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ESG: resultados que não podem falhar por falta de Governança

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 Thiago Labliuk, Chief Operating Officer (COO) & Líder de Inovação da Bravo GRC Thiago Labliuk, Chief Operating Officer (COO) & Líder de Inovação da Bravo GRC

Em 2020, as iniciativas ESG chegaram à marca histórica de 45 trilhões de dólares

Por Thiago Labliuk

Nem o mais cético roteirista poderia determinar o que vivenciamos ao fim da década passada com todos os acontecimentos que a pandemia da Covid-19 evidenciou para o mundo. Agora iniciamos nova década, pautada pela Agenda 2030[1], que trata de forma muito séria e concreta a necessidade de termos ações mais sustentáveis. Precisamos de um equilíbrio entre o social, ambiental e financeiro.

Estamos diante de um problema real: nossa sustentabilidade. Talvez um dos maiores da nossa existência como humanidade, pela complexidade de algumas dependências, principalmente energética, que criamos nos últimos séculos.

Precisamos de uma colaboração global que diversas vezes foi ensaiada, com inúmeros tratados alinhados a um consumo de recursos mais sustentável, mas infelizmente há décadas vem derrapando em contextos políticos. Agora, focamos no Tratado de Paris, assinado em 2016 com compromissos a serem executados e medidos a partir de 2020. Uma nova tentativa para uma pauta que não pode ser mais adiada e conta agora com novos fatores, alguns dos quais exploraremos a seguir e tendem a fortalecer, de fato, essa agenda.

No mundo conectado em que vivemos, qualquer desiquilíbrio que gera um impacto é sistêmico. Assim, estamos imersos em uma agenda que envolve aspectos há muito tempo conhecidos, mas que ganham nova força e atenção com a revitalização do tema ESG (Environmental, Social & Governance). O que há muito tempo era uma preocupação de poucos, não deixando de ser importante por isso, agora se vira para todos e nos faz encurralados e obrigados a dar atenção a uma agenda que não podemos mais adiar e certamente mudará a forma como agimos e fazemos negócios.

Se levarmos em consideração a imensa onda de debates sobre ESG, podemos ter grande otimismo ao pensarmos no impacto que o tema poderá gerar nos próximos 15 anos. Entretanto, se olharmos para os últimos 15 anos, 2005, quando os princípios ESG foram divulgados pela primeira vez no relatório “Who cares wins” da UN Global Compact e IFC, encaramos uma triste realidade: de fato, o tema não recebeu a atenção devida. Isso está mudando e precisa mudar, mas uma mudança sem orquestração pode ser o começo do fim.

Desta forma, a intenção aqui não é detalhar o que significa este imenso e denso tema, mas explorar a transformação estrutural necessária ao nosso tempo para termos a nossa própria sustentabilidade, o que passa por Governança. Uma governança que vai além de atender um checklist, e consiste em zelar pela manutenção dos impactos positivos que se espera dessa nova postura sustentável e social por parte das empresas e da própria sociedade.

Governança para Unir e não somente Coexistir

Hoje, temos uma grande torre de babel sobre a forma de avaliar se uma empresa atende ou não aos requisitos de ESG, cujas métricas de avalições ainda possuem certa imprecisão por trazerem grande concentração de aspectos qualitativos. Esta condição já conta com algumas críticas sobre a correlação de um status ESG e resultados diferenciados, conforme destacado pelo professor Aswath Damodaran, em seu artigo “Sounding good or Doing good? A Skeptical Look at ESG”, publicado em setembro de 2020. Neste artigo, Damodaran reforça seu ceticismo sobre o fato de não termos de forma genuína algo que determine se uma empresa é boa ou não para ESG, e principalmente se este fator é a principal causa de bons retornos.

Fonte: CS Global Investment Returns Yearbook 2020, Dimson, Marsh and Staunton

O gráfico acima deixa evidente que a depender de quem avaliar e quais respostas você der, a mesma empresa pode ter resultados qualitativos e julgamentais completamente diferentes. Como podemos acreditar que avaliações ainda sem maturidade podem garantir o impacto e retorno esperado? Há ainda uma incerteza muita alta.

Assim, não podemos nos deixar enganar que uma boa Governança é avaliada apenas por um questionário, ao contrário, este assunto vai muito além e é preciso integrar todos os interessados (acionista, colaborador, sociedade e meio ambiente) à operação da empresa. A Governança entra como ferramenta de manutenção e sustentação do propósito investido incialmente, buscando diminuir as incertezas de ações que agora vão além de um índice financeiro e contam com um contexto de complexidade operacional extra.

Essa mudança geral da economia irá exigir transparência e ações concretas, e isso passará, obrigatoriamente, pela forma como as empresas administram seu propósito e recursos em virtude do impacto que se pretende gerar, e também como serão reportados tais assuntos para as partes interessadas. Aqui, temos a importância da Governança.

Resultado Financeiro e de Impacto, com Governança

Apesar dos desafios operacionais de realizar follow-up em tais investimentos, é inegável o patamar de importância que o tema ESG tomou em 2020, chegando à marca histórica de 45 trilhões de dólares, sendo 90% representados por Europa e Estados Unidos, segundo análise publicada pelo JP Morgan. Essas regiões inclusive lideram os debates para que seja encontrada uma forma mais uniformizada para o reporte de ESG.

