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Como É Que a Seguradora Chega ao Preço de um Seguro?

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Hoje existem modelos de previsão estatísticos bastante sofisticados e as seguradoras conseguem chegar a prêmios que preveem, com pouca margem de erro, a frequência e custo médio de sinistros de um grupo de segurados antes das vigências começarem. Vamos entender como se faz o cálculo do prêmio, mas sem detalhes muito técnicos por didática.

Vou utilizar como exemplo o automóvel afinal, é o produto mais vendido pelos corretores. Uma seguradora tem certa quantidade de veículos segurados de marca, modelo, ano, perfil e região idênticos (a analise só é válida se a amostra for composta de itens no mínimo muito similares e em quantidade). Alguns em começo, outros no meio e outros no fim de vigência. A primeira coisa que a seguradora precisa fazer para analisar esta amostra de veículos é unificar o tempo de exposição a sinistros de todas as apólices vigentes a 12 meses (a analise estatística compreende um período de 12 meses de sinistros ocorridos) através do cálculo do período decorrido de cada apólice em dias. Se a seguradora avaliar apólices com diferentes exposições em quantidade de dias de vigência chegará a conclusões erradas pois o tempo em que um veículo está exposto a sinistros é uma determinante da sinistralidade. Um veículo exposto há três meses não pode ser analisado no mesmo lote de um exposto há nove meses pois o de nove meses correu muito mais risco.

Para facilitar vamos pensar em dois veículos idênticos com perfis de segurados idênticos, um com seis meses e o outro com quatro meses de vigência transcorrida. Você tem no primeiro uma exposição de meio veículo (seis meses é a metade de um ano) e no outro de 1/3 de veículo (quatro meses é 1/3 ou 0,33 de um ano). O primeiro meio veículo (0,5) mais o segundo um terço de veículo (0,33) dá uma exposição de 0,833 veículo. Curioso mas frota segurada é sempre uma quantidade inteira (neste caso você tem dois veículos na frota) mas frota exposta para cálculo do seguro é uma fração, graças as diferentes vigências decorridas.

Se a análise fosse de uma frota de oitocentos veículos, olhando a vigência decorrida um por um, você talvez chegasse a um número estranho como 433,35 veículos expostos. Este número refletiria a soma do tempo de vigência do seguro de cada veículo até o momento da análise da sinistralidade que se deseja fazer (imagine as ferramentas tecnológicas que uma seguradora precisa ter para fazer constantes análises agrupadas por marca, ano, modelo, CEP, variados perfis de segurados e tempos de vigência). Agora que você já sabe a diferença entre frota segurada e frota exposta, vamos usar os 433,35 veículos com um exemplo do que ocorreu nas vigências decorridas e quanto isto custou.

Digamos que nas vigências até este momento 12 veículos foram furtados (quando o veículo desaparece), roubados (quando existe violência ou indicativo de violência contra o condutor ou responsável e o veículo é levado) ou foram vitimados por perdas totais por colisão e a seguradora indenizou R$ 50.000,00 em média cada. E digamos que 58 se envolveram em colisões e a seguradora pagou uma média de R$ 3.300,00 em cada (já descontada a franquia).

Quanto a seguradora indenizou nesta exposição de 433,35 veículos? 12 furto/roubos/PT’s multiplicados por R$ 50.000,00 cada veículo = R$ 600.000,00, 58 colisões parciais multiplicados por R$ 3.300,00 cada reparo de veículo = R$ 191.400,00. A soma dos gastos com sinistros = R$ 791.400,00 Se o gasto com sinistro foi de R$ 791.400,00 e exposição é de 433,35 veículos, cada segurado teria que pagar R$ 1.826,24 para que a seguradora tivesse o valor para indenizar os sinistros (divida os R$ 791.400,00 indenizados para cada um dos 433,35 veículos expostos e chegará nos R$ 1.826,24). Este é o prêmio de risco.

Só que se a seguradora cobrar dos futuros segurados destes veículos apenas os R$ 1.826,24, como é que ela paga as suas despesas de funcionamento, a comissão dos seus corretores e o lucro dos acionistas? É necessário carregar estes custos no prêmio de risco. Primeiro a despesa administrativa, digamos 15%, sobre os R$ 1.826,24 chegando a R$ 2.148,51. Depois a comissão ao corretor, digamos 25%, chegando a R$ 2.864,69 ou apresentando só o prêmio net (sem carregamento da comissão) e o corretor carrega.

Se a expectativa de lucro dos acionistas for de 5% – se acha pouco lembre que existe ainda o resultado financeiro – vamos chegar nuns R$ 3.015,46 de prêmio líquido casco. Se você entendeu como chegamos neste número, então já sabe o calculo básico de um seguro. Para o RCF, APP e a maioria dos ramos elementares é a mesma lógica. E, ressalvo, o que foi lido é um exemplo de cálculo bem simplificado pois não falamos de salvados, ressarcimento, várias reservas e resultados financeiros.

Deixo então uma dúvida: se tudo é tão matemático, porque então as seguradoras tem preços tão diferentes?

Responderei a isto na próxima coluna.

José Luís S Ferreira da Silva atua no mercado segurador há 35 anos, foi diretor da Porto Seguro Seguros, Europ Assistance, Tokio Marine Seguradora e atualmente é Diretor Geral da GC do Brasil. É formado em Direito (PUC), pós graduado em Administração de Empresas (FGV) com MBA em Seguros (IBMEC/Funenseg) e com diversos cursos de especialização. Ex reitor do Clube da Bolinha SP, membro do conselho da Associação Paulista dos Técnicos de Seguros (APTS), coordenador da cátedra Canais de Distribuição da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP), palestrante de diversos encontros, eventos e congressos (inclusive os Cqcs´s Insurtech 2018 e 2019). Apaixonado pelo mercado de seguros e consciente de que o sucesso depende do respeito aos corretores de seguros, concorrentes, colaboradores e prestadores.


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