Segurança do trabalho: como a nova NR-1 representa oportunidade para empresas

A fase da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que estabelece diretrizes gerais sobre saúde e segurança no trabalho no Brasil, passará por um novo ciclo de transformações. Com o cronograma atualizado pela recente Portaria MTE nº 765/2025, o início da fiscalização, antes previsto para este ano, acabou prorrogado para maio de 2026, ampliando o prazo de transição e oferecendo às empresas um tempo adicional importante para se adaptarem às exigências.

Apesar do intervalo, é fundamental que o período agora estendido não seja encarado como justificativa à inércia. Aliás, muito pelo contrário. Deve ser visto como uma oportunidade para que empresas se preparem com calma e foco na estratégia preventiva de gestão. Até por isso, muitas das mudanças propostas já deveriam ser implementadas desde agora, como parte de um esforço contínuo de mitigação de riscos, qualificação profissional e conformidade legal.

Dentre os principais avanços com a nova norma, destacam-se a obrigação de programas de capacitação periódicos, a incorporação de metodologias de ensino mais eficientes e a responsabilização direta dos empregadores pela efetividade dos conteúdos ministrados. Os requisitos reforçam a importância de um ambiente de trabalho seguro, bem como impulsionam a construção de uma cultura organizacional voltada ao cuidado integral dos colaboradores.

Mais do que isso, as mudanças acontecem em meio a um preocupante para o mercado brasileiro. Só em 2024, foram mais de 3,5 milhões de pedidos de licença ao INSS por doenças, sendo 472 mil por questões de saúde mental. Ao mesmo tempo, dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelam um crescimento de 44,5% nas consultas com psiquiatras nos últimos cinco anos.

A atualização da NR-1, nesse contexto, representa uma oportunidade para repensar a forma como organizações se relacionam com seus times, adotando uma postura proativa e estruturada. Empresas com grande número de colaboradores, alta rotatividade ou equipes distribuídas territorialmente precisam investir desde já em práticas de comunicação contínua, com soluções escaláveis e eficazes para se autodeclararem adequadas à norma - e reitero, o quanto antes implementarem tais ajustes, melhor para garantirem um ambiente de trabalho mais saudável para todos.

Dentro desse processo transitório, a tecnologia, mais uma vez, surge como peça fundamental uma vez que o novo modelo proposto pela NR-1 é mais moderno, flexível e conectado à realidade de instituições brasileiras. Ao sugerir o uso de plataformas digitais, ferramentas de avaliação e treinamentos remotos, a norma se alinha às necessidades de negócios que desejam promover segurança com eficiência em ambientes compartilhados.

As plataformas de comunicação interna, por exemplo, são capazes de centralizar conteúdos, viabilizar treinamentos a distância, monitorar indicadores de engajamento e garantir a padronização dos processos de ensino, independentemente da localização ou função dos profissionais.

Sendo assim, muito além de uma adaptação, a atualização na NR-1 convida as empresas a assumirem o protagonismo de ambientes de trabalho mais seguros e humanos. Marcas que enxergarem o período de transição apenas como uma obrigação estarão perdendo a chance de sustentar uma transformação cultural profunda, onde prevenção, tecnologia e cuidado passem a caminhar juntos. Pensar desde já nessa soma é, acima de tudo, um sinal de maturidade e respeito por quem faz o negócio acontecer todos os dias.

*Leandro Oliveira é head de EMEA e mercado no Brasil. O executivo traz consigo mais de 20 anos de experiência no setor de tecnologia e desenvolvimento de projetos, sendo cerca de 12 desses atuando em cargos de liderança. Com pós-graduação pela Heriot-Watt University e MBA Internacional em Administração e Gestão pela IE Business School, Oliveira conta ainda com um histórico comprovado de sucesso na implementação de projetos estratégicos de TI alinhados aos objetivos de negócio, com foco em inovação e crescimento dentro do mercado financeiro, além de sólida expertise em arquitetura de sistemas, segurança cibernética e democratização do acesso à tecnologia.