O que o setor de saúde tem a aprender com o bancário na interoperabilidade?
Por Marcelo Fanganiello
Se há um setor que tem se mostrado pioneiro na adoção de tecnologias que visam revolucionar o dia a dia dos cidadãos, esse setor é o financeiro. A inovação tem transformado a maneira como as pessoas gerenciam sua vida financeira e interagem com as instituições bancárias. Já não existem barreiras entre o físico e digital, e novas aplicações e soluções surgem todos os dias visando trazer mais conveniência, agilidade e, principalmente, segurança.
Mas essa está longe de ser uma novidade da década em que vivemos. Se olharmos para a timeline da transformação digital bancária, isso fica bem mais nítido. O primeiro cartão de crédito foi lançado em 1950 e, dez anos depois, apareceu o primeiro caixa eletrônico no mundo. Avançando um pouco, nos anos 90, inauguramos a era do internet banking; na primeira década de 2010, o Google lança o Google Pay e revoluciona os meios de pagamento, e em 2019 nascem os bancos exclusivamente digitais.
A questão é: já tentaram fazer uma comparação dessa cronologia com os avanços tecnológicos na área da saúde? O que fazíamos e como fazíamos em cada uma dessas “eras” para cuidar dos pacientes? Por que estamos tão defasados em relação à interoperabilidade e confiabilidade no compartilhamento dos dados?
Indo mais a fundo, e falando exclusivamente sobre dados, podemos fazer um paralelo entre os sistemas de compensação bancária. Talvez isso seja um pouco mais tangível. Em 1960 o SIRC (Sistema Integrado Regional de Compensação) permitiu integração de praças em uma mesma região e desde 88 acontece a compensação interbancária entre sistemas de diferentes bancos, falando e distribuindo dados de correntistas. Em 2002, a TED permitiu transação em horário bancário, o que na saúde seria o mesmo que fazer o exame e alguns minutos depois ele estar disponível em diversos sistemas.
Então, quando visitamos um médico ou uma instituição, seja no sistema público ou no privado, onde estão os seus dados? Por qual motivo nenhum de nós tem o acesso a eles? E, porque no setor financeiro, o PIX é rápido e temos acesso a tudo? Os dados na saúde não deveriam ser proprietários das instituições e dos médicos e sim dos pacientes e tudo deveria comunicar-se. Lembrando que em ambos os casos estamos falando de informações sensíveis e que já ouvimos diversas vezes que o sistema bancário brasileiro é muito seguro, um dos melhores do mundo.
No entanto, engana-se quem pensa que o 5G será o “salvador da pátria”, revolucionará tudo e resolverá todos os problemas. Existe antes o básico a ser feito. Isso porque não adianta ter a velocidade de transmissão dos dados, se o sistema não estiver preparado para usar a potencialidade do 5G. Trata-se de mais uma ferramenta para impulsionar o que estiver pronto. Se não tiver nada desenhado, não funciona.
Desta forma, existem alguns pontos a serem olhados antes. É preciso investir em um ambiente seguro e confiável; no desenvolvimento de um ecossistema com informações minimamente padronizadas; minimamente regulado em saúde e em LGPD; e, claro, que consiga permitir a interoperabilidade, seja no padrão Fire, no Hl7, API, texto ou qualquer outro que o valha, desde que realmente funcione.
Não importa. O que é preciso é pararmos de ter desculpas na área de saúde e começarmos a agir e fazer sistemas realmente interoperáveis e preparados para isso. Somente dessa forma teremos uma granularidade de informações e um conjunto mínimo de dados com uma documentação clínica. Afinal, quando realmente conseguirmos imaginar um conjunto de dados sendo encaminhados como o PIX, aí, sim, teremos um avanço na saúde e teremos aprendido com o setor bancário.
Marcelo Fanganiello, CEO da GetConnect, empresa 100% brasileira, especializada em soluções de gestão em saúde e telemedicina.
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