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Dia Mundial da Voz: uso de medicamentos pode afetar as cordas vocais

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Maria Isabel
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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Cuidar da voz nem sempre é algo que as pessoas se preocupam. Uma sensação de arranhado ou pigarro, muitas vezes, passa despercebida. E os motivos podem ser diversos: uma inflamação ou infecção, cigarro, poluição, alergia e até câncer. Mas você sabia que até o uso de medicamentos também pode afetar as cordas vocais? Um probleminha corriqueiro, se não for avaliado e tratado da forma adequada, pode se agravar. Para quem é profissional da voz, então, isso pode ser um grande inconveniente diário e permanente. Foi o que aconteceu com o cantor Bruno Gouveia da veterana banda de rock Biquíni Cavadão. O músico conta que, antes da pandemia, o grupo, que possui 36 anos de carreira, chegava a fazer de 2 a 4 shows no fim de semana pelo país.

“ É um ritmo muito intenso que exige uma condição de atleta da voz para poder realmente poder realizar todos os shows. Você não dorme, não come direito e se sacrifica muito nessa correria toda. Teve um momento na minha vida que isso foi intenso que, por várias vezes, procurei um médico para rapidamente resolver o problema porque não dava para ficar quieto com a minha voz por sete dias. Eles naturalmente me recomendaram corticoides e vários outros medicamentos. Tudo bem por aí, sem problemas, até o momento que eu achei que já não precisava ir mais ao médico para falar sobre nenhum problema e eu mesmo me automedicava”, lembra Bruno Gouveia.

O resultado foi que o músico ficou dependente dos medicamentos para manter a voz plena. Aí com a orientação da fonoaudióloga conseguiu buscar soluções não farmacológicas para manter a saúde vocal. “As pessoas não têm ideia do que o corticoide causa. Hoje meu fígado está comprometido, e eu me trato com o hepatologista por causa dos corticoides que foram sendo tomados ao longo de tantos anos. Tenho uma série de problemas até mesmo com o próprio corticoide. Quando é necessário usar, o meu corpo não responde da mesma forma. E eu recomendo a todo mundo que use a voz profissionalmente, para se aconselhar muito com o médico e nunca se automedicar. De remédio para veneno é só virar uma chave”, alerta o cantor.

No Dia Mundial da Voz, comemorado em 16 de Abril, especialistas da área da saúde sempre alertam para os cuidados necessários para manter a saúde das cordas vocais. A data surgiu a partir das realizações da Semana Nacional da Voz no Brasil, em 1999, e ganhou destaque internacional. A atividade foi criada por médico otorrinolaringologistas, inicialmente, com o intuito de prevenir o câncer de laringe. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) tem defendido fortemente a orientação sobre os riscos da automedicação e o uso indiscriminado de medicamentos. O que cabe também nesse tipo de situação.

As cordas vocais são pregas mucosas flexíveis localizadas na laringe e compostas por músculo e ligamento. A passagem do ar por estas pregas produz vibração e origina a voz. Muitos medicamentos que utilizamos podem ocasionar danos às pregas vocais de modo direto ou indireto. É o que explica a farmacêutica Alessandra Russo, da Coordenação Técnica e Científica do conselho. “Alguns medicamentos tornam a saliva mais viscosa, outros diminuem a produção de saliva, o que interfere na lubrificação e hidratação das pregas vocais e irá interferir na qualidade da produção da voz. Temos como exemplos, os corticoesteroides de uso tópico, administrados por meio de dispositivos inalatórios para o tratamento da asma. Medicamentos anticolinérgicos utilizados para o tratamento da doença de Parkinson, incontinência urinária, anti-histamínicos para tosse, os broncodilatadores utilizados para o tratamento da asma. Os medicamentos simpaticomiméticos diminuem a produção de saliva, temos como exemplo aqueles utilizados para a congestão nasal, como a pseudoefedrina.”

Alessandra Russo também cita como um caso preocupante o que ocorre com mulheres que utilizam esteroides anabolizantes para aumento de massa muscular. Já que o uso destes medicamentos ocasiona a virilização da voz feminina, com mudança do seu timbre, quadro que não se resolve nem com a interrupção do uso do medicamento. Outros fármacos também possuem efeitos indesejáveis. “Medicamentos relaxantes musculares possuem como reação adversa a diminuição da produção da saliva. O mesmo ocorre com alguns antidepressivos. Em relação aos corticoesteroides sistêmicos, não há indicação de uso para uma dor de garganta em estádio inicial, muitas vezes é sintoma de um resfriado, gripe e até de Covid-19.”

