Quem vai cuidar da empresa?

O Brasil tem, segundo o IBGE, mais de 90% de empresas consideradas familiares. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), mais de 70% delas não tem um plano de sucessão, especialmente para cargos de liderança. Quando uma dessas famílias recebe um diagnóstico médico difícil e que acomete exatamente quem gerencia a empresa, a primeira reação é “e agora?”.

A psicanalista Cláudia Barroso, que está à frente do Programa Bem me Care há mais de 10 anos, acolhendo e ajudando famílias a lidarem com diagnósticos médicos difíceis, explica: “ninguém está preparado para receber uma notícia dessas, seja uma doença grave ou uma mudança de mobilidade por um acidente, por exemplo. A primeira reação traz sempre uma sensação de impotência frente à situação”.

Cláudia lembra que o diagnóstico traz não apenas a necessidade de rever a dinâmica familiar, mas, nesses casos, a empresarial também: “quem vai cuidar da empresa?”, é a pergunta recorrente. Os esforços e o foco emocional da família estão no doente, naquele que precisa de ajuda, e fica difícil pensar nos negócios em um momento desses, mesmo quando eles representem o legado familiar, atrelado diretamente à figura do adoecido. “Muitas vezes, o diagnóstico abala as bases da empresa, principal fonte de renda da família”, reforça a psicanalista.

“O Bem me Care foi criado exatamente com o intuito de acolher e de ajudar na adaptação, tanto emocional quanto prática, das famílias que acabam de receber um diagnóstico médico ou estão lidando com uma condição difícil de algum membro da família”, explica Cláudia, “e, muitas vezes, já é difícil para os familiares lidarem com suas próprias questões, quanto mais ter discernimento para a tomada de decisão de uma sucessão compulsória, por exemplo”.

Nesses casos, o atendimento feito pelo Bem me Care pode ajudar a colocar as peças no lugar, para que um processo de sucessão possa ser realizado, por exemplo, dando aos familiares a chance de observarem como se sentem com a situação, além de ampliar a rede de apoio do próprio paciente. O tratamento é emergencial, com abordagem psicanalítica e podem participar, inclusive, membros da empresa que sejam diretamente impactados pelo novo momento.

Sobre Cláudia Barroso

Cláudia Barroso é Psicóloga Clínica formada pela Fundação Mineira de Educação e Cultura – FUMEC, com especialização em Psicoterapia Breve Psicanalítica pelo Instituto Sedes Sapientiae e Psicoterapia de Casal e Família. É Terapeuta Sexual, formada pelo Isexp e Psicanalista formada através de processo particular. Além de fundadora e idealizadora do projeto Bem me Care e co-autora do livro “O impacto da má notícia médica na família. Uma visão psicanalítica”, é também gestora do Falhei & Disse - Reflexões Psicanalíticas com Entretenimento. Hoje atende crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias em seu consultório em São Paulo, atuando também de forma on-line.