Diário Econômico - Original - segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
Marco A. J. Caruso
Lisandra Barbero
Eduardo Vilarim
Diário Econômico
O Diário de hoje comenta a abertura negativas das bolsas em um mundo de juros mais elevados. Por aqui, o efeito cascata gerado pelo debate de reajuste salarial dos servidores movimenta o mercado e já atinge o prefixado.
Comentário Original
Mercados. Com semana carregada de dados e eventos econômicos relevantes aqui e lá fora, os principais ativos têm oscilação discreta esta manhã. Moedas sem tendência única – mas o real volta a perder 0,4% –, com os juros subindo mais uma vez nos EUA. Por aqui, o prefixado cede por conta do possível recuo do governo na concessão de reajustes salariais para todos os servidores. Futuro das bolsas no negativo nos EUA e Europa, assim como o Ibovespa. O destaque negativo segue com o Nasdaq, caindo mais de 1% nesse mundo de juros altos.
Ao longo da semana, os investidores acompanharão com atenção a audiência de confirmação do presidente do Fed, Jerome Powell, no Senado amanhã e os números de inflação ao consumidor por lá na quarta. A mediana do mercado já espera um CPI que atinge 7% ao ano nessa leitura, dado que se soma à nova aceleração dos salários vista na sexta-feira, com uma taxa de desemprego que já está abaixo do pleno emprego estimado pelo Fed.
Entre as commodities, vemos queda entre as metálicas e agro/softs, além do petróleo, mas com carvão e gás natural em alta de 4-5%. Nesse sentido, as negociações entre Rússia e Ucrânia avançam nessa segunda, mas ainda sem notícias públicas oficiais.
Sem reajuste. O presidente Jair Bolsonaro afirmou no sábado que o governo pode não conceder aumento a servidores este ano e apela para sensibilidade dos profissionais. As declarações do presidente acontecem na mesma semana em que importadores de combustíveis enviaram uma carta ao governo alertando para o risco pontual de desabastecimento em razão da demora para liberar os produtos (mais de dez dias). Auditores cobram a regulamentação de um bônus de cerca de R$ 3 mil.
Efeito cascata policial. O reajuste salarial prometido pelo presidente já pressiona governadores a aumentar os valores pagos às polícias Civil e Militar. É o caso de João Dória, que é alvo de críticas de ambas as corporações que planejam intensificar a campanha salarial até abril, data limite para concessão de aumento a servidores segundo a legislação eleitoral.
Benefício portuário. Jair Bolsonaro vetou um benefício tributário ao setor portuário atendendo a pedidos de Paulo Guedes e contrariando a vontade de Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). A medida estava prevista no projeto de lei que altera a cabotagem no país, proposta chamada de BR do Mar. À Folha, o Ministério da Economia informou que a eliminação do benefício fiscal em 2021 gerou quase R$ 260 milhões aos cofres públicos.
Refis. Após vetar o projeto aprovado pelo Congresso e depois prometer que o Refis para pequenas empresas sairia por MP até terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro ainda não tem uma solução para o parcelamento de dívidas tributárias dos empreendedores, já que temas referentes ao Simples Nacional não podem ser tratados por MPs. De acordo com o Ministério da Economia, a renúncia fiscal prevista com a abertura do programa seria de quase R$ 1,7 bilhão. Entretanto, presidente ainda deve apresentar alguns projetos que auxiliem as pequenas empresas
Auxílio Indevido. O TCU apontou que ao menos R$ 4,9 bilhões em parcelas do auxílio emergencial pagas de forma indevida em 2020 poderiam ter sido evitadas, caso Bolsonaro tivesse implantado um sistema de bases integradas com dados de aposentadorias, pensões e remunerações. Na prática, o prejuízo pode ser ainda maior. O pente-fino mirou apenas R$ 9,8 bilhões em pagamentos indevidos pelo Ministério da Cidadania, mas a corte estima que o governo gastou R$ 21,5 bilhões a mais do que o necessário, considerando as regras de elegibilidade do programa.
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