Gerir riscos nas empresas: liberdade e segurança na tomada de decisão
Por Fernando Manfio*
No ambiente corporativo, os maiores riscos não estão apenas nos relatórios financeiros ou nos cálculos estatísticos. Eles se escondem em algo mais sutil: os hábitos que moldam decisões diárias e se repetem de forma quase invisível. É nesses padrões automáticos que surgem distorções de julgamento, escolhas precipitadas e resistências à inovação. A gestão de riscos vai além de dominar modelos e algoritmos, exigindo consciência sobre como as escolhas realmente são feitas. Afinal, cada decisão é moldada não só por dados, mas também por crenças individuais e pela cultura organizacional.
Ferramentas analíticas são indispensáveis, mas não substituem o fator humano. Dados da Serasa Experian indicam que mais de 72 milhões de brasileiros estão inadimplentes, o equivalente a 43% da população adulta. Esse dado mostra que o problema não é falta de informação, mas sim como as decisões financeiras são tomadas diante dela. Em empresas, algo semelhante ocorre, relatórios e métricas abundam, mas vieses inconscientes, pressões culturais e padrões emocionais silenciosos acabam determinando estratégias. Uma pesquisa da McKinsey aponta que apenas 20% dos executivos acreditam que suas organizações são eficazes em tomar decisões rápidas e de alta qualidade, revelando uma lacuna entre a quantidade de dados disponíveis e a qualidade do julgamento aplicado.
É comum acreditar que processos técnicos garantem racionalidade, mas a prática mostra o contrário. Líderes bem-sucedidos podem acumular conquistas e, ainda assim, sentir que suas decisões estão sendo tomadas em piloto automático. Rotinas se repetem, cargos deixam de inspirar e estratégias se mantêm apenas porque sempre foram assim. Um estudo do World Economic Forum indica que mais de 85% dos erros corporativos graves têm relação com fatores humanos, como excesso de confiança ou aversão ao conflito. Isso demonstra que mesmo análises sofisticadas não eliminam o peso dos hábitos invisíveis.
Recuperar a liberdade de decidir é, portanto, essencial, e essa liberdade não se confunde com agir sem critérios, mas sim com a capacidade de evitar escolhas motivadas apenas por medo, vaidade, conveniência ou pressão. Sustentar uma estratégia diante do risco exige desprendimento do conforto do previsível, já que cada decisão individual tem o poder de reforçar ou fragilizar a cultura de uma organização. Quando uma ideia é silenciada, um conflito é evitado ou uma prática não é questionada, o que se perpetua é o ciclo da inércia.
Quando líderes optam por decisões reativas, as equipes tendem a reproduzir o mesmo padrão, mas o contrário também se confirma, já que escolhas feitas com consciência criam ambientes favoráveis à inovação, à confiança e à adaptabilidade. A alta performance não nasce de processos impecáveis, mas sim da coerência entre valores, estratégia e execução, e essa coerência somente se torna possível quando existe autoconhecimento aliado à clareza de intenção. Logo, a questão que deve guiar líderes não é se os resultados estão aparecendo, mas se estão sendo alcançados com liberdade real de escolha. A liberdade que tantas organizações buscam está sempre a uma decisão de distância.
*Fernando Manfio é engenheiro, especialista em gestão de riscos, mentor de líderes e criador da metodologia Cultura Decisiva, que integra neurociência, inteligência emocional e estratégia para transformar padrões inconscientes de decisão em alta performance organizacional.
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