O impacto invisível das mulheres na liderança

Nos últimos anos, muito se falou sobre diversidade e equidade de gênero no mercado de trabalho. Mas, além dos números e dos avanços conquistados, há mudanças estruturais acontecendo de forma silenciosa – e é sobre elas que hoje desejamos falar.

Mulheres têm liderado redes de apoio, influenciado decisões estratégicas e mudado a dinâmica dos setores nas quais atuam. No mercado de tecnologia e inovação, essa transformação já é visível. Comunidades como Mulheres de Produto, Rede Mulher Empreendedora, Mulheres no E-commerce e Women in Tech Brasil são exemplos de como o apoio mútuo e o compartilhamento de conhecimento estão criando um ambiente mais favorável para mulheres ocuparem espaços estratégicos. E o impacto não fica restrito às lideranças. A criação de fundos de investimento voltados a startups fundadas por mulheres, como o Sororité, e o crescente aumento de sócias em empresas de VC mostram que estamos avançando para um cenário no qual o acesso ao capital também passa por uma lente mais inclusiva.

Muitas empresas ainda veem a diversidade como um tema de RH ou um custo adicional. Essa percepção pode limitar o crescimento do próprio negócio. Empresas com lideranças diversas tomam decisões melhores, ampliam perspectivas e criam produtos mais aderentes à realidade do mercado. No setor de financiamentos imobiliários, onde atuo, isso significa repensar a forma como o crédito é concedido, quem tem acesso a ele e como garantir que mais empreendedores possam crescer.

Na Makasí, construímos nossa estratégia de alocação de capital e governança de forma inovadora, aprendendo diretamente com a realidade dos pequenos e médios empreendedores. Nossa ida rápida ao mercado, associada a um DNA de agilidade, nos ajudou a evoluir nossas soluções para torná-las mais inclusivas e eficientes. Minha atuação como líder agregou um olhar diverso que viabilizou ferramentas e processos que sustentam essa inovação – desde a digitalização da governança até mecanismos de predição de risco. Mais do que uma tecnologia, criamos uma estrutura que viabiliza o crescimento sustentável do negócio, sem reproduzir as limitações de um sistema tradicional.

Além disso, mulheres na liderança enxergam desafios que antes eram subestimados. Sabemos, por experiência própria, que ainda precisamos provar o dobro para sermos reconhecidas. A desigualdade de gênero continua presente em todas as etapas da jornada profissional. Esse olhar atento faz com que líderes mulheres priorizem políticas como equidade salarial, remoção de vieses em processos seletivos e inclusão de métricas de diversidade na estratégia de negócios. As mulheres líderes também conseguem agregar uma visão de longo prazo que contribui para a estabilidade e sustentabilidade dos negócios, características que estão sendo cada vez mais valorizadas.

Uma transformação significativa que vejo no mercado é a mudança na cultura de gestão. O modelo tradicional, que valoriza "horas na cadeira" como sinônimo de produtividade, já não faz sentido. Na Makasí, estruturamos um ambiente onde autonomia, performance e entrega real são os principais indicadores. Isso permite que talentos diversos se desenvolvam com liberdade e inovação.

Ao longo da minha trajetória, percebo que o impacto das mulheres na liderança vai além da criação de políticas de equidade. Estamos moldando um novo modelo de negócios, mais resiliente, sustentável e alinhado às demandas do futuro. Empresas que entenderem isso estarão um passo à frente. As que ignorarem essa mudança correm o risco de ficar para trás.

Neste Mês da Mulher, mais do que celebrar as conquistas já alcançadas, precisamos reforçar que ainda há um caminho a percorrer – e que essa transformação não pode ser passageira. Afinal, a diversidade não é um favor ou uma tendência, mas um motor essencial para inovação e crescimento sustentável.