O termo “Investimento de Impacto” surgiu em 2010 em um relatório publicado pela JP Morgan, chamado “Impact Investments: an emergent asset class”, que já detalhava uma nova perspectiva de pensar e tomar decisões, a qual leva em consideração impactos ambientais ou sociais positivos, além do retorno financeiro.

Fonte: Impact Investments: an emergent asset class, 2010 – JP Morgan – Pag. 14

Um fato muito interessante comentado neste relatório, que certamente será um dos fatores a serem considerados pelos analistas e investidores, está ligado a que ponta do problema os recursos estão sendo investidos: na causa ou diminuição do impacto, seja em produzir um impacto positivo ou reduzir um impacto já negativo.

Mas então qual seria a relação dos investimentos de impacto, comentados desde 2010, com ESG que nasceu em 2005? Muito tempo se passou e ainda não há uma reposta objetiva, uma vez que continuamos sem medidas claras para determinar se uma empresa ou ideia é totalmente ESG, Impacto ou se isso é apenas um marketing de fachada (Greenwashing).

Com o tempo, notamos que não existe um rótulo ou categoria bem definida para investimentos ESG ou Impacto. Na verdade, o que existe é uma forma de avaliarmos qual ideia ou empresa está mais alinhada a uma nova expectativa do investidor, o que passa a considerar aspectos sociais e ambientes, além do financeiro.

Evidentemente, este tipo de investimento não substitui a necessidade de retorno financeiro, o qual deve coexistir na busca pela geração de um impacto positivo. Resultados financeiros possuem ferramentas e premissas mais claras para serem medidos, mas por outro lado, como se mede o retorno do impacto?

Questão difícil de responder com imparcialidade e com métricas claras. Ainda pela falta de padronização, esses resultados permanecem dentro de um campo qualitativo, motivo de muitas dúvidas quanto à efetividade na geração de impacto positivo.

Desta forma, é muito difícil determinar uma correlação positiva entre os dois exemplos de retorno, mesmo sendo uma premissa para esse tipo de investimento. Adicionalmente, podemos dizer ou concluir, com base na opinião dos administradores, que ainda é cedo afirmar sobre resultados financeiros concretos, por adoções de práticas ESG.

Fonte: Relatório “ESG do you or don’t you?”, UBS e Responsible Investor

É evidente que precisamos de mudanças concretas para termos esse desafio climático contornado. Entretanto, pode ser equivocado definir que apenas empresas que adotem algum tipo de ação social ou ambiental tendem a ter melhores resultados. Assim, temos um desafio à mentalidade dos investidores, que precisaram conter a euforia somente por resultados financeiros, pois isso pode frear o avanço de impactos que demorem mais a ter o mesmo resultado.

É preciso imparcialidade e reporte adequado. Governança e processos!

De qualquer forma, esperamos e precisamos que os investidores passem a priorizar soluções que nos ajudem a ter mais tempo de convivência sustentável. Esse momento que vivemos me fez lembrar de um trecho de uma das músicas mais tocadas de nossa história, escrita por John Winston Lennon:

“…Imagine all the people living life in peace, you

You may say I'm a dreamer

But I'm not the only one

I hope some day you'll join us

And the world will be as one”

Imagine, John Winston Lennon

Mais do que nunca, precisamos pensar como um.

[1] Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development - https://sdgs.un.org/2030agenda

Sobre Thiago Labliuk

COO (Chief Operating Officer) & Principal of Innovation na Bravo GRC, soma mais de 14 anos de experiência com desenvolvimento de softwares para setores bancários e de seguros. Há 10 anos dedica-se à Gestão de Riscos, Controladoria Financeira, Auditoria Interna, Controles Internos, Compliance e Segurança da Informação. Desde 2013 está imerso em projetos de GRC, buscando otimização de metodologias, boas práticas e custos das áreas de controle sob o olhar de inovação tecnológica na era digital, principalmente tratando-se de Data & Analytics. Atualmente vem impulsionando a transformação das áreas de GRC do mercado, com uma visão estratégica e tecnológica, apoiando as empresas na construção de um portfólio de soluções e iniciativas de inovação, que consigam trazer otimização na execução de tal estratégia, com gestão adequada dos riscos.

Sobre a Bravo

A Bravo GRC é uma RiskTech líder na implementação de soluções robustas para Governança, Riscos e Compliance (GRC). Com 15 anos de experiência e atuação somados ao core business de GRC, seu portfólio oferece tecnologias para Gestão de Riscos Corporativos (ERM), Environmental, Social and Governance (ESG), Cyber Security e Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Por meio de soluções inovadoras e transformadoras, a Bravo GRC visa descomplicar a tecnologia e aplicar metodologias eficientes para garantir transparência e proteger, com responsabilidade e resiliência, todos os stakeholders, a sociedade, o planeta e o lucro das organizações. Para isso, desenvolve processos de cocriação e coinovação com os clientes, envolvendo inteligência em riscos e governança em prol do seu propósito.

Com forte expansão na América Latina, a Bravo GRC dá mais um passo em sua estratégia de negócios norteada para a transformação digital: acaba de lançar a AILA, primeira Inteligência Artificial orientada exclusivamente para GRC.


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