Especialistas em RH apontam como fazer contratações mais certeiras

Criar processos seletivos mais rápidos, pensando na experiência da pessoa candidata, transparência da jornada e feedbacks são algumas das boas práticas de contratação apresentadas por especialistas durante o HR4results, maior evento de RH da América Latina realizado pela Gupy, em São Paulo, na última semana. Para carreiras de tecnologia, setor em que contratar talentos é ainda mais desafiador, o CEO e fundador da GeekHunter, startup de recrutamento de profissionais de TI, Tomás Ferrari, trouxe dicas específicas de como atrair e engajar candidatos até a contratação.

"A oferta de oportunidades é extremamente maior do que a quantidade de profissionais tecnicamente qualificados existentes no mercado de TI. Isso faz com que tenhamos uma mudança no processo seletivo, porque quem está no poder de decisão é o profissional e não mais a empresa", explicou. "A disputa passa a ser ainda mais acirrada quando falamos de vagas fora do Brasil e com a possibilidade de trabalho remoto. Por isso, a atração e retenção começa no processo seletivo, na construção dessa relação de desenvolvimento dentro da empresa e de futuro para o candidato".

Menos testes e etapas desnecessárias

Carolina Martins, especialista em RH mais seguida do Linkedin, explicou que, muitas vezes, o processo seletivo é feito pensando no RH e não na pessoa candidata. Segundo ela, o que mais faz uma pessoa desistir de uma vaga são processos longos e cansativos e testes desnecessários de competências que, por vezes, nem se aplicam à vaga. "Se um profissional qualificado, que está numa posição de escolha, se depara com um processo extremamente longo, preconceituoso, com perguntas que não fazem o menor sentido, ele não vai mais escolher aquela empresa, já que a seleção é o primeiro contato que a pessoa tem com a empresa", disse durante palestra no HR4results.

No caso de carreiras tech, como desenvolvimento de software, as empresas costumam aplicar testes técnicos complexos e que demandam tempo e dedicação. "O problema é que os melhores profissionais, por serem disputados por muitas empresas, não vão se dedicar a fazer um teste e, com isso, o RH deixa de avaliar os melhores profissionais para tentar avaliar os medianos que, por não terem tanta experiência, não vão passar no processo seletivo. A minha sugestão não é ignorar a avaliação técnica, mas trazê-la para dentro da entrevistas, onde conseguimos ser mais dinâmicos, oferecendo uma melhor experiência, inclusive, para aqueles tecnicamente qualificados e alinhados com a empresa", explicou Tomás Ferrari.

Comunicação e feedbacks

De acordo com Bianca Ximenes, Head de Inteligência Artificial na Gupy, os processos seletivos mudaram muito pouco nos últimos anos e, no momento atual, em que as pessoas estão acostumadas a serem tratadas de forma individual, o RH também precisa rever sua metodologia. "É um momento de virada, de criar processos que tragam mais participação ativa das pessoas candidatas, pensando na experiência dela e em como mantê-la engajada ao longo do caminho".

Comunicar de forma clara quais são as etapas, os prazos e dar feedbacks também são pontos fundamentais para melhorar os processos seletivos. Ter um manual do candidato, por exemplo, já é uma forma simples de demonstrar preocupação com as pessoas interessadas na vaga. "Resolvemos tudo quando comunicamos e, infelizmente, encontramos muitos RHs que são bons tecnicamente, mas não conseguem comunicar com empatia e clareza. Precisamos simplificar as etapas e respeitar o candidato. Além de comunicar durante a jornada, é preciso dar um retorno também ao final do processo seletivo. Não estou falando de feedback estruturado, o que o candidato sente falta é de um retorno, mostrar que nos importamos com ele mesmo quando é reprovado", afirmou Carolina.

Tecnologia no RH

O uso da tecnologia nos processos seletivos também foi apontado como algo muito importante para a área. Segundo levantamento feito pela Gupy, 60% das pessoas candidatas são a favor do uso de tecnologia dentro do processo seletivo, principalmente porque traz agilidade e eficiência.

Para o CEO da GeekHunter, a tecnologia, dentro do contexto de RH, vem para contribuir com a automação de tarefas e a facilitação do processo. “Nós, como RH, temos que ter atenção em como fazemos um mix da tecnologia com o humano, pois no final todos queremos a humanização, queremos ter aquele sentimento de que estamos próximos. E o mais importante é que a gente utilize esse tempo que sobrou para gerar valor em outros momentos da jornada, como por exemplo, dar o feedback ao final do processo seletivo", disse Ferrari.