CVG RS: Victoria Werneck Avalia o Cenário Econômico Diante da Pandemia Prolongada

Já no início de sua explanação, Victoria observou que diante da pandemia, o mundo e o Brasil conseguiram se adaptar extremamente rápido a nova realidade que é a de isolamento social. “Essa palestra que estou fazendo agora é um exemplo típico. Não necessitei me deslocar de avião a Porto Alegre, nem precisei ficar em um hotel. Pela internet consigo palestrar, sem sair de casa, para várias pessoas através de uma tela de celular ou computador. Essa revolução tecnológica que aconteceria ao longo do tempo foi acelerada de uma forma significativa e muito surpreendente”, ressaltou. Ela considera que as pessoas que têm acesso à tecnologia e sabem utilizá-la tiveram um salto de produtividade impressionante.

Na avaliação da economista, o grande legado positivo da pandemia é essa revolução digital que, após o fim do isolamento social, possibilitará que muitas pessoas trabalhem de suas residências. “Isso evitará deslocamentos grandes ao local de trabalho, diminuindo o custo de transporte e evitando os engarrafamentos nas cidades. Por exercer a profissão na própria residência, muitos terão mais tempo para dedicarem-se a outras coisas, o que pode melhorar sua qualidade de vida”, pontuou a palestrante. Por outro lado, Victoria acha que é necessário que ocorra a diminuição brutal do grau de desigualdade: “precisamos garantir que todos tenham acesso a tecnologia e sejam inseridos no ambiente digital o mais rápido possível, pois do contrário essas pessoas ficarão muito para trás”.

Victoria também destacou que a recessão no Brasil em 2020 foi de 4,1%, o que pode ser considerada brutal, mas bem menor do que se esperava no início do ano passado: “devido à incerteza dos primeiros meses, os temores de queda acentuada no PIB não valiam apenas para o Brasil, mas para todo o planeta, já que ninguém falava em vacina e não existia remédio para a Covid-19”. Segundo a convidada, os estímulos monetários e fiscais fizeram uma enorme diferença em todos os países. “Apesar de sua má atuação no combate à pandemia, a popularidade de Bolsonaro está em alta devido ao auxílio emergencial que ele concedeu a contragosto para 67 milhões de brasileiros”, explicou a economista, que enfatizou a necessidade de avanço da vacinação em todo mundo: “infelizmente nesse aspecto o Brasil está muito atrasado em relação a grande parte das outras nações”.

Ainda sobre os aspectos políticos e sócio-econômicos brasileiros, Victória observou que o projeto de reeleição do atual presidente está trazendo desafios redobrados à condução da política econômica que se faz necessária. E que essa conduta vem impondo à economia uma crescente e paralisante incerteza fiscal.

“O Brasil já vinha apresentando um problema fiscal sério, com dívida altíssima do Governo em proporção ao PIB e ainda somado ao resultado do auxílio emergencial do ano passado, ocasionou um aumento brutal da dívida pública. Ao olharmos para o horizonte precisaremos enxergar a estabilização dessa bola de neve que é a dívida pública, do contrário estaremos em maus lençóis”, informou a economista.

Já em relação as principais economias do mundo em 2020, a palestante apresentou dados e fez ponderações a respeito da recessão mundial e expansão fiscal, da inflação, da expectativa de crescimento do PIB. Em relação aos EUA, que é a maior economia do mundo, a palestrante argumentou que seu novo presidente, Joe Biden, promoverá grandes mudanças em termos de política externa. “Suas primeiras medidas foram a volta do Acordo de Paris e o retorno a Organização Mundial da Saúde, além de reaproximar os EUA dos seus grandes aliados que são os países europeus. Em relação à China, Biden terá uma postura bem mais conciliadora que Trump, porém a reaproximação de seu país deverá ser tímida: “cerca de 70% da população norte-america são contra a China ”.

A palestrante informou que nas maiores economias do mundo a inflação não é uma preocupação e por esse motivo os governos desses países continuam gastando mais dinheiro com a pandemia e emitindo mais dívida pública para financiar esse gasto. “A nações mais ricas podem emitir mais dívida pública, pois apresentam contas fiscais bem melhores que as do Brasil.” A economista informou que está aumentando muito a liquidez no mundo, pois vários países continuam comprando títulos de empresas privadas ou títulos públicos no mercado: “essa liquidez viria para o Brasil se nosso país apresentasse dados macro-econômicos melhores.

Ao término de sua explanação, Victoria respondeu a questionamentos feitos pelo chat. Em uma das perguntas ela foi indagada qual é sua expectativa para a economia brasileira em 2021, se forem levados em conta fatores como inflação, redução de consumo e falta de confiança dos empresários. “Podemos crescer cerca de 3,5%, pois existe capacidade ociosa. Se não houver morosidade na vacinação poderemos crescer até mais. O desemprego vai diminuir. A inflação estará sob controle e minha perspectiva é bastante otimista em relação a situação que vivenciamos no ano passado. Entretanto, o melhor cenário de todos seria que tivéssemos um governo muito focado em reformas que são necessárias para poder reduzir gastos que não são despesas defensáveis” respondeu a economista.

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