Por que a governança de dados está assumindo o papel do ESG
*Por Raphael Saraiva
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas - COP30, realizada em Belém (PA), foi mais do que um encontro sobre clima — foi um espelho do nosso tempo. Um tempo em que sustentabilidade não se limita às florestas e oceanos, mas se estende aos fluxos invisíveis de informação que movem o mundo digital. Porque, no fim das contas, o dado também é um recurso natural: nasce, é processado, armazenado, e pode ser desperdiçado ou usado com inteligência.
Durante décadas, tratamos a sustentabilidade como uma pauta ambiental e a transformação digital como uma revolução tecnológica. Só que, em 2025, as duas dimensões se encontram. O que a COP30 mostrou sobre governança de dados é simples, mas poderoso: não há futuro sustentável sem ética, transparência e responsabilidade também no uso da informação.
Segundo a Gartner, até 2027, 80% dos líderes de “Digital Workplace” deverão integrar ferramentas de monitoramento de ESG às suas operações, contra menos de 5% hoje. Isso mostra que a sustentabilidade deixou de ser apenas uma meta ambiental e passou a ser um modelo de governança. E governança, no contexto digital, significa saber de onde vêm os dados, como são tratados, com que propósito são utilizados e como são descartados.
Assim como um relatório ambiental precisa de medições confiáveis de carbono, a gestão sustentável do mundo digital precisa de dados íntegros e acessíveis. É o mesmo princípio: não se melhora o que não se mede. E se o planeta está sufocado por emissões de gases de efeito estufa, as organizações também se afogam em dados mal governados, fragmentados, redundantes, e às vezes até tóxicos.
Na prática, o que vemos é um novo tipo de pegada: a pegada de dados. Ela inclui o volume de informações que uma empresa armazena sem necessidade, o consumo energético dos data centers, e até o impacto social das decisões automatizadas por algoritmos. A sustentabilidade digital, portanto, não é apenas um conceito bonito, é uma urgência operacional.
A COP30 reforçou isso ao colocar a integridade da informação entre os eixos de debate. A ONU e a UNESCO lançaram recentemente o projeto Global Initiative for Information Integrity on Climate Change, para combater a desinformação climática. A lição é clara: não existe sustentabilidade sem confiança, e não existe confiança sem governança de dados.
No mundo corporativo, isso significa que ESG e governança digital caminham lado a lado. Uma empresa que coleta dados de forma opaca, que não audita seus algoritmos ou que não sabe onde suas informações são armazenadas está repetindo, em escala digital, o mesmo erro ambiental de décadas passadas, o de explorar sem medir as consequências.
O que a COP30 nos inspira a fazer é um “acordo de Paris dos dados”: uma transição ética, transparente e responsável do modo como tratamos a informação. Porque dados não são neutros, eles carregam escolhas, intenções e impactos. Governá-los bem é um ato de sustentabilidade.
A boa notícia é que isso já está acontecendo. Diversas empresas estão incorporando políticas de ESG digital, adotando métricas de eficiência energética em nuvem, auditorias de IA e gestão ética de dados. Mas ainda há um longo caminho até que a governança de dados seja percebida como parte indissociável do propósito organizacional, e não apenas como uma exigência regulatória.
Talvez essa seja a principal mensagem deixada pela COP30 para o mundo digital: sustentabilidade não é sobre limitar o progresso, mas sobre garantir que ele seja confiável, ético e duradouro. Assim como a floresta precisa de raízes para crescer, a transformação digital precisa de governança para florescer. No fim, cuidar dos dados é, também, uma forma de cuidar do planeta.
* Raphael Saraiva é Innovation Technology Partner da Netbr by SEK, empresa referência em soluções de identidade digital e segurança da informação.
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