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Por que o seguro rural no Brasil precisa de tecnologia para reduzir riscos e ampliar a resiliência

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Por Rodrigo Zuini, CTO da Picsel*

O seguro rural brasileiro finaliza 2025 pressionado por uma combinação de restrição fiscal e envelhecimento técnico que já compromete a proteção no campo. O congelamento de R$ 445 milhões do orçamento destinado ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, que deveria contar com R$ 1,06 bilhão, evidencia a dependência de um modelo que não consegue funcionar sem forte aporte estatal. Em um país cuja produção agrícola responde por mais de R$ 800 bilhões anuais, segundo o Ministério da Agricultura, operar com um sistema vulnerável significa expor produtores e seguradoras a riscos crescentes em um cenário climático cada vez mais extremo.

Essa vulnerabilidade fica ainda mais evidente ao observar a baixa cobertura do seguro rural. Apenas 11,4 milhões de hectares estiveram segurados em 2023, cerca de 16% da área agrícola relevante. Ao mesmo tempo, os eventos climáticos se intensificam: 2023 foi registrado pela Organização Meteorológica Mundial como o ano mais quente da história, e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas projeta maior frequência e severidade de extremos em regiões tropicais. Com grande parte do país descoberta e a instabilidade atmosférica crescendo, os impactos financeiros de uma safra perdida recaem diretamente sobre milhares de produtores sem qualquer proteção.

Parte do problema está no modelo tradicional de cálculo de risco. A utilização de médias regionais ignora diferenças significativas entre talhões — como fertilidade, manejo, histórico de pragas e microclima — gerando o chamado risco de base. Essa imprecisão cria um ciclo problemático: seguradoras aumentam margens para compensar incertezas, produtores percebem desalinhamento entre risco real e risco cobrado, a adesão diminui e a dependência de subsídios se intensifica. Assim, o setor permanece preso a um modelo que dificulta o amadurecimento técnico e a sustentabilidade do seguro rural.

Felizmente, avanços tecnológicos oferecem uma alternativa para quebrar esse ciclo. A digitalização do agronegócio avança rapidamente: a GS1 Brasil registra crescimento contínuo na adoção de soluções digitais, e a Embrapa mostra que mais de 70% dos produtores utilizam ferramentas tecnológicas no manejo. Dados de sensores, mapas de produtividade, histórico climático e imagens de satélite permitem análises detalhadas. Combinados a inteligência artificial e monitoramento contínuo, esses recursos possibilitam precificação mais precisa, reduzem a assimetria entre produtor e seguradora e aceleram processos que antes levavam dias.

Transformar essa infraestrutura de dados em política pública estratégica e modelo de negócio sustentável é crucial para expandir o seguro rural. Um ambiente de contratação mais justo e transparente tende a reduzir prêmios, estimular competição entre seguradoras e diminuir a vulnerabilidade financeira do produtor. Em um cenário de clima cada vez mais imprevisível, a simples ampliação de subsídios não resolve as falhas técnicas que elevam o risco de base. Construir um seguro rural moderno, preciso e orientado por dados é, portanto, o passo necessário para consolidar o setor como pilar de estabilidade econômica e de resiliência frente às mudanças climáticas.

*Rodrigo Zuini é CTO da Picsel, com mais de 20 anos de experiência em tecnologia, dados e transformação digital. Atuou globalmente em projetos de larga escala e liderou times de alta performance em empresas de diversos setores.


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