No auge da pandemia de Covid (2020), o perfil de compra online no período de volta às aulas após as férias de inverno (junho a julho) migrou para computadores e produtos eletrônicos, como consequência da digitalização do ensino e das aulas remotas que fizeram parte das medidas de distanciamento social.

É o que mostram dados da Rakuten Advertising relativos às vendas realizadas por intermédio de sua rede de afiliados (parceiros de conteúdo) no Brasil nos últimos três anos (2019 a 2022), sempre considerando os meses de junho e julho.

Em 2020, houve aumentos significativos sobre o ano anterior das vendas em categorias diretamente impulsionadas pelo isolamento social, que impôs novos hábitos como a adaptação ao ensino a distância e o estabelecimento de escritórios em casa. Isso aconteceu com os computadores (PCs), que registraram alta de cinco pontos percentuais (p.p.) em sua participação no total de vendas facilitadas por afiliados – saltando de 8% para 13%.

Da mesma forma, esse movimento também foi observado nas categorias software, com alta de 8 p.p., saindo de 3% em 2019 para 11% em 2020; e utensílios e eletrodomésticos, com crescimento de 7 p.p., saltando de 3% para 7% do total das vendas concretizadas por meio de anúncios online em produtores de conteúdo.

A maior parte dessas categorias, contudo, sofreu apenas uma leve queda em junho e julho de 2022, após o auge da pandemia. Enquanto os PCs chegaram a 12% das vendas online via afiliados (após atingirem 14% em 2021), os softwares caíram para 7%, ao passo que os eletrodomésticos se mantiveram com o mesmo percentual de 2020 (7%) após oscilarem para 6% em 2021.

"Isso mostra que o movimento de digitalização acelerado pela pandemia pode ter transformado os hábitos de consumo dos brasileiros de forma permanente, com a preferência por estudos e empregos híbridos, incluindo itens eletrônicos nas atividades escolares e na formação acadêmica", diz Luiz Tanisho, vice-presidente da Rakuten Advertising no Brasil. "Podemos notar a construção de um novo padrão inclusive no que diz respeito à volta às aulas. Uma mudança importante que as marcas precisam levar em conta ao investir em anúncios personalizados, para gerar o melhor impacto possível sobre os consumidores e ampliar as conversões", afirma.

Mundo invertido

No sentido oposto, a categoria calçados, com vendas tradicionalmente impulsionadas em períodos pré-escolares, teve a sua participação reduzida durante a pandemia. Enquanto nos meses de junho e julho de 2019 esse grupo respondeu por 34% do total das vendas online via afiliados, esse percentual caiu para 21% em 2021, antes de mostrar recuperação passado o auge da pandemia em 2022 – quando subiu novamente e chegou a 25%, patamar semelhante ao de 2020 (26%).

O ano de 2021 ainda mostra um quadro muito impactado pela pandemia. Enquanto os computadores subiram 1 p.p. (para 14% do total) e seguiram com as vendas aquecidas em junho e julho, produtos de saúde e bem-estar – vertical que conta com grandes redes farmacêuticas – mostraram forte avanço no mesmo período, com um salto de 6% em 2019 e 2020 para 25% em 2021. Parte disso é reflexo dos cuidados dos consumidores com a prevenção e o tratamento de sintomas. Em 2022, as vendas dessa categoria se reaproximaram do patamar pré-pandemia (8%).

Outra mudança importante apontada pelo levantamento está na forma como os brasileiros consomem via internet, inclusive para comprar produtos relacionados à volta às aulas. De 2019 a 2022, nos meses de junho e julho, houve um claro avanço na preferência pelo uso de dispositivos móveis. A participação do uso desse canal para fazer compras online cresceu de 27% para 42% no período.