Combate ao assédio no ambiente de trabalho: a importância da comunicação eficaz
Liderança que acolhe: comunicação como ferramenta contra o assédio
A violência no ambiente profissional se apresenta de forma sutil, mas constante: interrupções repetidas em reuniões, sobrecarga proposital de tarefas, exclusão silenciosa de decisões importantes e exigência de metas inatingíveis.
Casos de assédio moral no Brasil vêm aumentando de forma preocupante. De 2020 a 2024, quase 460 mil ações foram registradas na Justiça do Trabalho, sendo que apenas entre 2023 e 2024 houve um salto de 28%. Segundo pesquisa da KPMG, 30% dos profissionais afirmam ter sido vítimas de assédio no último ano, sendo a violência psicológica a forma mais comum, presente em 46% dos casos. Ainda mais grave: 92% dessas pessoas não denunciaram, seja por medo, seja por falta de confiança nas instituições.
Nesse cenário, é essencial repensar como nos comunicamos no dia a dia corporativo. A jornalista e especialista em oratória e comunicação para lideranças, Isabella Saes, chama atenção para o papel das palavras — e também dos silêncios — na manutenção de ambientes tóxicos. “Nem todo abuso é direto ou escancarado. Muitas vezes, ele se disfarça em comentários com tom depreciativo, piadas recorrentes que constrangem ou até na ausência de escuta. Isso também fere”, explica Isabella.
A violência no ambiente profissional nem sempre vem em forma de gritos ou xingamentos. Há casos em que ela se apresenta de forma sutil, mas constante: interrupções repetidas em reuniões, sobrecarga proposital de tarefas, exclusão silenciosa de decisões importantes, exigência de metas inatingíveis. Segundo a OIT, uma em cada cinco pessoas já sofreu violência psicológica no trabalho, o que mostra o quanto esse problema ainda é invisibilizado.
Além disso, muitos conflitos de comunicação têm origem em diferenças geracionais mal compreendidas. É comum que profissionais mais experientes se frustrem com a objetividade dos mais jovens, enquanto novas gerações se incomodam com formalidades ou padrões antigos de liderança. “Comunicação intergeracional exige empatia. Os mais velhos não são os únicos que têm dificuldade em se adaptar. Os mais jovens também precisam compreender a linguagem e os códigos da geração anterior. Sem esse esforço mútuo, a comunicação trava, o trabalho emperra e os ruídos crescem”, analisa Isabella.
Quando a escuta vira acolhimento: como agir ao reconhecer assédio no outro
Criar um ambiente em que a escuta seja ativa e empática é parte da solução. Saber ouvir sem minimizar o relato de uma vítima, acolher sem pressionar e encaminhar sem expor são atitudes fundamentais para quebrar o ciclo de silêncio.
“A gente precisa parar de achar que escutar é só ficar em silêncio enquanto o outro fala”, afirma Isabella. “Escutar é validar, é perguntar ‘como posso ajudar?’, é não julgar. E, principalmente, é não devolver para a vítima a culpa ou o peso de ter vivido aquilo.”
Isabella reforça que a escuta também deve ser estruturada por processos institucionais. “A liderança precisa se responsabilizar por criar canais reais de escuta, com protocolos, acompanhamentos e critérios claros. Não basta ter uma ouvidoria simbólica ou um RH que funciona só no papel. O acolhimento precisa ser formalizado, reconhecido e confiável.”
O silêncio de quem sofre assédio costuma ser interpretado como conformismo, mas, na prática, ele é um pedido de socorro. Dados mostram que mais de 90% das vítimas não denunciam por receio de retaliação ou por não confiarem no suporte das empresas.
Por isso, é fundamental que a cultura organizacional tenha como prioridade a prevenção e o enfrentamento do assédio. Isabella acredita que o medo só será vencido com estruturas sólidas e lideranças comprometidas. “Denunciar é difícil, e quem se cala está, muitas vezes, apenas se protegendo. O papel das empresas é garantir que existam canais seguros e que o acolhimento venha antes do julgamento”, destaca.
Mudar a cultura de comunicação pode refletir, inclusive, em economia para as empresas, pois ajudará a evitar os custos de processos por assédio moral. No Brasil, as indenizações decorrentes de processos de assédio moral podem variar de R$10 mil a milhões de reais, já que o valor é definido pelo juiz, levando em consideração a gravidade do dano, a condição econômica da empresa e do empregado.
Cultura de respeito: como transformar a comunicação da equipe de cima para baixo
Mudar a cultura de comunicação é um desafio que começa na liderança. Gestores que adotam uma postura violenta, ainda que sutil, acabam estimulando comportamentos semelhantes na equipe. Por isso, a transformação precisa vir de cima.
“A cultura se molda pelo exemplo. Não adianta pedir respeito se você, enquanto líder, ridiculariza, interrompe ou ignora o que o outro diz. A comunicação não violenta é uma ferramenta de liderança. É ela que transforma relações e constrói segurança psicológica nas equipes”, aponta Isabella.
Ela também ressalta que a responsabilidade da liderança não deve se limitar a evitar comportamentos abusivos. É preciso ir além: criar boas práticas de comunicação que fortaleçam vínculos, promovam pertencimento e engajem equipes. “Não se trata apenas de evitar o que é ruim. É sobre construir o que é bom: contar boas histórias, comunicar a visão do negócio com clareza, envolver as pessoas por meio de narrativas que inspiram. A comunicação é um pilar de cultura e estratégia.”
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