Então a orientação é antes de tudo, ao sentir qualquer desconforto na garganta, dor, pigarro, ressecamento, consultar um profissional da saúde. A fonoaudióloga Luisa Catoira trabalha com voz profissional de atores de dublagem, de musicais, de TV, de cinema e teatro, com cantores, locutores e professores. Em sua prática clínica, ela relata que alguns pacientes, inclusive, se automedicam. A profissional contraindica esse tipo de atitude veementemente a todos os seus pacientes. “Desde o momento em que sentimos dor na garganta, rouquidão por causa de inflamações, ou qualquer sintoma vocal, precisamos procurar ajuda do médico antes de fazer uso de qualquer medicação- o corticoide, se mal usado, causa inclusive sangramento de pregas vocais.”

Como fonoaudióloga, Luisa Catoira diz que não sugere uso de medicamento algum para a voz. “Peço para que meus pacientes, ao sentirem quaisquer sintomas, procurem o médico, no caso, o mais normal é procurarem os otorrinolaringologistas. Mesmo assim, vejo muita gente se desesperar antes de um show, de uma apresentação importante, com alguma rouquidão, e fazer uso de medicamentos como corticoides. Outra coisa que usam muito, é um medicamento para desacelerar o coração.”

A farmacêutica Alessandra Russo explica que quando as pessoas ficam ansiosas, uma reação normal do organismo é a aceleração dos batimentos cardíacos por descarga de adrenalina. Os medicamentos betabloqueadores diminuem a frequência desses batimentos. Quando o coração acelera, a respiração se desorganiza, o corpo treme, os lábios tremem, as pregas vocais tremem. Toda esta alteração fisiológica produzida pela ansiedade altera a qualidade da emissão da voz. Este fato é uma situação conhecida como ansiedade de performance e existem estudos publicados sobre o assunto. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, com 224 bacharelandos em música, revelou que 17,27% dos entrevistados já haviam feito uso ou utilizavam medicamentos betabloqueadores.
Mas ela orienta que não se deve utilizar betabloqueadores para esta questão, muito menos por automedicação. “O uso contínuo desses medicamentos pode ocasionar diminuição da frequência cardíaca, hipotensão postural, confusão mental, tontura, náuseas, broncoespasmo em pacientes com asma brônquica ou história de queixas asmáticas, distúrbios visuais e fadiga intensa, impotência sexual, broncoconstrição, etc. Há medidas não farmacológicas para o controle de ansiedade, como exercícios de respiração, psicoterapia, entre outras estratégias.”
Em 2021, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e o Sistema Conselhos de Fonoaudiologia promovem, também, a 16ª Campanha Amigos da Voz com o tema “Sua Voz Diz Muito Sobre Você”. A fonoaudilóloga Luísa Catoira dá algumas dicas pra preservar as cordas vocais.
“No caso de precisarem tomar remédios que afetam a voz de alguma forma - como antialérgicos que desidratam as pregas vocais, corticoides ou antibióticos, ou qualquer remédio que cause sonolência (o que causa um relaxamento do aparelho vocal também) , sempre oriento que respeite seu corpo, se hidratando mais, fazendo "repouso vocal ". E se for possível, nem fazer uso profissionalmente da voz. Enfim... o bom uso da voz, ou seja, saber aquecer e desaquecer a voz, saber fazer exercícios de resistência vocal diariamente, saber o que faz bem, o que faz mal, faz toda a diferença na vida de um profissional da voz.”
A especialista explica que repouso vocal é ficar sem usar a voz o máximo de tempo que puder, vibrando a língua a cada hora para ir drenando as cordas vocais. E, é claro, procurar especialistas da área da saúde para fazer esse acompanhamento. Isto mostra a grande importância do farmacêutico se engajar em ações de prevenção e promoção da saúde vocal, principalmente no que diz respeito a orientação sobre o uso de medicamentos que possam ocasionar danos diretos ou indiretos à voz, bem como para informar sobre os graves riscos da automedicação.

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