4 insights para conectar métricas de produto aos resultados de negócio da sua companhia

Em muitas empresas, o produto evolui constantemente e as equipes trabalham com foco no lançamento de novas funcionalidades, mas os resultados de negócio não refletem esse esforço. Essa desconexão entre métricas de produto e de negócio é um dos maiores desafios enfrentados pelas lideranças do segmento.

O crescimento de um produto deve estar alinhado à estratégia de negócio. Não basta lançar funcionalidades, é preciso demonstrar como elas contribuem para os resultados financeiros e estratégicos da empresa.

Essa integração, no entanto, exige uma abordagem prática que vá além das métricas de engajamento e adote uma visão mais abrangente, focada no impacto financeiro e operacional. Traduzindo objetivos de negócio para ações de produto, é essencial que líderes entendam as metas estratégicas da companhia – como aumentar receita, reduzir churn ou melhorar margens – e traduzir essas metas para iniciativas claras.

Se o foco é aumentar a receita, a equipe de produto não deve apenas criar funcionalidades para atrair novos usuários. É preciso medir como essas ações impactam diretamente na retenção de clientes e no aumento da receita recorrente mensal (MRR).

Nesse contexto, métricas tradicionais como LTV (Lifetime Value) ou churn são importantes, mas não suficientes. Desta forma, destaco quatro métricas que muitas vezes passam despercebidas e que podem oferecer insights estratégicos para conectar o trabalho do produto aos resultados do negócio:

1. Cashflow Runway

Basicamente se trata de medir quanto tempo a organização pode operar com o caixa disponível. É muito relevante para startups ou produtos em crescimento. Isso porque um runway curto exige decisões rápidas e priorização de funcionalidades que gerem impacto financeiro imediato.

Um exemplo é focar na migração de usuários gratuitos para planos pagos, que pode ser decisivo para aumentar o fluxo de caixa em momentos críticos.

2. Tempo de Recuperação de Investimento em P&D

Essa métrica calcula quanto tempo é necessário para recuperar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Ela orienta as equipes a priorizar projetos com maior potencial de retorno financeiro em prazos aceitáveis.

Um bom exemplo é antes de investir em uma funcionalidade baseada em inteligência artificial, a equipe deve projetar o retorno esperado e garantir que ele justifique o investimento.

3. Gross Revenue Retention (GRR)

Neste caso, é possível medir a retenção de receita sem considerar upsell ( estratégia de admissão de versões mais caras ou avançadas de produtos e serviços) ou cross-sell (sugestão de produtos ou serviços complementares aos que o cliente já comprou). Ela indica a saúde da base de clientes e ajuda a identificar lacunas na experiência do usuário. Um bom exemplo é no caso de uma GRR baixa, isso pode sinalizar a necessidade de melhorar o onboarding ou funcionalidades que aumentem a satisfação e a retenção.

4. Burn Multiple

Por último, essa métrica mostra quanto capital é gasto para gerar cada unidade de nova receita. Ela é fundamental para avaliar a eficiência do crescimento, especialmente em startups.

Um bom exemplo é que as equipes devem otimizar recursos, priorizando funcionalidades que aumentem a conversão e reduzam custos. A escolha de métricas deve sempre estar conectada a um framework estratégico. O desafio não é apenas escolher métricas relevantes, mas também conectar essas métricas às estratégias de negócio de forma clara e objetiva.

Outro bom insight é a implementação de rituais de alinhamento entre as equipes de produto e as áreas de negócio, com revisões regulares dos KPIs. Além disso, outra boa solução é a criação de dashboards compartilhados que combinem métricas de produto e resultados empresariais.

Neste sentido, com uma abordagem estruturada e focada em métricas significativas, é possível construir uma ponte sólida entre o trabalho das equipes de produto e o sucesso estratégico da empresa.A chave é adotar indicadores que traduzam o impacto direto do produto no negócio e garantir que todos os stakeholders estejam alinhados nesse objetivo.

Essa perspectiva oferece uma visão prática e estratégica para empresas que buscam maximizar o impacto de seus produtos no mercado, conectando inovação à lucratividade de maneira tangível e eficiente.

*cofundador e head de produto da BossaBox, startup que aloca e gerencia squads sob demanda. É responsável pela criação de produtos digitais que transformarão a forma como as empresas implementam suas iniciativas de inovação. Formado em marketing pela ESPM, possui certificados de digital product leadership, pela Tera, e UX research pela Mego User Experience.