Como alinhar suas competências às demandas do mercado atual

A velocidade das transformações tecnológicas e sociais tem redesenhado o mercado de trabalho e exigido dos profissionais, especialmente dos que estão iniciando a carreira, uma nova postura diante dos processos de recrutamento.

Entender o que as empresas buscam, desenvolver competências e construir estratégias para se destacar são hoje demandas centrais para quem quer ingressar ou se reposicionar profissionalmente.

Com esse cenário em foco, a Unoeste Guarujá promoveu, na última sexta-feira (28), uma mesa-redonda e roda de conversa sobre o tema “Desafios Contemporâneos no Recrutamento e Seleção de Profissionais”. O encontro, organizado pela professora Rosineide Maria de Oliveira, teve como objetivo aproximar os estudantes da realidade atual das organizações.

Segundo Rosineide, a proposta surgiu da necessidade de preparar profissionais mais conscientes e críticos.

“O mercado vive um momento de escassez de talentos, de mudanças profundas e de processos que exigem mais estratégia, ética e sensibilidade. Criar espaços de reflexão é fundamental para que nossos futuros psicólogos compreendam seu papel e contribuam para seleções mais justas e eficazes”.

O que o mercado exige

Durante o evento, especialistas compartilharam experiências e destacaram desafios que impactam diretamente candidatos e empresas. A baixa adesão às entrevistas, a falta de alinhamento entre perfil profissional e cultura organizacional e a ausência de clareza sobre objetivos de carreira foram alguns dos pontos levantados.

Para Carlos Henrique Júnior, diretor-presidente da Evolution RH, um dos maiores obstáculos hoje é o comprometimento dos candidatos.

“Muitas vezes marcamos 50 entrevistas para que cinco compareçam. Isso impacta toda a operação das empresas. O processo começa já na postura do candidato: ele precisa entender que a primeira entrevista é sobre profissionalismo, foco e preparo”, destacou.

Ele também reforçou a importância de construir um currículo estratégico: “Currículo genérico não funciona mais. É preciso entender o que aquela empresa busca e adaptar suas experiências, cursos e projetos ao que realmente faz sentido para a vaga. Você está vendendo suas oportunidades”.

Saber onde se quer chegar

A trajetória de Lucas Passos Pinho, advogado trabalhista empresarial, foi utilizada como exemplo de clareza e propósito profissional. Ele contou que começou como atendente no McDonald’s enquanto cursava Direito, chegou a gerente de loja e, anos depois, retornou como advogado da rede.

“O processo de contratação é, antes de tudo, um processo de venda. Se você não sabe para onde quer ir, não consegue se posicionar. Não importa onde você está agora, importa ter clareza sobre onde quer chegar”, afirmou.

Para ele, entender a cultura da organização é tão essencial quanto conhecer a vaga. “A empresa não é uma democracia, mas tem regras. Para trabalhar bem, é preciso saber se aquela vaga realmente faz sentido para você e, se não fizer, tudo bem. O importante é autenticidade e comprometimento”.

Competências que fazem diferença

A psicóloga organizacional Ariane Castilho, do Hospital Santo Amaro, reforçou que as empresas estão cada vez mais atentas às competências socioemocionais.

“Hoje, mais do que experiência, buscamos pessoas capazes de aprender continuamente, lidar com diversidade, trabalhar em equipe e se adaptar a mudanças. O conhecimento técnico pode ser desenvolvido, mas habilidades como empatia, escuta ativa e responsabilidade são diferenciais que pesam muito na escolha”, afirmou.

Formação com olhar para o futuro

Para além das orientações práticas, o encontro também reforçou o papel ético do psicólogo em processos de recrutamento e seleção. Temas como diversidade, inclusão, vieses inconscientes e responsabilidade social foram discutidos como elementos essenciais para uma atuação contemporânea e responsável.

A professora Rosineide reforça que esse é o caminho para formar profissionais alinhados às demandas atuais.

“Nossos estudantes precisam compreender que selecionar pessoas é mais do que escolher currículos é pensar em desenvolvimento humano, sempre com base em evidências e em práticas atualizadas”.