Especialistas debatem os impactos sociais do empreendedorismo científico

O evento Empreendedorismo e ciência: novas tendências para impacto social, que acontece hoje, dia 20, no Cubo, vai debater o cenário do empreendedorismo no campo da ciência no Brasil e no mundo. Bill Carter, um dos fundadores da Ashoka, organização que cunhou globalmente o termo empreendedorismo social, vem para o Brasil para falar sobre seus estudos que olham, agora, para a interface entre essas duas áreas.

Embora seja comum olhar para a ciência como um campo distante do contexto social, o empreendedorismo no campo da ciência pode, sim, gerar impactos sociais significativos, melhorando de forma direta e indireta a qualidades de vida das pessoas. A diversidade da forma de se empreender na ciência é tão grande quanto os desafios que se propõe enfrentar. Cabem tanto as inovações que criam soluções aos problemas globais, como as questões climáticas, o acesso à água potável, a geração de energia e o combate fome, quanto os relacionados à saúde coletiva e individual, como o combate a epidemias e outras doenças.

Todavia, para se gerar soluções inovadoras aos problemas locais e globais é fundamental que se invista em iniciativas que trabalhem na busca dessas soluções. Dados da Unesco apontam que o Brasil possui cerca de 700 pesquisadores para cada milhão de habitantes, muito atrás de países como os Estados Unidos e Canadá, que têm cerca de 4 mil pesquisadores para cada milhão, e de Israel, que tem mais de 8 mil por milhão de habitantes. Os números demonstram o quanto ainda precisamos investir em pesquisa & desenvolvimento, em tecnologia e nas ciências no Brasil. Os números, consideravelmente preocupantes, apontam o quanto já poderíamos ter avançado em soluções inovadoras socialmente transformadoras.

Hoje, o déficit de pessoal qualificado, a baixa inserção científica e tecnológica internacional pelo país e o baixo investimento no campo são fatores que contribuem para o baixo desempenho do Brasil, se comparado a outros países. Atualmente, os investimentos brasileiros em Pesquisa e Desenvolvimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) são, proporcionalmente, a metade do que investem os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aproximadamente 30% do que se investe em países como Israel e Coréia do Sul.

Mas o que é para o país um grande desafio, também pode ser, hoje, uma grande oportunidade. O empreendedorismo científico está em plena expansão no Brasil e é uma porta de entrada para aqueles que desejam empreender, como para os querem investir com impacto social.

Bill Carter, que tem estudado este tema há alguns anos, diz que "neste momento em nossa história, cada vez mais cientistas estão descobrindo o Empreendedorismo Social como uma missão de vida profissional. O percurso que une a ciência aos desafios sociais para esses profissionais começa com um cientista fazendo as perguntas certas, respondendo e transformando-as em uma organização, recrutando os aliados e levantando os recursos necessários para tornar tudo isso em uma solução para o bem de todos - e especialmente para os mais pobres e mais vulneráveis entre nós".

Há alguns anos, a Ashoka tem intensificado a sua busca por empreendedores sociais que atuam no campo científico. Kim Nguyen, empreendedor social reconhecido pela ONG desde 2015, é um cientista que está redefinindo o papel das abelhas no ecossistema, transforma os produtores de mel em protetores da biodiversidade. Com a BeeOdiversity, Kim está mudando a maneira como vemos as abelhas, promovendo-as como um recurso essencial para o meio ambiente e para os seres humanos. Ele desenvolveu um plano de gestão integrado de abelhas que capacita todos os interessados ​​na cadeia de valor a promover a saúde das abelhas e a biodiversidade das plantas. Com seu método, o empreendedor conseguiu reduzir a mortandade das abelhas em apiários belgas de 30% para apenas 5%.

Mas quem são os brasileiros que trabalham para enfrentar os problemas do século XXI e do futuro? No Brasil, a juventude tem assumido o protagonismo do empreendedorismo na ciência. É o caso da jovem Kawoana Vianna (25), estudante de medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Já empreendedora quando ainda cursava o ensino médio, Kawoana desenvolveu um tecido de nanopartículas para evitar amputação em diabéticos. Hoje, premiada nacional e internacionalmente, Kawoana incentiva jovens estudantes à prática da pesquisa científica.

Assim como Kawoana, outros jovens no Brasil e no mundo passaram a liderar empreendimentos de impacto social através da ciência. É o caso de Marcelo Sousa (31), cientista empreendedor fundador da empresa Bright Photomedicine, que desenvolve o Light-Aid®, um curativo flexível aplicado à pele que utiliza luz para bloquear a dor em pacientes em reabilitação médica.

Kawoana Vianna e Marcelo Sousa são convidados da Ashoka e da Emerge para debaterem com Bill Carter as tendências deste novo caminho para o empreendedorismo no Brasil e os impactos possíveis e escaláveis que os investimentos e inovações do campo ciência podem gerar para a sociedade.

SERVIÇO:
Evento - Empreendedorismo e ciência: novas tendências para impacto social
Local: Cubo, rua Casa do Ator, 919 – São Paulo (SP)
Data: Dia 20 de junho de 2018, às 18h30.
Informações: (11) 3085-9190
Ingressos gratuitos clicando aqui
O evento será transmitido ao Vivo pela página da Ashoka Brasil no Facebook

Sobre Bill Carter - Bill Carter foi um dos membros fundadores da Ashoka. Depois de deixar o Conselho de Administração em fevereiro de 2009, Bill se juntou à Ashoka como Líder para a África. Antes de trabalhar em tempo integral na Ashoka, Bill foi CEO de uma empresa independente de energia, a Long Lake Energy Corporation, que desenvolveu hidrelétricas, cogeração e outros tipos de geração de energia. Atualmente, ele está explorando a interseção da Ciência e do Empreendedorismo Social.

Sobre a Ashoka - A Ashoka constrói e cultiva uma comunidade de líderes de mudança que acreditam que o mundo precisa de agentes de transformação social positiva. Juntos colaboramos para transformar instituições e culturas ao redor do mundo, para que todos e todas tenham a oportunidade de serem agentes de transformação social positiva. É a maior rede global de empreendedores e empreendedoras sociais do mundo, com mais de 3.500 membros, sendo 383 no Brasil. No país, atua há 32 anos.

Sobre a Emerge - A Emerge é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para impulsionar o Brasil Inovador por meio da ciência que transforma mercados e a sociedade. Através do desenvolvimento da maior comunidade de cientistas empreendedores no Brasil e do apoio a negócios de base científica que levam o conhecimento produzido nas universidades para o mercado, contribuímos com o desenvolvimento econômico, ambiental e social do nosso país.