Incêndio no Tomorrowland expõe riscos e reforça a importância do seguro para eventos

Um incêndio de grandes proporções destruiu o palco principal do Tomorrowland, um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo, no dia 18 de julho, na cidade de Boom, na Bélgica. O incidente aconteceu na semana de abertura do evento e, embora não tenha deixado feridos, causou a perda total da estrutura cenográfica e acendeu um alerta importante: mesmo produções milionárias estão sujeitas a falhas e acidentes, e o seguro pode ser a única barreira entre o imprevisto e a ruína.

Fred Almeida, sócio da BMEX Consultoria e Corretora de Seguros, advogado, corretor e professor da ENS, destaca que esse tipo de ocorrência ajuda a tirar o seguro da invisibilidade: “Se acontece com eles, que têm estrutura de ponta, imagina nos eventos menores. O seguro garante que a festa continue, mesmo depois do desastre”, ressaltou

Para o especialista, o seguro deveria ser parte essencial do planejamento, e não apenas uma exigência contratual: “Você pode contratar segurança, reforçar estrutura, ter plano B, mas só o seguro responde quando o imprevisto escapa do controle. Na matriz de riscos de um evento, ele é a única barreira contra a ruína quando várias coisas dão errado ao mesmo tempo”, revelou.

Entre as coberturas básicas indispensáveis, Fred aponta: “No mínimo, é preciso ter Responsabilidade Civil para danos a terceiros, danos materiais à estrutura e equipamentos, acidentes pessoais com público e equipe, além de cancelamento ou interrupção do evento, que muitos só percebem quando é tarde demais”, explicou.

Ele também alerta para proteções importantes que costumam ser esquecidas: “Algumas são cruciais e ainda assim negligenciadas: equipamentos e instrumentos de alto valor; pirotecnia e efeitos especiais, com riscos próprios; despesas emergenciais, como estruturas provisórias; no-show de artistas; e uma que eu gosto muito: intoxicação alimentar, que pode ser contratada a custo baixo e repassada ao fornecedor responsável, mas raramente é lembrada, mesmo sendo comum”, pontuou o executivo.

No caso do Tomorrowland, diversos gatilhos de cobertura poderiam ser acionados: “Tudo indica um sinistro com múltiplos acionamentos: danos ao palco e equipamentos, cancelamento ou interrupção, despesas emergenciais e, possivelmente, responsabilidade civil por danos a terceiros”, Almeida.

Segundo o executivo, o impacto final depende da estrutura da apólice: “Se houver uma apólice robusta, o prejuízo será minimizado. Mas vale lembrar: se for comprovada negligência, a cobertura pode ser negada. Seguro e prevenção precisam caminhar juntos ou não chegam a lugar nenhum”, ressaltou.

No Brasil, o mercado oferece seguros para eventos com coberturas que vão desde danos materiais até cancelamento por motivos climáticos ou logísticos. Também é possível contratar seguros contra acidentes com o público e responsabilidade civil voltada a terceiros.

O incêndio que destruiu o palco do Tomorrowland serve como um alerta: mesmo os maiores festivais do mundo podem ser afetados por sinistros. Para produtores, empresas culturais e até eventos sociais de menor porte, a lição é clara, é preciso investir no melhor som, na melhor luz e, acima de tudo, na melhor proteção.