Próteses valvares: a durabilidade depende da idade, não do método, afirma Dr. Renato Kalil
Estudos de até 20 anos demonstram que o glutaraldeído segue como referência em segurança e estabilidade.
A durabilidade das próteses valvares cardíacas, fator decisivo no momento da indicação para a troca valvar, está diretamente ligada à idade do paciente, e não ao método de preservação utilizado, afirma o cardiologista e cirurgião cardíaco Dr. Renato Kalil. Mesmo com o surgimento de novas tecnologias anticalcificação, a evidência acumulada em acompanhamentos de 15 a 20 anos mostra que as biopróteses tratadas com glutaraldeído continuam sendo as mais previsíveis e confiáveis, com desempenho amplamente documentado em milhões de implantes realizados ao redor do mundo.
Introduzido na década de 1970, o tratamento com glutaraldeído consolidou-se como padrão por oferecer grande estabilidade estrutural e baixo índice de deterioração tecidual ao longo do tempo. “A performance dessas válvulas é sólida, consistente e comprovada em séries clínicas extensas. Elas permanecem como referência em durabilidade”, explica o Dr. Kalil. Mesmo com tentativas de aprimoramento por meio de métodos que prometiam reduzir a calcificação, nenhuma dessas alternativas demonstrou superioridade em análises de longo prazo. Em alguns casos, próteses consideradas inovadoras apresentaram falhas estruturais precoces e precisaram ser retiradas do mercado. Outras permanecem disponíveis, mas ainda sem resultados consistentes em horizontes de 20 anos, apontados como “em avaliação” pelos próprios fabricantes.
Para o especialista, a variável que realmente determina o tempo de vida útil das biopróteses é a idade do paciente. Em jovens, o metabolismo acelerado favorece o depósito de cálcio no tecido biológico, levando à degeneração precoce da válvula, independentemente do método de preservação. “É natural buscar alternativas tecnológicas, mas a medicina precisa de evidências. E todas elas mostram que o fator mais influente na durabilidade é a idade, não o tratamento aplicado ao tecido”, reforça o Dr. Kalil.
Com o aumento da expectativa de vida e a maior demanda por cirurgias de troca valvar, a discussão sobre a durabilidade das próteses continua central. Entretanto, diante da robustez dos dados clínicos, Dr. Renato Kalil enfatiza que o glutaraldeído permanece como o método mais confiável, enquanto a decisão sobre o tipo de válvula precisa considerar, sobretudo, o perfil etário e metabólico do paciente.
Sobre o especialista
Dr. Renato Kalil é Professor Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da UFCSPA e Professor Emérito do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia, da Fundação Universitária de Cardiologia/Instituto de Cardiologia do RS. É referência nacional em Cirurgia Cardiovascular e Cardiopatias Congênitas, atuando no Hospital Moinhos de Vento, Hospital Divina e Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. É também membro titular da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina.
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