Diário Econômico- Banco Original
Marco A. J. Caruso
Lisandra Barbero
Eduardo Vilarim
Diário Econômico
O Diário de hoje comenta a abertura positiva das bolsas, mesmo diante da forte aceleração da Covid, que atingiu 1 milhão de novos casos ontem. Por aqui, a busca por reajustes salariais dos servidores e a desoneração de folhas pressionam o fiscal.
Comentário Original
Mercados. Bolsas abriram em alta lá fora, mais uma vez com a Europa como destaque. Dólar avança sobre as moedas emergentes, com as Treasuries retomando a tendência de alta vista ontem; aliás, esse foi um dos destaques de ontem, quando o título de 10 anos nominal abriu mais de 10 pontos sem um novo gatilho óbvio.
Interessante que o movimento acontece mesmo com a forte aceleração da Covid, que atingiu 1 milhão de novos casos ontem. Duas teses aqui: a renda fixa vê a pandemia como águas passadas ou como mais uma onda inflacionária. Como metade do movimento dos 10 anos veio pela inflação implícita (tese 2) e a outra metade pelos juros reais (tese 1), não é possível identificar a leitura dos investidores. Petróleo mais uma vez nos arredores de US$ 80/barril à espera da reunião da OPEP hoje, que deve confirmar o aumento já combinado na produção.
Outro grande destaque de ontem veio da piora expressiva dos mercados locais ao longo do dia, descolado do restante do mundo. O newsflow está bastante esvaziado, então as conjecturas seguem as mesmas: novas pressões por aumentos salariais de servidores (agora do sindicato do BC) e especulações sobre as possíveis respostas do governo à onda contratada de novos casos da Ômicron por aqui.
Servidores do orçamento. Segundo a Folha, os servidores da área de planejamento e orçamento do governo federal decidiram ontem aderir ao movimento de paralisação em janeiro como forma de pressionar o Planalto a negociar um reajuste salarial. A data de paralisação, prevista para 18 de janeiro, foi divulgada em reunião pelo Fonacate, que reúne 37 associações e sindicados, 30 delas representando categorias do serviço público federal, como o Tesouro Nacional e a Receita Federal. O movimento foi deflagrado após Bolsonaro liberar R$ 1,7 bi para reajuste de policiais federais no Orçamento deste ano e tendo em vista que a maioria dos servidores públicos está com o salário defasado em 27,2% (sem reajuste desde 2017).
Desoneração. O TCU está em alerta após a decisão do presidente Jair Bolsonaro de sancionar a prorrogação da desoneração da folha dos 17 setores que mais empregam na economia. Isso porque não houve medidas para compensar a perda de R$ 9,1 bilhões na arrecadação em 2022, que contava com a sobretaxa do IOF e a CSLL como recomendação do próprio Ministério da Economia. A Secretária-geral da Presidência afirmou que a compensação não seria necessária porque se trata de prorrogação de benefício fiscal já existente.
Benefícios fiscais. Ainda no âmbito fiscal, de acordo com Adriana Fernandes (Estadão), alguns setores que tiveram benefícios retirados ou ficaram de fora de medidas de alívio tributário já se articulam para reverter a situação em 2022. Enquanto o setor petroquímico perdeu incentivos tributários, o governo zerou a alíquota de IR cobrado de empresas aéreas sobre o arrendamento de aeronaves em 2022 e 2023, além de prorrogar por cinco anos a isenção de IPI na compra de automóveis novos por taxistas, motoristas de aplicativo e pessoas com deficiência. A consequência foi que outros segmentos de serviços passam a pressionar o governo em busca de desoneração ainda no primeiro semestre do ano.
Combustíveis. Segundo um levantamento realizado pela ANP, o preço médio da gasolina nos postos brasileiros subiu 46% em 2021, indo de R$ 4,58 para R$ 6,67. O etanol também apresentou alta considerável no acumulado do ano, indo de R$ 3,18 para R$ 5,06 por litro no mesmo período, em média, um aumento de 59%.
Balança Comercial. A balança comercial fechou o ano de 2021 com um superávit recorde de US$ 61 bilhões, maior valor histórico em exportações e em corrente de comércio (US$ 500 bi). Alguns especialistas avaliam que a performance do setor resultou principalmente de fatores conjunturais que não devem contribuir com a mesma força em 2022. Por exemplo, do lado das exportações, espera-se um ajuste de preços de commodities como o minério de ferro, que deve ficar com cotação média abaixo da do ano passado enquanto as importações devem sofrer pressões do baixo desempenho da atividade e pelo câmbio.
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