Saber falar em público é fundamental na carreira; especialista dá dicas para driblar medo

O medo de falar em público afeta mais pessoas do que se imagina, e atinge uma grande parcela da população, causando transtornos na vida profissional e pessoal. Uma pesquisa recente do jornal britânico "Sunday Times" aponta que a "fobia" de falar em público é indicada como o maior receio das 3.000 pessoas entrevistadas.

Para 41% dos participantes, falar em público foi eleito o maior medo - à frente de ter problemas financeiros (22%), ficar doente (19%) e medo de morrer (19%). "Esses dados comprovam que o medo de falar em público é o maior medo que o ser humano tem, maior até mesmo do que ficar doente ou morrer. As pessoas têm muito medo de serem avaliadas, de não serem aceitas, justamente quando o foco está sobre elas, como é o caso de uma situação em que se fala para uma plateia", comenta Susanne Andrade, autora de "O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil".

"No ambiente corporativo, observo muitos profissionais que não buscam superar esse medo, que têm como propósito continuar a trajetória profissional como líderes, e que acabam desistindo no meio do caminho devido à esse problema. Ou seja, é uma questão séria, porque prejudica toda uma carreira, e não apenas a carreira, porque é algo que impacta também na auto-estima da pessoa", complementa ela.

Medo não é "inimigo"

Para a especialista, antes de tudo é fundamental entender que o medo faz parte do ser humano. "Artistas, como músicos, por exemplo, relatam isso, que toda vez que vão começar uma apresentação sentem um frio na barriga. Quando a pessoa começa a entender que isso faz parte é um grande salto. Sempre digo que temos que perguntar para o medo: você vai comigo, ou você vai ficar aí? O principal é não permitir que o medo paralise, impeça de seguir em frente", comenta Susanne.

Ressignificar o medo

Susanne conta que ela mesma, que hoje atua como coach e palestrante, sofreu com essa questão na época da faculdade. "Eu tinha muito medo de falar em público, ficava vermelha. Me lembro de uma ocasião em que um professor disse que a avaliação dele seria um seminário, e eu tinha pânico só de imaginar em ir lá pra frente. Mas aos poucos eu fui desenvolvendo novas habilidades e aprendendo a lidar com essa questão", conta ela.

"Quando fiz formação em neurolinguística, aprendemos a ressignificar esses medos, e isso foi muito bom para mim, me ajudou a superar essa questão. Eu consegui ressignificar essa fobia, fazendo com que visse o "frio na barriga" como um sinal de que tenho muita paixão pelo que eu faço. O medo vai continuar comigo sempre, até hoje, quando vejo uma plateia de 900 pessoas, 300 pessoas, ou até mesmo um público menor, me dá um frio na barriga. Mas o grande segredo é não desistir em função disso, e sim entrar em ação, e logo notar que esse frio na barriga é diluído".

Mudança de foco

Uma dica da especialista para lidar com esse medo é, ao invés de focar em si mesmo e no seu ego, ficando preocupado se o outro está avaliando você ou não, mudar o pensamento e colocar o foco na plateia, e no quanto você pode ajudar aquelas pessoas que estão ali para te assistir.

"Quando esse foco é mudado, é impressionante como a gente supera esses medos. É algo instantâneo, o medo de falhar, de ser avaliado, dá lugar ao entusiasmo e à vontade de ajudar, fazendo com que a interação com a plateia seja muito mais natural, e a apresentação flua de forma bem mais espontânea", finaliza Susanne.

Sobre Susanne Andrade - Autora do Best-Seller "O Segredo do Sucesso é Ser Humano" e do livro digital "A Magia da Simplicidade", é Coach, Palestrante e professora de cursos de MBA pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) m disciplinas sobre carreira, coaching e liderança. Também é sócia-diretora da A & B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o "Modelo Ágil Comportamental", e parceira da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP). Em setembro/18 será lançado "O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil" pela Editora Gente.