Após dados negativos da indústria e comércio, serviços também recuam em outubro
Marco A. Caruso | Lisandra Barbero | Eduardo Vilarim
Resumo
Após a sequência de dados negativos da indústria e do comércio em outubro, o setor de serviços também frustrou as expectativas ao apresentar alta de apenas 7,5% na comparação interanual no período, o equivalente a uma queda de 1,2% na comparação com setembro. O resultado, influenciado especialmente pela fragilização dos segmentos de tecnologia da informação, serviços administrativos e outros serviços, ficou bem abaixo tanto das nossas expectativas quanto do consenso de mercado (ambas em 0,1% m/m). Todos os números de outubro ficaram abaixo das nossas projeções, colocando viés negativo sobre a nossa projeção de PIB, hoje em 0,2% t/t e 4,8% para o fechamento de 2021.
Detalhes
Surpreendendo negativamente o mercado, o “carro chefe” da atividade econômica perdeu fôlego em outubro e já traz um viés de baixa para o PIB do 4TRI2021.
O resultado foi bastante negativo, com destaque para “outros serviços” (-6,7% m/m), segmento que incorpora atividades imobiliárias, serviços de manutenção e reparação, serviços de agricultura, entre outros. Entendemos que a performance do setor reflete a queda da renda real média da população, aumento generalizado dos preços e do custo do crédito, com elevações da taxa básica de juros, a Selic. De fato, há diversos sinais de que o setor imobiliário/construção civil começa a sentir a piora nas suas condições de contorno.
Outros segmentos também se mostraram fragilizados em meio ao cenário econômico, como é o caso dos serviços técnico-profissionais. O desempenho dos setores reforça a ideia de que há (1) um aumento da desconfiança dos agentes econômicos com relação à capacidade de recuperação da economia brasileira e (2) uma dificuldade na realocação de tais profissionais no mercado de trabalho. Fazendo um paralelo, a PNAD tem mostrado uma criação maior de vagas de trabalho, lideradas especialmente pelo setor de serviços, mas que possuem um “qualitativo” pior, com criação de vagas concentrada em trabalhadores de menor qualificação.
Por outro lado, a performance ainda positiva do segmento de “alojamento e alimentação” (bares, hotéis e restaurantes) continua a chamar a atenção. O setor segue se beneficiando da normalização da mobilidade com a redução das medidas de distanciamento social e o otimismo com o avanço da vacinação. Aqui, entendemos que as famílias de maior renda já estejam gastando parte da poupança circunstancial (criada no pico pandêmico em 2020) no consumo desses serviços presenciais.
Com todas as pesquisas do IBGE surpreendendo negativamente as nossas projeções, fica claro o viés negativo sobre a nossa projeção de PIB, hoje em 0,2% t/t e 4,8% para o fechamento de 2021. Para 2022 o recado é o mesmo. Revisaremos oficialmente os nossos números em nossa próxima reavaliação mensal de cenário.
*Polaridade de curto prazo: Alta se a performance mensal for superior à performance média dos últimos três meses. Baixa se for o contrário.
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