Raras e desconhecidas: doenças neurodegenerativas

Nomes como Alicinha Cavalcante, Stephen Hawking e Gleason conviveram com doenças neurodegenerativas e, apesar do avanço da medicina e o acesso a bons médicos, não houve meio de combate-las.

Muito é comentado sobre as enfermidades mais comuns, como a Doença de Alzheimer e a Doença de Parkinson, entretanto, devido a sua infrequência, condições menos comuns como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou Afasia Progressiva Primária (APP) são desconhecidas do público.

Para que a população possa conhecer um pouco mais sobre essas doenças, o médico Victor Evangelista, professor de neurologia da plataforma Jaleko, faz um breve comentário sobre elas:

Doenças Neurodegenerativas são um grupo grande de doenças, essencialmente caracterizadas por degeneração progressiva do sistema nervoso. Elas podem se apresentar de formas muito variáveis, e são classificadas em grupos – as que afetam predominantemente funções mentais são chamadas de Demências Neurodegenerativas, as que geram fraqueza são chamadas de Doenças do Neurônio Motor, as que geram anormalidades de Movimento são chamadas de Distúrbios do Movimento, entre outras. Algumas delas são extremamente raras. – explica o professor do Jaleko

A Afasia Progressiva Primária representa um grupo de doenças neurodegenerativas raras, que tem como principal característica um prejuízo progressivo predominante das capacidades de linguagem. Tendem a acometer pessoas entre 45-65 anos, e dependendo do tipo, podem cursar com dificuldade de expressar a linguagem, dificuldade de compreender linguagem e/ou dificuldade na nomeação de palavras. O tratamento é baseado em reabilitação, com fonoaudiologia. Com o passar do tempo, além da piora na linguagem, esses pacientes podem desenvolver rigidez muscular, paralisia e dificuldade para se alimentar, que prejudicam ainda mais suas atividades básicas de vida, podendo levar à morte por complicações como infecções.

A Esclerose Lateral Amiotrófica por sua vez é uma doença neurodegenerativa caracterizada por fraqueza muscular progressiva como manifestação predominante. Tende a acometer pacientes principalmente, entre 60-75 anos, e pode levar a fraqueza da maioria dos músculos voluntários do corpo, cursando com dificuldades para andar, realizar tarefas manuais, mastigar, engolir alimentos e até respirar. O tratamento envolve reabilitação motora e cuidados paliativos. Com o passar do tempo, a fraqueza tende a piorar, podendo levar à morte por dificuldades respiratórias ou outras complicações.

Em ocasiões raríssimas, pacientes podem apresentar características de mais de uma das doenças neurodegenerativas em conjunto, como em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica e alterações compatíveis com Demência Frontotemporal ou Afasia Progressiva Primária.

Na suspeita de uma doença neurodegenerativa, um Neurologista deve ser sempre procurado para avaliação. Existem diversas outras condições que são tratáveis e potencialmente curáveis que podem apresentar sintomas semelhantes, e o reconhecimento precoce delas é fundamental para um melhor tratamento. – afirma Victor Evangelista