Tosse crônica: um alerta para condição clínica
Quando falamos sobre tosse, logo pensamos em um processo natural do aparelho respiratório. Mas quando a tosse persiste, rapidamente identificamos um incômodo na garganta. Por isso, atenção: se o sintoma durar mais do que 8 semanas, pode se tratar de uma tosse crônica.
E para quem não sabe, na maioria dos casos, a tosse crônica representa sinal de doenças respiratórias. Entre as mais comuns estão bronquite, asma ou sinusite. Mas, não apenas estas doenças. Outras condições como refluxo gastroesofágico, fibrose intersticial (um tipo de doença pulmonar), síndrome do gotejamento pós nasal ou infecções recorrentes das vias aéreas também podem ser problemas revelados por tosse crônica.
Durante quatro anos, de 2014 à 2016, conduzi um estudo com 638 pacientes brasileiros, com idade média de 49, na Faculdade de Medicina do ABC. Destes, 144 (22,5%) apresentavam o sintoma de tosse crônica a fim de investigar as possíveis causas relacionadas à condição. E os resultados foram: 39% dos pacientes apresentaram asma, 11% doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 9% infecções crônicas de vias aéreas, e 8% dos casos não tinham diagnóstico aparente.
Uma pesquisa recente realizada na Europa e publicada no European Respiratory Journal aponta que o mal acomete, geralmente, mais mulheres (2/3 dos afetados), e a maioria delas com idade acima de 60 anos. A correlação entre a tosse persistente e o hábito de fumar também é extremamente comum entre as amostras analisadas.
Ainda de acordo com o levantamento, aparentemente, a maioria dos pacientes adultos que apresentam tosse crônica como queixa principal têm em comum a sensibilidade à inalação de irritantes ambientais, como perfumes, alvejantes e ar frio -- resultando em sensações de cócegas/irritação na garganta, além, claro, da vontade de tossir.
Independentemente de sua origem, também já se sabe que tosse crônica pode causar incontinência urinária, depressão, isolamento e dificuldade no desenvolvimento de relações sociais. Ou seja, é um problema sério, que muitas vezes acaba sendo relativizado, mas que é preciso cuidado, e, principalmente, acompanhamento médico, para que haja diagnóstico e tratamento correto.
* Dr. Elie Fiss é médico pneumologista, pesquisador sênior do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e professor da Faculdade de Medicina do ABC
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