Coleta de Dados Ajuda a Criar Seguros Personalizados

Os participantes falaram, entre outros assuntos, sobre como as seguradoras podem oferecer uma experiência personalizada para seus clientes. Participaram do painel Fabio Dragone, Diretor de Digital, CRM e Inovação do Grupo Bradesco Seguros; Fabio Morita, diretor de dados e serviços analíticos da Porto Seguro; Guilherme Marra, cientista de dados especialista em tecnologia da Shift; Leonardo Lima, country officer Brasil da Better Fly e o mediador Weliton Costa, diretor de desenvolvimento de negócios divisão américas da eBaoTech.

Inicialmente, Weliton Costa questionou sobre a dificuldade de se encontrar mão de obra para “sustentar a inovação analítica e digital”.

Flavio Dragoni disse que esse é um desafio que o mercado está enfrentando. “Há uma competição ferrenha por devs, UXs, designers e data science”, disse. Ele explicou que no Grupo Bradesco a opção foi tentar criar ambientes favoráveis para que esses profissionais escolham a empresa para desenvolver carreira.

Leonardo Lima disse que na Beter Fly o desafio é ter pessoas e talentos para colocar a visão de como por em prática as ideias e propostas da insurtech. “Uma das coisas que funcionou é ser uma empresa com propósito claro. Isso ajudou a atrair talentos, revelou.

Já Fabio Morita disse que a Porto Seguro aposta em um ambiente favorável para crescimento profissional. “Somos mais que uma seguradora. A diversidade de problemas é grande. Temos problemas interessantes para digital analytics. Uma empresa interessante para aprender rapidamente”, afirmou.

Outro tema levantado por Weliton para discussão dos participantes foi sobre o uso da inteligência artificial na criação de produtos que atendam às necessidades dos segurados.

Morita falou sobre o papel de analytics na criação de produtos e disse que o levantamento de informações é fundamental e, no caso da Porto Seguro, a inteligência artificial é usada por meio da telemetria. “Usamos para induzir comportamentos no cliente. Na Porto usamos o App Trânsito Mais Gentil por meio de uma gamificação. A telemetria é a quantificação dos riscos”, disse.

Segundo ele, é possível descobrir hábitos de vida das pessoas e criar produtos. “Não basta saber da pessoa, mas criar uma oferta que se encaixe na necessidade dela”, ressaltou.

Leonardo explicou que no caso da Better Fly a proposta de valor tem uma série de integrações. “Integramos produtos de bem físico e financeiro. E depende do usuário usar do jeito que ele gosta. A customização é tanto pelo uso quanto pela forma que ele gosta”, explicou.

Já Guilherme destacou haver ruídos sobre inteligência artificial. “Às vezes, empresas dizem que trabalham com isso e não trabalham”. Ele ressaltou que o uso de inteligência artificial para detecção de fraude permitiu que a Shift alcançasse muitos avanços. “Ao entender dados estruturados junto com dados externos conseguimos identificar anomalias”, relatou.

Leonardo ressaltou que é preciso estar em compasso com as regras da LGPD. “É condição sine qua non. O segurado que entra na nossa comunidade passa a ter facilidades e todo uso é autorizado e tem um benefício claro que o usuário aceita”, disse.

Guilherme ponderou que a inteligência artificial tenta identificar padrões nos dados e citou o que é feito pelas big techs (Google, Apple) e chamou atenção para o fato de que é preciso evitar os vieses discriminatórios. Ele exemplificou com o fato de que foi percebido que a Apple oferecia empréstimo maior para homens e valores menores para mulheres. “Dados personalizados podem impedir isso. Tem algoritmos para evitar esse tipo de viés”, alertou.

Morita levantou uma questão sobre o corretor de seguros. “Esse é um desafio importante para empresas que têm corretor como principal canal que é fazer a migração para o mundo digital trazendo sempre o corretor conosco”, disse.

Ele lembrou que a venda direta não é barata e que nos mercados que têm venda direta, o corretor tem relevância no processo. “O corretor tem vida longa”, disse.

Dragoni concordou. “Acreditamos no papel do corretor que é forte no papel de conselheiro do cliente. Nos seguros mais complexos, o corretor é essencial. Por isso, trabalhamos para oferecer os corretores o que tem de melhor em dados para que eles possam fazer a venda com o melhor aconselhamento”, ponderou.

Ele ressaltou ainda que o cliente é quem deve escolher como ele vai consumir o produto. “Ele tem que ter um produto adequado, customizado independente do canal que ele vai nos acessar, mas o corretor precisa estar com a tecnologia de ponta disponível”, ressaltou.

No fim do painel, Leonardo disse que a Better Fly acaba de receber investimento de fundos importantes. “O uso desses fundos é para preparar nossa chegada ao Brasil e oferecer nossa proposta às empresas brasileiras. Já estamos em conversas avançadas com seguradoras e fornecedores”, revelou.

Guilherme disse que a Shift também recebeu aporte em série B. “Estamos expandindo para América Latina e trabalhando além da detecção de fraude que é algo que conhecemos bastante”, finalizou.