IPCA de novembro vem abaixo do esperado, influenciado por descontos da Black Friday
Marco A. Caruso | Lisandra Barbero | Eduardo Vilarim
Interrompendo uma série de surpresas inflacionárias altistas, o avanço de 0,95% apresentado pelo IPCA de novembro surpreendeu o mercado. O resultado ficou abaixo tanto das nossas expectativas (1,12%) quanto do consenso de mercado (1,09%). Saúde (-0,57% m/m) e alimentação (-0,04 m/m) foram as aberturas que mais descolaram das nossas projeções, por efeito dos descontos da Black Friday. O número traz um viés negativo para as nossas projeções de IPCA para 2021, que caminha para os 10,00%, mas, para 2022, as nossas projeções se mantêm em 5,2% visto que parte relevante da surpresa se deu por eventos transitórios.
Detalhes
Saúde e alimentação e bebidas foram dois dos nove grupos do IPCA que mais descolaram das nossas expectativas, afetados, de maneira pontual, pelos descontos da Black Friday. No primeiro grupo, a queda dos itens de cuidados pessoais (maquiagem e perfume) e produtos óticos foram os principais responsáveis pela diferença apurada nos resultados do IPCA-15 (quando o setor de saúde avançou 0,80% m/m). Alimentos e bebidas, embora ainda pressionados no acumulado em 12 meses, apresentaram queda em novembro, puxados pela queda na alimentação fora do domicílio (fast food / lanches). Carnes (antes mais pressionadas) cederam 1,38% no mês, influenciadas pela queda de cortes “classe C”, como costela, acém e músculo. Já a alta de transportes era esperada, com o aumento dos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobrás em novembro.
Os serviços, componentes mais inerciais da cesta de consumo, apresentaram alta de “apenas” 0,28% na comparação mensal (ante 1,04% de setembro), reforçando o entendimento de que há uma certa dificuldade no repasse de preços ao consumidor e, portanto, na recomposição das margens. Ao mesmo tempo, vale perceber que a o número também foi influenciado pela Black Friday, em linha com a surpresa com alimentação fora do domicílio.
A média dos núcleos, que tende a desconsiderar do cálculo os itens mais voláteis do IPCA, continua em trajetória de alta, sustentando-se em patamares bem acima do centro da meta de inflação para o período.
O resultado de novembro um pouco abaixo do esperado traz um viés negativo para as nossas projeções de IPCA para 2021, que caminha para os 10%. Há sinais iniciais de arrefecimento do quadro inflacionário, evidenciado pelos preços no atacado, mas as nossas estimativas para 2022 se mantêm em 5,2%, com o IPCA mantendo-se em 2 dígitos pelo menos ao longo no primeiro trimestre. Como vimos acima, parte relevante da surpresa se deu por eventos transitórios como os descontos na segunda metade do mês, típicas do período, mas de difícil mensuração prévia pelos analistas.
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