Acidentes em estradas provocam perdas anuais de R$ 14 bilhões. Tecnologia monitora danos em cargas em tempo real

A Pesquisa CNT de Rodovias 2024, divulgada em fevereiro pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pelo SEST SENAT, revelou que um quarto das estradas brasileiras se encontra em condições ruins ou péssimas. O levantamento, considerado o mais abrangente estudo sobre infraestrutura rodoviária do país, analisou 111.853 quilômetros de vias pavimentadas e apontou que 7,5% das rodovias são classificadas como ótimas, 25,5% como boas, 40,4% como regulares, 20,8% como ruins e 5,8% como péssimas.

Apesar de uma leve melhora na qualidade geral das rodovias em relação aos anos anteriores, a infraestrutura deficiente continua impactando diretamente a segurança viária. Os acidentes também geram custos financeiros expressivos. Entre 2016 e 2024, a perda média anual foi de R$ 14,58 bilhões, entre despesas médicas, perda de produtividade e danos materiais.

Diante desse cenário, empresas têm buscado soluções tecnológicas para reduzir prejuízos. Uma das inovações é o uso de dispositivos capazes de monitorar em tempo real as condições em que as cargas estão sendo transportadas.

Os registradores de impacto são utilizados para garantir a integridade de equipamentos sensíveis a trepidações. Esses dispositivos registram o momento exato de qualquer impacto ou vibração anormal e transmitem os dados em tempo real, possibilitando a tomada de decisões rápidas. Além disso, as informações coletadas servem como evidência material para seguradoras, em casos de danos na carga.

Segundo a AHM Solution, empresa especializada em gestão de danos na malha logística, os registradores de impacto levam a uma redução média de 70% nas reclamações por avarias, a partir do primeiro mês de uso.

Afonso Moreira, CEO da AHM Solution, destaca que o monitoramento em tempo real permite a adoção de planos de contingência imediatos, evitando perdas e agilizando soluções. “O embarcador da carga, o cliente final e a seguradora têm acesso aos dados. Isso permite ações rápidas em caso danos, como interromper a viagem, enviar um técnico ao local ou acionar uma empresa para o reparo. Sem os rastreadores, é preciso esperar a carga chegar ao seu destino para avaliar os danos, o que gera custos e pode atrasar pagamentos”, explica Moreira.

Além da redução de prejuízos imediatos, a tecnologia também permite a otimização das operações a longo prazo. Com o histórico de dados de viagens, é possível aprimorar rotas, escolher fornecedores mais qualificados e prever desafios em determinados destinos.

“Em um momento de ascensão da inteligência artificial, a análise dos dados ao longo de meses permite desenvolver planos de contingência altamente otimizados. Conseguimos definir quais são os melhores veículos, rotas e fornecedores, além de prever a demanda e os desafios logísticos para cada tipo de transporte”, conclui o executivo.