Estudo da Abrale e do Observatório de Oncologia avalia o cenário da Oncologia Pediátrica no Estado de São Paulo

Data chama atenção para importância do diagnóstico e tratamento correto destes tumores

O câncer representa a primeira causa de morte por doenças na faixa etária de 0 a 19 anos, em todas as regiões do Brasil. No Estado de São Paulo esta situação não é diferente. Para conhecer melhor este cenário, a Abrale – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia e o Observatório de Oncologia estão lançando o estudo “Panorama da Oncologia Pediátrica de São Paulo”. O objetivo do levantamento é promover ações de saúde que ajudem a desenvolver melhor as estratégias de diagnóstico e tratamento da doença.

São Paulo corresponde a cerca de 24% do total de casos estimados e a 12% dos óbitos no país, sendo, portanto, em números absolutos, o Estado brasileiro com maior morbimortalidade de câncer infanto-juvenil. “Os dados deste panorama demostraram que há uma grande proporção de incerteza na classificação do tipo de câncer na Saúde paulista, uma vez que cerca de 15% dos diagnósticos realizados no Estado e, 17% na Capital, foram classificados como neoplasias não especificadas. No Brasil, esta proporção foi de cerca de 12%, enquanto que em países desenvolvidos a proporção não chega a 1%”, ressalta o pesquisador do Observatório de Oncologia, Nelson Correa Netto.

A melhoria do diagnóstico é um desafio nacional, já que os dados do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) indicam que a proporção de casos classificados como neoplasias não especificadas vem aumentando em todo o país, evidenciando assim a importância do aperfeiçoamento dos registros de câncer infanto-juvenil. O estudo da Abrale e do Observatório de Oncologia é uma adaptação do “Panorama da Oncologia Pediátrica do Rio de Janeiro”, realizado pelo Instituto Desiderata. Alguns indicadores, no entanto, foram calculados com metodologias distintas por conta das diferenças dos dados disponíveis em ambos os Estados, bem como a disponibilidade de informações novas e mais atualizadas.

Principais tipos de câncer infanto-juvenil registrados no Registro de Câncer de Base Populacional

Por isso, neste 23 de novembro, Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, a Abrale reforça a importância do diagnóstico e tratamento correto destes tumores.

Considerando o total de casos, o tempo médio para o diagnóstico do câncer infanto-juvenil em São Paulo, após a primeira consulta com o médico especialista, foi de apenas 7 dias e o início do tratamento após o diagnóstico também foi de apenas 7 dias. Contudo, a falta de informações sobre a disponibilidade de vagas nos serviços especializados e do tempo para encaminhamento da atenção primária para estes serviços impossibilita a identificação de muitas das dificuldades de acesso ao diagnóstico e tratamento das crianças e adolescentes.

O levantamento mostrou que o Estado conta com 24 hospitais com habilitação em oncologia pediátrica, todos os estabelecimentos realizam atendimento pelo SUS e ofertaram vagas pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Os estabelecimentos habilitados também possuem o Registro Hospitalar de Câncer (RHC), mecanismo que facilita a obtenção e análise de dados, implantado. O processo de atualização da base, no entanto, é lento e os anos de 2015 a 2019 ainda estão com registros de casos em andamento. “Apesar do número considerável de estabelecimentos habilitados em oncologia pediátrica, verificamos que cerca de 10% dos casos são tratados em hospitais não habilitados, o que sugere uma inadequa ção do atendimento. No entanto, é necessário aprofundar o entendimento deste cenário a fim de avaliar se, de fato, houve alguma inconformidade e se alguma ação corretiva deve ser tomada”, destaca o pesquisador Nelson Correa Netto.

“A análise de dados epidemiológicos e assistenciais para o monitoramento e avaliação das ações e dos serviços de atenção oncológica são imprescindíveis para o estabelecimento de política públicas de prevenção e controle do câncer, constituindo uma das diretrizes da Política Nacional de Prevenção e Controle”, afirma a presidente da Abrale, Merula Steagall.

Sobre a ABRALE

A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) foi fundada por pacientes e familiares em 2002, com a missão de oferecer ajuda e mobilizar parceiros para que todas as pessoas com câncer do sangue no Brasil tenham acesso ao melhor tratamento. A atuação da associação é sustentada por quatro pilares: Apoio ao Paciente, Educação e Informação, Pesquisa e Monitoramento e Políticas Públicas.