Transformação do setor de seguros é guiada por inovação e governança
O mercado de seguros brasileiro vive um momento de transformação profunda, impulsionado por tecnologia, inovação e governança, mesmo em um cenário macroeconômico desafiador. Com a taxa Selic em patamar elevado e sem sinais de retração acurto prazo, os produtos de investimento e previdência ainda atraem investidores, enquanto o crédito mais caro pressiona empresas e consumidores. Esse contexto reforça a importância de soluções de gestão de risco, como seguros de responsabilidade civil e seguro garantia, que oferecem proteção em um ambiente econômico instável.
Nesse cenário de incertezas e imprevisibilidade, a tecnologia e inovação são peças-chave para sustentar o crescimento do setor. Somente entre 2023 e 2024, as seguradoras investiram cerca de R$ 19,6 bilhões em inovação, segundo o 1º Estudo sobre Inovação no Mercado de Seguros, Saúde Suplementar, Previdência Complementar e Capitalização no Brasil, realizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O investimento é 17% superior em relação ao ano anterior, representando 2,63% da receita do setor. A tecnologia, especialmente o uso de ferramentas de inteligência artificial, análise de dados e automação impulsionam esse crescimento.
Em contrapartida, apesar da digitalização crescente e mais do que necessária, a experiência humana continua insubstituível. Interações pessoais, empatia e suporte em momentos críticos permanecem decisivos. Clientes buscam segurança e clareza, algo que algoritmos ainda não conseguem reproduzir. Seguradoras que combinam tecnologia e atendimento humano de qualidade tendem a conquistar maior confiança, fidelidade e reputação.
Por mais avançada que seja, a tecnologia sozinha não sustenta um modelo de negócios. É a proximidade com corretores e clientes que possibilita compreender o contexto, captar nuances e oferecer soluções estratégicas, customizadas e eficazes, para atender a demanda de cada um. Ou seja, a inovação tecnológica está na linha de frente, mas o relacionamento humano é a base do negócio. É essa combinação que permite decisões mais seguras e cria valor concreto para o mercado.
A governança também assume papel central nesse novo momento do seguro. Transparência, ética e responsabilidade social são exigências crescentes. Empresas que investem em compliance e auditoria não apenas atendem às normas, mas fortalecem sua imagem frente a consumidores e investidores. Iniciativas como o Open Insurance e os sandboxes regulatórios permitem testar novas soluções com segurança, reforçando a confiabilidade do setor.
O crescimento do mercado acompanha essas mudanças. Em 2024, a arrecadação do setor chegou a R$ 435,56 bilhões, com previsão de crescimento superior a 10% em 2025. Segmentos como vida, previdência e saúde suplementar lideram o desempenho, enquanto produtos corporativos, como seguro garantia e responsabilidade civil, destacam-se pelo rápido avanço e importância estratégica, especialmente diante da volatilidade econômica e do custo elevado do crédito.
O seguro garantia tem ganhado cada vez mais relevância com a expansão de obras públicas e Parcerias Público-Privadas (PPPs), oferecendo segurança financeira e previsibilidade em um cenário de juros altos. Já a responsabilidade civil, voltada a empresas e executivos, cresce diante do aumento de riscos corporativos e reputacionais. Esses produtos combinam governança, inovação e gestão de risco, adaptando-se às exigências de um mercado mais complexo.
Em resumo, o setor de seguros brasileiro está em um ponto de convergência, tendo a inovação tecnológica, governança sólida, valorização do contato humano e a resiliência como peças-chave para enfrentar os desafios macroeconômicos. Seguradoras que equilibrarem esses elementos estarão mais bem posicionadas para atender às novas demandas, conquistar clientes e prosperar em um mercado cada vez mais competitivo e complexo.
Henrique Camillo, vice-presidente Comercial da Newe Seguros
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