IPCA avança 0,73% em dezembro e consolida 2021 com alta de 10,06%
Marco A. Caruso | Lisandra Barbero | Eduardo Vilarim
Resumo
O avanço de 0,73% apresentado pelo IPCA de dezembro surpreendeu negativamente o mercado (em termos de maior inflação), ficando acima tanto das nossas expectativas (0,57%) quanto do consenso de mercado (0,64%). Com exceção da educação, todas as demais aberturas apresentaram avanço relevante no período, com destaque para vestuário (2,06%), alimentação (0,84% m/m) e saúde (0,75% m/m), sendo essa última a abertura que mais devolveu o efeito de preços pós descontos da Black Friday, sobretudo em itens de higiene pessoal, como perfumes e sabonetes. O número de dezembro consolida o ano de 2021, que fecha com alta de 10,06%, interrompendo uma série inflacionária altista em 12 meses (o IPCA de novembro foi de 10,74% 12m). Para 2022, as nossas projeções se mantêm em 5,2% visto que a média dos núcleos, que tende a desconsiderar do cálculo os itens mais voláteis do IPCA e os serviços, componentes mais inerciais da cesta de consumo, continuam em ascensão, prolongando parte do horizonte inflacionário. Em nossas previsões iniciais, projetamos um avanço de 0,54% do IPCA para janeiro, seguido de 0,79 % em fevereiro e 0,55% em março. Por esta razão, consideramos que inflação deva atingir um patamar inferior a dois dígitos a partir do mês de maio.
Detalhes
Vestuário, alimentação e saúde foram três dos nove grupos do IPCA que mais descolaram das nossas expectativas. No primeiro grupo, chamou a atenção o avanço contínuo de preços, mesmo durante o período da Black Friday (que concedeu descontos temporários “apenas” a itens como casacos femininos e sapatos infantis), avançando 1% em relação a novembro. A alimentação também avançou mais rápido do que o esperado, influenciada principalmente pelo avanço das carnes (em decorrência da reabertura da exportação de produtos para China) e é interessante observar o aumento de preços dos cortes mais “premium”, como o filé mignon e a picanha. Saúde, como mencionado anteriormente, foi a abertura que mais devolveu o efeito de preços pós descontos da Black Friday, sobretudo em itens de higiene pessoal, como sabonetes e perfumes, sendo que este último avançou 7,11% frente ao mês anterior (ainda abaixo da queda de 10,66% observada em novembro).
Apesar de pontuar as três aberturas, também chamamos atenção para os transportes, que cederam menos do que o esperado, avançando 0,58% ante novembro e a habitação, que se beneficiou do avanço menos pujante das tarifas de energia elétrica. Fazendo um pequeno paralelo, os preços administrados (ou monitorados) como um todo apresentaram avanços mais contidos, na ordem de “apenas” 0,05% frente a novembro.
Os serviços, componentes mais inerciais da cesta de consumo, apresentaram alta de 0,79% na comparação mensal (ante 0,27% de novembro). O número também foi influenciado pela Black Friday, em linha com a “devolução” de preços da alimentação fora do domicílio, que avançou 0,98% em dezembro.
A média dos núcleos, que tende a desconsiderar do cálculo os itens mais voláteis do IPCA, continua em trajetória de alta, sustentando-se em patamares bem acima do centro da meta de inflação para o período, apesar da queda do IPCA em 12 meses.
O número de dezembro consolida o ano de 2021, que fecha com alta de 10,06%, interrompendo uma série inflacionária altista em 12 meses (o IPCA de novembro foi de 10,74% 12m), sinalização clara de arrefecimento do quadro inflacionário. Para 2022, as nossas projeções se mantêm em 5,2% visto que a média dos núcleos e os serviços, continuam em ascensão, prolongando parte do horizonte inflacionário. Em nossas previsões iniciais, projetamos um avanço de 0,54% do IPCA para janeiro, seguido de 0,79 % em fevereiro e 0,55% em março. Por esta razão, consideramos que inflação deva atingir um patamar inferior a dois dígitos a partir do mês de maio.
*Polaridade = positiva, se a variação no mês for superior à do mês anterior e à média histórica; neutra, se a variação no mês for superior à do mês anterior, mas inferior à média histórica; negativa, se a variação no mês for inferior à do mês anterior e à média histórica.
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