Pesquisa divulgada no Fórum Data Favela mostra que negros ainda têm menos oportunidades educacionais
Estudo mostra também que mais da metade dos professores negros já sofreram violência dentro da sua escola
O webinário Fórum Data Favela, promovido pela Central Única das Favelas (CUFA), Instituto Locomotiva e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), apresentou a pesquisa “Educação, Cultura e Racismo”.
Além da apresentação da pesquisa, o webinário teve um debate entre os fundadores do Data Favela, Celso Athayde, também fundador da CUFA, Renato Meirelles, também presidente do Instituto Locomotiva, a Diretora e Representante da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto, o cantor Gilberto Gil, a apresentadora e atriz Regina Casé, o publicitário Hugo Rodrigues, o professor, escritor e doutor em educação Daniel Munduruku e a jornalista Flávia Oliveira.
A pesquisa aponta que o Ensino Básico Público possui, aproximadamente 60% de alunos negros. Enquanto que no privado, são 60% de brancos. Mesmo com todas as políticas afirmativas, na faculdade pública, os negros ainda não são maioria. São 54% de não negros nas cadeiras universitárias públicas brasileiras.
“Realizamos cinco edições do Fórum Data Favela e chegamos à conclusão que ainda temos um longo caminho a percorrer no que diz respeito à inclusão dos negros nos espaços de poder. Mas a educação, um dos temas debatidos é bem grave, pois em uma sociedade onde a maioria tenha dificuldade no acesso à educação, o seu desenvolvimento fica comprometido”, pontuou Celso Athayde, fundador da CUFA.
Quando são apresentados os dados de violência, a situação se torna mais alarmante: 37% dos estudantes negros já sofreram violência em suas escolas, e 58% dos professores negros também. Além disso, 82% de alunos negros e 95% dos professores negros já souberam de violência em escolas estaduais, no último ano.
“É muito difícil pensar em resolver o racismo estrutural no Brasil sem que se gere oportunidades de inclusão para a população negra. Também é muito difícil imaginar uma elite econômica no Brasil abrindo portas para questão da diversidade sem que ela, desde a infância, conviva com a diversidade em espaços de igualdade”, disse Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
O cantor e compositor Gilberto Gil bateu na tecla da importância das políticas públicas, para o desenvolvimento da sociedade e para que os espaços de poder tenham mais representatividade. “Precisamos ter uma atitude proativa na construção de políticas públicas no Brasil, e mostrar para a sociedade a importância delas. Só assim conseguiremos a reparação necessária para o nosso desenvolvimento como sociedade. E precisamos ter representatividade preta dentro do poder público para que essas políticas continuem sendo desenvolvidas”, observou.
A diretora da UNESCO Marolova Noleto foi na mesma linha do cantor baiano e exemplificou. “A política pública é um grande guarda-chuva que num dia de temporal abriga a todos. E a boa política pública passa por uma política antirracista”, disse.
A atriz Regina Casé pediu maior representatividade: "Numa sociedade desenvolvida deveria ser normalizado os negros nos espaços de poder. A maioria tem que ser maioria em todos os lugares. Não deveria ser novidade os pretos jornalistas fazendo um debate na televisão, nem negros ocupando cadeiras nas universidades. Temos que fazer mais debates como o de hoje para reverberar esta demanda da sociedade”, sublinhou.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>