Os "Dias da Marmota" que nos esperam em nosso futuro
Por Marcelo Cabeda
Prof. do Instituto Mauá de Tecnologia
Hoje, acordei pensando no filme Groundhog Day, Feitiço do Tempo - Dia da Marmota (1993). É certo, para mim, que aquilo que provoca o meu pensamento é o recrudescimento global da pandemia, Covid-19, um ano depois de sua chegada a estas bandas do planeta. No momento, o meu pensamento regressou a conhecimentos históricos do século 20 quando, ao fim da Primeira Grande Guerra Mundial, o mundo também passava por uma pandemia causada pelo vírus da gripe espanhola. O Tratado de Versalhes (1919), acordado entre os aliados vencedores (como se em guerras existissem vencedores…), para os alemães foi uma imposição. Existem historiadores que creem e afirmam ter sido esse tratado a causa-raiz da Segunda Grande Guerra Mundial.
Penso que a evolução humana acontece ou não por desafios cíclicos. Estamos vivendo o início de um novo ciclo extremamente desafiador. Se lembrarmos do filme estrelado por Bill Murray (creio que ficou marcado em todos que a ele assistiram), a crise de sentimentos vivida pelo personagem a cada novo dia que se repetia e o aprendizado gerado por sua experiência de viver de maneira repetitiva os eventos aprisionados pelo tempo trouxeram-lhe um ganho, quando ele desistiu de opor-se à situação e dedicou-se a evoluir como ser humano e a fazer o melhor pela sociedade e pelas pessoas com quem, repetidamente, encontrava dia após dia.
Voltando à crise que estamos vivendo e que, inocentemente, pensávamos estar sendo resolvida em 2021, quero salientar algumas razões levantadas em outubro de 2020, pela diretora executiva do Institute For The Future, Marina Gorbis, que me levou a uma jornada pelos cenários alternativos pós-Covid do IFTF para identificar os pontos de alavancagem para a transformação na próxima década e além.
Em Economia, para apenas citar um deles, Marina afirma que pesquisadores do Federal Reserve Bank, que estudam dados sobre fenômenos semelhantes ocorridos desde o século 14 na Europa até o momento, estimam que a depressão econômica decorrente do fenômeno Covid-19 pode durar até 40 anos. É realmente muito tempo para qualquer ser humano e, para mim, é o sentimento de que me acompanhará até o fim do meu próprio ciclo de vida. Charles E. Rosemberg, historiador americano da Medicina e Professor de Ciências Sociais na Universidade de Harvard, em citação a Marina, compara o que está para nos acontecer como uma drama em quatro atos:
Primeiro Ato: Revelação Progressiva. Ocorre quando as coisas irrompem abertamente e não podem mais ser ignoradas.
Segundo Ato: Gerenciando Aleatoriedades. Abrir escolas ou não? Prescrever hidroxicloroquina ou isso faz mal? A distância presencial entre pessoas deve ser de 2 ou de 4 m? Não há certezas. Somente suposições.
Terceiro Ato: Decidir por uma resposta pública em grande escala. Nesse momento definimos o que achamos que deve ser feito.
Quarto Ato: São mais cálculos. Acontece quando avaliamos o que acontece a cada nova medida empreendida. Quem será responsável para prevenir que não volte a acontecer?
Estamos nos primeiros dois atos e em alguns casos evoluindo para o terceiro. Precisamos refletir e agir globalmente sobre o que nos está acontecendo hoje, decorrente de decisões tomadas há décadas. De maneira similar às afirmações de Marina Gorbis, acredito que aquilo que fizermos hoje, se não for considerado o que pretendemos em nosso futuro amanhã, compromete nossas possibilidades, porque não podemos resolver o passado; só aprender com o que passou!
O jogo do nosso futuro está à nossa frente e nos desafia. Existem pessoas e instituições como o Institute for the Future, que trata profissionalmente o que se pode fazer no pós-pandemia. Em meu desejo, temos de voltar nossa atenção de maneira humanitária para os direitos das gerações futuras, mesmo que sacrifiquemos nossos interesses imediatos.
Nada de novo em termos de conceituar o ideal para nossa sobrevivência? Certamente não, mas, estudando a história e as condições atuais, podemos pensar que, antes de 2060, diante das ameaças atuais, há grande possibilidade de deixarmos de existir como seres dominantes e responsáveis pelo Planeta Terra.
Da surpresa à indignação, do ódio ao escárnio e ao narcisismo, o personagem de Bill Murray, no Dia da Marmota, chega à sabedoria e ao amor, após muitas experiências num rico gran finale ideal. Seremos capazes, como seres humanos, de assumirmos postura semelhante e vencermos o desafio que nos impõe a força dos fatos?
Referências:
Groundhog Day (O dia da marmota). Filme. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Groundhog_Day.
Institute for the Future (mensagem em vídeo por Marina Gorbis, CEO IFTF)
Marcelo Cabeda - Instrutor de Empreendedorismo, Qualidade e Inovação do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Empreendedor, Mestre em Engenharia de Produção, Especialista em Educação On-line Colaborativa, Especialista em Gestão Ambiental, Oceanólogo, co-fundador do Projeto TAMAR em Fernando de Noronha entre outras qualificações.
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