Teste molecular é aliado na luta contra o câncer de colo de útero
Mesma tecnologia utilizada nos exames de detecção da Covid-19, exame PCR, entra na rede pública, junto ao Papanicolau, para eliminar a doença no país
Campanha para eliminar o câncer do colo do útero como problema de saúde pública no Brasil, lançada pelo Ministério da Saúde, conta com um forte aliado na prevenção, o teste molecular PCR (sigla para Polymerase Chain Reaction ou reação em cadeia da polimerase) que passa a ser usado para detecção do HPV no Sistema Único de Saúde (SUS).
Antes desta medida, o teste diagnóstico disponível na rede pública de saúde era exclusivamente o exame citopatológico, conhecido como Papanicolau. “O PCR, que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), identifica de forma mais precisa a presença do vírus, mas no caso de dar positivo, não exclui o Papanicolau”, explica Angélica Nogueira-Rodrigues, oncologista com foco em câncer da mulher. O novo exame detecta o HPV através do DNA e tem resultados mais rápidos, 15 dias, sendo que os de Papanicolau saem, em média, em 30 dias. Em caso de resultados negativos, o PCR deve ser repetido em cinco anos para prevenção e monitoramento da saúde feminina.
A medida visa ampliar o rastreio da doença na população feminina entre 25 e 64 anos, reduzir incidência, morbidade e mortalidade. Afinal, este tipo de câncer é o terceiro mais comum entre as mulheres no Brasil, atrás apenas dos tipos de mama e de colorretal, de acordo com os dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer). Além disto, a vacina HPV pode evitar a doença, visto que a persistência da infecção pelo vírus HPV é essencial para o desenvolvimento deste câncer. “Apesar de todos os avanços terapêuticos recentes, a prevenção ainda é a melhor forma de se evitar a doença. Com uma abordagem abrangente para prevenir, rastrear e tratar, podemos eliminar o câncer do colo do útero como um problema de saúde pública dentro de algumas gerações”, afirma Angélica.
Embora tenha alta incidência, o câncer do colo do útero tem forte potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente. “Esta é uma doença que pode ser eliminada, com informação correta e redução da desigualdade e dificuldade de acesso à saúde. Por isso, uma ação como essa, com foco em vacinação e inclusão de teste de rastreamento no SUS, é de enorme relevância”, diz.
Aumento da vacinação
Outra ação importante da campanha, lançada no dia 22 de março, é a meta de elevar os índices de vacinação para 90% de cobertura. “Embora a vacina tetravalente contra o HPV esteja amplamente disponível na rede pública para meninas e meninos de 9-14 anos, não há divulgação apropriada e a aderência da população é baixa. Nos últimos anos, caminhamos na contramão de países desenvolvidos ao retirarmos a vacinação contra HPV das escolas, levando os índices de cobertura vacinal para níveis muito inferiores aos da meta recomendada”, afirma a oncologista. Países com cobertura adequada da vacina HPV, como Austrália e Inglaterra, têm seu programa vacinal locado em escolas.
Em 2022, segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI), a taxa de cobertura vacinal foi de 57 % em meninas, e 37% em meninos, e a cobertura de Papanicolau não atingiu 20% da população alvo (mulheres entre 25 e 65 anos de idade). Sem mudança nesses números, segundo projeções da OMS, não será possível a eliminação da doença neste século no país. Já os países com coberturas adequadas têm expectativa real de eliminação da doença na próxima década.
Movimento Brasil sem câncer de colo de útero
Em 2021, Angélica coordenou a criação do “Movimento Brasil sem câncer do colo do útero”, liderado pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), e que envolve mais de 20 sociedades médicas cujo escopo de atuação impacta o controle da doença no país. O Movimento tem também o apoio da OMS e trabalha em conjunto com o Ministério da Saúde, com o mote “nós seremos a primeira geração sem câncer de colo de útero”. Hoje, as principais propostas da campanha são:
• Que a vacinação para HPV seja novamente oferecida dentro das escolas, seguindo modelos de sucesso implantados em outros países, visando a aumentar a cobertura vacinal em meninas e meninos da população-alvo; ou que se aprove a lei de obrigatoriedade de checagem de cartão vacinal à matrícula (sem privação do direito de a criança frequentar a escola).
• Que se estabeleçam metas objetivas de controle do câncer do colo do útero, incluindo cobertura vacinal de 90%; cobertura de colpocitologia oncótica (Papanicolau) de 30% ao ano – 90% a cada ciclo de 3 anos; tratamento de 90% das lesões iniciais.
• Que a tecnologia de rastreamento do DNA HPV esteja disponível na rede pública do Brasil.
Sobre Dra. Angélica Nogueira-Rodrigues
Angélica Nogueira-Rodrigues é MD-PhD em oncologia clínica. Possui pós doutorado em oncologia pelo MGH/Harvard University, Doutorado em Oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer, Mestrado em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de Minas Gerais. Possui Fellow em Pesquisa Clínica pelo Instituto Nacional de Câncer. Pesquisadora e professora adjunta da Faculdade de Medicina da UFMG. Desenvolve atividades didáticas na graduação, residência médica em Oncologia e pós graduação senso stricto. Idealizadora, membro fundadora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). Diretora SBOC nacional gestão 19-20 e 21-23. Chair Gynecologic Oncology LACOG. Membro permanente da Câmara Técnica de Medicamento - CATEME-ANVISA. Idealizadora do Movimento Brasil sem Câncer do Colo do Útero. Membro câmara técnica Ministério da Saúde para estratégias de eliminação do câncer do colo do útero.
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