Empresas brasileiras exigem conectividade segura além do bloqueio de provedores ilegais ^(Destaque)

A recente decisão da Anatel de endurecer o cerco contra provedores de internet associados a organizações criminosas é, sem dúvida, um avanço importante para a segurança digital no país. No entanto, ela também expõe uma fragilidade preocupante: até que ponto medidas punitivas isoladas são suficientes em um cenário em que o crime organizado já opera com infraestrutura de tecnologia de ponta?

Do ponto de vista corporativo, esse alerta precisa ser levado a sério. É preciso entender que bloquear provedores maliciosos é apenas parte da equação. Se as empresas continuam operando com redes frágeis, desatualizadas e sem visibilidade adequada, estarão apenas adiando o inevitável: a violação de seus sistemas. O cibercrime não respeita fronteiras e muito menos estruturas vulneráveis.

Tenho acompanhado uma crescente preocupação das empresas em modernizar sua infraestrutura digital. Isso significa ir além do firewall tradicional. Soluções como redes privadas, observabilidade contínua, mecanismos de redundância e autenticação em múltiplos níveis já são realidade entre as organizações que desejam blindar suas operações. Estamos falando não somente sobre apenas reagir a ataques, mas antecipá-los.

Segurança digital não se faz com ações pontuais ou cortes emergenciais. É preciso adotar uma postura proativa, com visibilidade de ponta a ponta e integração total entre conectividade e proteção. A empresa que não tiver uma infraestrutura preparada para detectar e responder a comportamentos anômalos em tempo real está, inevitavelmente, mais exposta.

O endurecimento das regras por parte da Anatel é um passo importante. Mas, para conter de fato a atuação do crime digital, é necessário que o setor privado também faça sua parte, investindo em ambientes digitais resilientes, inteligentes e seguros desde a origem. Sem isso, seguiremos tratando os sintomas, e não a raiz do problema.

*Daniel Tieppo é especialista em tecnologia e telecomunicações, com mais de 20 anos de experiência no setor. Formado em Ciência da Computação e Gestão Comercial, construiu sua carreira em empresas como Olitel Telecom, Nokia, Vocalcom e Alcatel-Lucent Enterprise. Atualmente, é Diretor Executivo e cofundador da HexaDigital, empresa do grupo MakeOne focada em projetos de cibersegurança, infraestrutura e conectividade para empresas, onde lidera iniciativas estratégicas e representa a marca em grandes eventos do setor.