Redes sociais apostam na nostalgia para aumentar o engajamento no fim do ano

O aumento de conteúdos nostálgicos nas redes sociais durante o fim do ano não é coincidência. Segundo Gabriela Inthurn, coordenadora do curso de Psicologia da UNIASSELVI, o período de encerramento de ciclo intensifica emoções ligadas à memória, criando um ambiente ideal para que plataformas digitais usem a nostalgia como ferramenta de engajamento.

Gabriela explica que esse padrão é culturalmente construído. “Culturalmente, o fim do ano, Natal e Ano Novo são momentos que nos levam a repensar a vida e o ano que passou e a planejar coisas para o próximo ano. É um comportamento socialmente aprendido na cultura ocidental”, afirma. Esse movimento emocional torna o público mais suscetível a revisitar lembranças, o que amplia a resposta afetiva a conteúdos que recuperam músicas, imagens, rotinas e referências de outras épocas.

Segundo a psicóloga, os algoritmos identificam essa disposição emocional e a utilizam como estratégia para manter o usuário conectado. “A nostalgia, quando positiva, pode nos fazer voltar a um local de conforto e reviver sentimentos daquele momento. Os algoritmos aproveitam esse sentimento entendendo que estamos sempre em busca de algo bom e de conforto. Se a nostalgia nos leva a isso, ela prenderá nossa atenção”, explica.

O fenômeno, porém, não é exclusivamente positivo. A nostalgia pode gerar acolhimento, mas também pode desencadear tristeza, idealização excessiva do passado ou autocrítica. “Ela pode retornar você a um local confortável e bom, mas também pode fazer você retornar a momentos ruins. Temos o comportamento de tentar entender e editar o que aconteceu conosco, por isso voltamos tanto a pensar no que aconteceu e como poderíamos ter agido diferente. Se essa nostalgia leva você a se julgar, avaliar mal você mesmo, pode não ser algo saudável”, destaca Gabriela.

Para consumir esse tipo de conteúdo de forma mais consciente, a coordenadora da UNIASSELVI recomenda atenção ao contexto e à própria realidade. “Sempre se lembre de parar para pensar na sua realidade, nas suas condições e em quem você é. Aquele conteúdo é um recorte e não toda a realidade”, orienta. A especialista reforça que o pensamento crítico é essencial para evitar manipulações emocionais sutis que influenciam humor, decisões e comportamentos no ambiente digital.

Sobre a UNIASSELVI

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