Papel do RH na era da IA: como liderar a experiência humana nas empresas

Em um cenário corporativo global em rápida transformação, no qual a Inteligência Artificial (IA) redefine funções e processos, o papel do RH e da gestão de pessoas nunca foi tão crucial. Longe de ser uma ameaça, no entanto, a IA emerge como um catalisador para a humanização do trabalho, exigindo que as empresas reinventem seus ambientes físicos e culturais para fomentar a colaboração humano-máquina, atrair e reter talentos, e otimizar a produtividade com foco no bem-estar.

Relatórios recentes confirmam a ascensão da IA. A pesquisa da Bain & Company, "Generative AI: Unprecedented Uptake Tempered by Roadblocks" (Maio 2025), revela que 95% das empresas nos EUA já utilizam IA generativa. No entanto, a escassez de talentos especializados em IA (afetando 75% das empresas) e a necessidade de habilidades humanas complementares, como pensamento crítico e criatividade, sublinham que a tecnologia, por si só, não é a resposta.

"A IA não é apenas uma ferramenta de produtividade; ela está remodelando fundamentalmente a forma como trabalhamos e interagimos, tornando as habilidades humanas ainda mais valiosas," observa Raissa Mendes, People Manager da WeWork Brasil. "Nesse contexto, o local de trabalho precisa evoluir de um mero espaço físico para um hub estratégico que fomente a inovação, a colaboração e o bem-estar. O RH, mais do que nunca, se torna o arquiteto da experiência humana, garantindo que a tecnologia sirva ao propósito de potencializar o capital humano, e não o contrário."

A era da IA exige uma nova abordagem do RH, que deve se posicionar como o principal agente na construção de ambientes onde a tecnologia e o fator humano coexistam harmoniosamente. As tendências-chave que sustentam essa reinvenção incluem:

Aumento da força de trabalho "aumentada"

O relatório da QNX, "The Age of the Robot - A Global Robotics Adoption Survey" (Maio 2025), indica que 50% das empresas já utilizam robótica, e 71% planejam adotá-la nos próximos dois anos. A Accenture, em "Humans, AI and Robots - Economics of Reinventing Work", enfatiza que a IA e a robótica devem ser vistas como "agentes digitais" que aumentam a produtividade humana, transformando papéis e exigindo uma nova arquitetura de trabalho contínua. O RH tem o desafio de gerenciar essa transição, requalificando e aprimorando a força de trabalho para operar lado a lado com a IA.

Prioridade no bem-estar e propósito

O "Deloitte Global 2025 Gen Z and Millennial Survey" destaca que a Geração Z e os Millennials buscam uma "trifeta" de segurança financeira, trabalho significativo e bem-estar pessoal. Eles priorizam o aprendizado contínuo e o desenvolvimento de habilidades. O RH deve criar culturas e espaços que respondam a essa demanda, promovendo um ambiente onde a saúde mental, o equilíbrio vida-trabalho e o senso de propósito sejam tão importantes quanto a produtividade.

Desenvolvimento de habilidades humanas essenciais

Enquanto a IA assume tarefas repetitivas, habilidades como pensamento crítico, criatividade, inteligência emocional, resolução de problemas complexos e colaboração se tornam diferenciais competitivos. O RH é responsável por identificar essas lacunas e desenvolver programas de upskilling e reskilling que preparem os colaboradores para os desafios e oportunidades da era da IA.

O local de trabalho como hub de conexão

Em um mundo onde a IA pode automatizar muitas interações, o espaço físico ganha um novo significado como um local de conexão humana, inovação espontânea e construção de cultura. A infraestrutura de trabalho, incluindo os espaços físicos, deve ser projetada para suportar e otimizar as iniciativas de IA das empresas, ao mesmo tempo em que promove a interação e o bem-estar.

"No fim das contas, a grande sacada é que a IA não veio para nos substituir, mas para nos libertar para o que realmente importa: a criatividade, a conexão humana e a capacidade de inovar. O RH tem a chave para orquestrar essa nova sinfonia, transformando o local de trabalho em um palco onde a tecnologia amplifica o potencial humano, e não o silencia," conclui Raissa Mendes.

Em um cenário onde a tecnologia avança rapidamente e as expectativas da força de trabalho se redefinem, a capacidade de adaptação das organizações será o diferencial. A reinvenção do local de trabalho, impulsionada pela IA e pela busca por flexibilidade e bem-estar, exige uma visão estratégica que integre tecnologia, cultura e design de espaços. Empresas que priorizarem esses elementos e colocarem o RH no centro dessa transformação estarão mais preparadas para prosperar e inovar continuamente, garantindo que a IA seja uma aliada na construção de um futuro do trabalho mais humano e produtivo.