Trabalhadores voltam aos bancos de escola de olho na capacitação profissional
Dados do Censo Escolar de 2017 revelam que um em cinco cada alunos da Educação de Jovens e Adultos tem 40 ou mais anos de idade. Objetivo da maioria deste público maduro com retomada de estudos, além de recuperar aprendizado escolar, é buscar ascensão no trabalho
Um em cada cinco estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem 40 ou mais anos de idade. É o que aponta o Censo Escolar de 2017. Segundo o levantamento, o Brasil tem 3,6 milhões de alunos frequentando a EJA, que foi a única modalidade da educação básica que cresceu em número de matriculados no último ano (3,35%). Em Goiás, com o incremento de 30% no último ano, os estudantes desta modalidade de ensino chegaram a 79,4 mil.
Muitos destes adultos que voltam para recuperar o tempo que passaram longe da sala aula vislumbram, não só a melhora da escolaridade, mas uma maior chance de ascensão profissional. É o caso do sinalizador de grua, Clemilson da Silva Santos, de 40 anos, que no próximo dia 14 de setembro receberá seu diploma de ensino médio. Natural de São Luís Gonzaga (MA), ele é um dos participantes do programa Ensino Consciente, desenvolvido em Goiânia pela Consciente Construtora e Incorporadora em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi). “Eu estou muito ansioso porque este era meu sonho. Desde que eu comecei a estudar me desenvolvi bastante e pretendo fazer outros cursos, como o de operador de máquinas pesadas”, planeja. Implantado desde 2009, o programa realizado por meio de parceria entre a construtora e o Sesi oferece educação para jovens e adultos nos canteiros de obra e já atendeu mais de 330 alunos, tendo formado duas turmas do ensino fundamental e uma de ensino médio, o equivalente a mais de 40 alunos.
O sonho de Clemilson foi interrompido pelas dificuldades da família no Maranhão. Filho de uma prole de 11 irmãos, ele teve de deixar, a contragosto, a sala de aula aos 22 anos para ajudar o pai na lavoura que sustentava a família. “Nesta época meu pai estava em Zedoca (MA), no interior, e lá não tinha a série que eu estudava”, lamenta. O operário conta ainda que, embora tivesse começado estudar aos 8 anos, dificuldades fizeram com que ele tivesse idas e vindas com a educação. Quando se afastou do estudo, cursava apenas o 4º ano do ensino fundamental.
No entanto, ele diz que a vida mudou quando ingressou no programa Ensino Consciente em 2013, e a medida que recuperava o tempo de escola perdido o trabalhador ia crescendo profissionalmente. De servente de pedreiro, passou pelo cargo de operador de prancha até chegar à função de sinalizador de grua, função que exige um curso o qual só pode ser feito por pessoas com no mínimo o 8º ano do ensino fundamental. Junto com as promoções vieram o orgulho das conquistas e os planos mais arrojados. Ele já fez uma capacitação e está habilitado para se tornar operador de grua, caso tenha oportunidade. “Eu tive que enfrentar o cansaço, ônibus lotado tarde da noite e a própria questão da idade, porque quando a gente é novo é mais fácil”, diz. Agora Clemilson é exemplo para colegas que não foram adiante nos estudos. “Hoje mesmo eu falei para um aqui, eu disse ‘rapaz volta a estudar, é importante pra você’ ”, relata.
Quando vestir a beca na formatura marcada para às 15h30 do próximo dia 14, no Planet Consciente Garden, no setor Bueno, ele terá a companhia de outros 12 colegas que também vão formalizar a conclusão do ensino médio.
O pedreiro José Cícero Pinto de Oliveira, de 49 anos, que é de Imperatriz (MA), será companheiro de Clemilson na cerimônia. José conta que deixar a escola não foi uma escolha dele, mas uma necessidade. O operário conta que o pai deixou a família, e ele, como irmão mais velho, teve de assumir o papel de “homem da casa” aos 13 anos de idade. Nesta época, cursava o 4º ano do ensino fundamental. “No Nordeste ou você trabalha ou ajuda pai e mãe a colocar comida dentro de casa: saco vazio não para em pé”, resume José Cícero que é pai de duas meninas e atualmente é colega das filhas nos estudos. A mais velha, com 17 anos, também vai concluir o ensino médio neste ano. Já a caçula, de 10, aproveita a oportunidade que o pai não teve, de estudar no tempo regular.
O pedreiro retomou os estudos há cinco anos, depois de perceber que ainda há oportunidades de crescimento para quem já beira o meio século de vida. “Vejo uma mini pá carregadeira na obra em que trabalho e que, no momento, está parada porque não tem ninguém que saiba operá-la. Meu sonho é fazer o curso deste equipamento”, anseia. José Cícero conta que não foi fácil recomeçar, mas sente-se recompensado pelo esforço. “A motivação para assistir aula depois de um dia de trabalho é a chance de você não depender de ninguém para pedir informação. O estudo abriu um mundo novo que eu não conhecia”, destaca.
Orgulho
Para o coordenador de Responsabilidade Social da Consciente Construtora, Felipe Inácio Alvarenga, a conquista dos colaboradores é um prêmio para a empresa. “A educação é o passaporte para a cidadania, o que inclui desde a autonomia para se identificar o ônibus certo ao desenvolvimento profissional. No caso da construção civil, que ainda é um dos poucos setores da economia que ainda aceita profissionais sem escolaridade nas funções mais básicas, as chances de crescimento na obra existem, mas é preciso investir na escolaridade”, explica.
A professora de José Cícero e Clemilson, Leysa Dayane Barbosa Gonçalves relata que muitos alunos se sentem frustrados por não conseguirem ajudar os filhos com as tarefas escolares, e isto também os motiva a retornarem à escola. Ela reconhece o empenho dos alunos para superar o aprendizado após um dia de trabalho. “Eles têm que vencer o cansaço, e este é um fator que influencia muito no aprendizado”, pontua.
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