orientar as organizações na melhor utilização dos incentivos fiscais oferecidos pela Lei do Bem. Já em 2025, o escopo da pesquisa foi ampliado para incluir também análises sobre mecanismos de crédito público voltados à inovação, como os operados pela Finep, BNDES e Inovacred.

A publicação traz uma análise consolidada de dados de 2023, divulgados recentemente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e oferece uma visão estratégica e prática sobre as diferentes formas de acesso a recursos para fomento à inovação no Brasil.

Evolução dos Investimentos em PDI

Segundo o levantamento, o Brasil atingiu um marco histórico em 2023: R$ 41,93 bilhões investidos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) por meio da Lei do Bem. Esse resultado recorde foi impulsionado principalmente por dois fatores:

- Reorientação pós-pandemia, que levou empresas a ampliar investimentos para reforçar a competitividade;

- Transição da digitalização para a era da inteligência artificial, tornando a IA prioridade em projetos de processos e produtos.

Apesar desse avanço, o estudo aponta que o ritmo de crescimento dos aportes vem desacelerando desde 2021. Entre 2020 e 2021, o investimento aumentou 56%, mas entre 2021 e 2022 a alta foi de apenas 31%. Mesmo mantendo crescimento acima da inflação desde 2017, o cenário acende um alerta sobre a sustentabilidade dos investimentos e reforça a importância de adotar estratégias diversificadas para manter o impulso inovador.

Mesmo com a desaceleração no ritmo de adesões, 855 empresas participaram pela primeira vez do incentivo da Lei do Bem em 2023, representando 22% do total, uma diminuição em relação aos 30% registrados entre 2021 e 2022.

Como os incentivos fiscais impactam a economia?

A Lei do Bem, uma das principais ferramentas da Nova Indústria Brasil (NIB), tem desempenhado um papel crucial na promoção da inovação ao oferecer incentivos fiscais substanciais para empresas que investem em PD&I. De acordo com o estudo, empresas do setor farmacêutico conseguiram reduzir, em média, 49% do IRPJ/CSLL, enquanto setor alimentício obteve uma economia de 34%. Em 2023, 22% das empresas beneficiadas conseguiram zerar sua tributação.

“Mais do que um alívio tributário, essas isenções representam um mecanismo estratégico para fortalecer a capacidade de inovação das empresas brasileiras. Ao permitir o redirecionamento de recursos para pesquisa, desenvolvimento e modernização tecnológica, a Lei do Bem contribui diretamente para o aumento da produtividade, a geração de empregos qualificados e o posicionamento competitivo do país no cenário global”, disse Fabrizio Gamminio, Co-CEO da Gröwnt

Além de aliviar a carga fiscal, a Lei do Bem incentiva as organizações a aumentarem seus investimentos em PD&I, estimulando a criação de empregos qualificados e o fortalecimento das cadeias produtivas nacionais. Este incentivo é particularmente importante em um cenário global competitivo, onde a inovação é um diferencial crucial para o sucesso econômico.

Por que o atual modelo já não sustenta o crescimento da inovação?

Apesar dos avanços no cenário de inovação no Brasil, o estudo revela desafios críticos que precisam ser abordados para garantir um crescimento sustentável e inclusivo. A atual predominância de grandes empresas no setor de inovação destaca um potencial inexplorado entre pequenas e médias empresas, que também são fontes de inovação disruptiva e ágil.

“O modelo de incentivos vigente, embora tenha gerado resultados positivos, está começando a mostrar suas limitações estruturais. A concentração de recursos e incentivos em grandes corporações cria um ambiente onde pequenas e médias empresas, que muitas vezes carecem de capital e apoio institucional, são deixadas à margem. Isso não apenas limita a diversidade de ideias e soluções inovadoras, mas também impede que o país aproveite plenamente o potencial inovador dos recursos disponíveis”, explica Cristiano Vicente, Diretor de Inovação da Gröwnt.

O executivo alerta que, para sustentar um crescimento de longo prazo, é essencial rever o modelo atual: “Embora os números absolutos ainda impressionem, o ritmo de crescimento está enfraquecendo. Isso mostra que chegamos ao limite de um modelo que precisa evoluir. Se não repensarmos as políticas públicas, o Brasil corre o risco de perder competitividade", completa.

Uma amostra desse enfraquecimento é a desaceleração no ritmo de crescimento dos investimentos em PD&I. Embora o volume tenha crescido acima da inflação desde 2017, a expansão perdeu fôlego a partir de 2021. Entre 2020 e 2021, os aportes cresceram 56%. No ano seguinte, a alta foi de 31%, e em 2023, o avanço ficou em apenas 17%, indicando uma tendência de arrefecimento no esforço de inovação.

Benchmarking global: como o Brasil pode evoluir olhando além das fronteiras?

Internacionalmente, países como Islândia e Alemanha têm adotado políticas fiscais semelhantes, utilizando isenções fiscais como um vetor de inovação e crescimento econômico. Na Islândia, por exemplo, as empresas que investem em PDI podem deduzir até 20% de seus custos de pesquisa, enquanto na Alemanha, o governo oferece créditos fiscais para despesas de PDI, incentivando a inovação em setores estratégicos. Estes exemplos internacionais destacam a eficácia de políticas fiscais bem estruturadas para estimular a inovação e garantir a competitividade global, servindo como modelos para o Brasil aprimorar suas próprias estratégias de incentivo à inovação.

Ao seguir essas práticas internacionais bem-sucedidas, o Brasil não apenas fortalece sua posição no cenário global de inovação, mas também assegura um ambiente econômico mais dinâmico e resiliente, capaz de enfrentar os desafios do futuro com criatividade e eficiência.

Transformando desafios em oportunidades: o papel da Nova Indústria Brasil

A Nova Indústria Brasil está empenhada em enfrentar esses obstáculos, buscando aumentar os investimentos em pesquisa no país, especialmente em organizações menores. "As oportunidades são vastas para aqueles que souberem se adaptar. Nosso papel é ajudar as empresas a transformar desafios em oportunidades, conectando inovação, impacto social e desenvolvimento econômico", afirma Cristiano Vicente, Diretor de Inovação da Gröwnt.

Além disso, é crucial criar um ecossistema onde pequenas e médias empresas possam prosperar. Isso envolve a implementação de políticas que incentivem a colaboração entre diferentes setores e a academia, promovendo um ambiente de inovação mais inclusivo e abrangente. A inovação deve ser vista como um motor de desenvolvimento econômico e social, e, para isso, precisamos de um modelo de incentivo que reflita essa visão.

Sobre a Gröwnt: Gröwnt é uma empresa especialista em inovação, certificada pela ISO 56.002, que impulsiona o crescimento de organizações ao integrar consultoria estratégica, tecnologia de ponta e um framework exclusivo que potencializa todas as etapas do processo inovador. Desde 2009, nossa metodologia própria – que inclui diferenciais competitivos como o Score de Disrupção em Inovação (SDI) patenteado e uma equipe multidisciplinar altamente especializada – garante a captação de recursos, o incentivo fiscal e a rentabilização dos investimentos em digitalização, expansão tecnológica e inovação. Presente em países da América Latina e Europa, acompanhamos nossos clientes de ponta a ponta na jornada da transformação, convertendo desafios em oportunidades de crescimento sustentável.