Josias Relembra Momentos Marcantes de Seu Escritório e Analisa Transformações do Mercado Segurador

Recordar é viver. E as recordações de Josias constituem-se não apenas em vivências e lembranças nostálgicas, mas ajudam a compreender como ele construiu sua jornada profissional. Em sua carreira, existem dois momentos que ele considera como os mais emocionantes.

O primeiro deles aconteceu no ano de 2004, quando o escritório completou 21 anos de existência. “Promovemos uma festa comemorativa que reuniu um número excepcional de pessoas ligadas ao mercado segurador. Compareceram cerca de 200 convidados, entre representantes de todas as companhias seguradoras que tinham sede no Rio Grande do Sul, toda a diretoria do Sincor RS e do SindSeg RS. Foi um grandioso reconhecimento do mercado que até eu me surpreendi”, assegura o advogado.

Há muitos anos que Josias tem o hábito de escrever artigos sobre temas jurídicos que são publicados em boletins, newsletters e sites de entidades do mercado segurador, como Sincor RS, SindSeg RS e ANSP. Foi da união desses artigos com outros artigos produzidos pelos sócios Juliano Ferrer, Suellen Farias da Silva e Maria Izabel Indrusiak, que surgiu o livro "Conflitos que Geram Produtos". “Fizemos uma compilação de 30 artigos. Contamos a quantidade enorme de batalhas judiciais entre seguradoras, segurados e corretoras que acabavam por originar produtos novos ao mercado segurador. Cito como exemplo o dano moral”, disse Josias.

Diante de tal situação, o advogado enviava, com muita frequência, para a administração central das companhias de seguro sugestões e alertas de que havia a necessidade da criação de condições contratuais que acobertassem o dano moral: “e para isso as seguradoras precisavam apenas precificar. Essa premissa vale para outras situações, como dano estético”.

O lançamento de “Conflitos que Geram Produtos” em 2013 foi para Josias o segundo grande momento de sua carreira profissional. A festa de lançamento, que também celebrou os 30 anos de seu escritório, ocorreu no Chalé da Praça XV, no centro da Capital, e foi prestigiada por cerca de 200 pessoas. Foram produzidos 1000 exemplares do livro e em pouco tempo a edição estava esgotada. “Conflitos que Geram Produtos” está presente nas bibliotecas da ENS, ANSP e do Curso de Ciências Atuariais da UFRGS.

Diante da lembrança desses dois eventos que foram os mais impactantes de seu escritório, Josias recorda com imensa gratidão de um grande amigo, Jack Suslik Pogorelski: “o Jack é uma figura singular e possui em seu caráter uma humanidade que muita gente desconhece. Recebi dele grande apoio pessoal e profissional num dos episódios mais difíceis que vivi, quando minha esposa sofreu um grave acidente e esteve entre a vida e a morte. Na época meus filhos eram pequenos”.

Ao analisar sua trajetória profissional, Josias recorda que no princípio da carreira o campo de atuação dos advogados de direito securitário não era amplo: “quando comecei existiam, em Porto Alegre, dois grandes escritórios especializados em direito do seguro e eles atendiam a maior parte das demandas. Naquela época era tímido o mercado voltado à advocacia securitária. Fui me inserindo nesse contexto e construindo minha história profissional”.

Mas o horizonte de atuação para os advogados desse ramo começou a melhorar de forma significativa em 1994, quando ocorreu a primeira edição do Congresso de Direito Securitário no Brasil. O sucesso da jornada ecoou por todo o país, promovendo novas edições e gerando iniciativas similares. O evento foi concebido, promovido e organizado pela educadora Jane Manssur e por Josias. A atividade rendeu ao advogado prestígio e reconhecimento por sua significativa contribuição ao setor, além de ter aproximado o judiciário do ramo de seguros, mostrando a seriedade e a lisura do mercado segurador. “Esse Congresso representou um divisor de águas, pois antes dele os diversos agentes que atuavam em nosso segmento tinham uma imagem meio arranhada frente ao judiciário. Mas a partir de 1995 o judiciário modificou consideravelmente sua visão. Passamos a ser respeitados e nossa reputação melhorou bastante”.

Atualmente o mercado de direito securitário é bem mais amplo e existem vários escritórios de advocacia do segmento, inclusive pelo aumento significativo no volume de seguros: “hoje o mercado é grande e existe maior campo de atuação para o advogado. As companhias de seguro contratam os serviços de dois ou três escritórios de advocacia. Não existe mais exclusividade como acontecia no passado”.

Na avaliação de Josias, as ações realizadas por um de seus sócios, Juliano Ferrer, contribuíram para o crescimento e a consolidação do direito securitário na região. “Como vice-presidente da AIDA ele reuniu profissionais da advocacia securitária do RS com grupos de estudos da entidade que ele preside para o estabelecimento de parcerias, intercâmbios e trocas de experiências”, pontua.

"A Fraude, a Presunção e o Pecado Original" é o título de um artigo seu recentemente publicado no site da ANSP. No artigo ele faz referências a questões relacionadas aos sinistros. Josias relembrou que no passado existiram períodos em que seguradoras adotavam condutas diferentes das atuais. “Em determinada época os critérios de averiguação dos casos de fraude eram complexos, principalmente o trabalho dos vistoriadores. Já em outra fase as companhias adotaram uma conduta menos rigorosa, como se a sinistralidade estivesse precificada. Mas com o tempo isso foi encarecendo o produto seguro”, explica Josias.

O advogado considera que a postura atual das seguradoras é mais correta e salutar: “precisamos ter uma atividade centrada, justa e que apure com técnica e qualidade”. Na avaliação de Josias o mercado de seguros tem se qualificado muito e a prova disso é o aumento do número de entidades culturais: “elas promovem atividades de ensino e treinamento, aperfeiçoando o entendimento e a compreensão dos mais variados temas do segmento de seguros”.

Prestes a completar meio século de atuação no setor securitário, Josias pode olhar para trás com satisfação por sua trajetória e pelas escolhas profissionais que fez: “sou muito grato ao meu passado. Posso dizer que sempre estive no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas”.